quarta-feira, 31 de agosto de 2011

SERRA DO SUDESTE "E por falar em vinhos"

Vejam nessa edição do programa "E por falar em vinhos" a matéria sobre a Serra do Sudeste.
No município de Encruzilhada do Sul, vinícolas brasileiras encontraram um excelente terroir para produção de espumantes e vinhos.

E por falar em vinhos - 21/08/2011 - Vídeos - Canal Rural:

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A (DES)REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE SOMMELIER

É de ontem a noticia que a Presidente Dilma Roussef, vetou parte da lei que "Dispõe sobre a regulamentação do exercício da profissão de Sommelier".
Vejam o despacho da Presidente:
"Comunico a Vossa Excelência que, nos termos do § 1º...decidi vetar parcialmente, por inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse público(?), o Projeto de lei...sobre a ...profissão de Sommelier".

Foram vetados os itens abaixo:

PARAGRAFO ÚNICO DO ART. 1º

"...É opcional aos estabelecimentos referidos no caput deste artigo a oferta da atividade exercida pelo provador de vinho ou degustador".

ART. 2º

"...Somente podem exercer a profissão de Sommelier os portadores de certificado de habilitação em cursos ministrados por instituições oficiais públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, ou aqueles que, à data de promulgação desta Lei, estejam exercendo efetivamente a profissão há mais de 3 anos".

RAZÕES DOS VETOS.

" A Constituição Federal,... assegura o livre exercício de qualquer trabalho (?), oficio ou profissão, cabendo a imposição de restrições apenas quando houver a possibilidade de ocorrer algum dano à sociedade com a necessidade de proteção ao interesse público. Ademais, a redação conferida pelo paragrafo único...poderia sugerir a obrigatoriedade da contratação de Sommelier pelos estabelecimentos citados no caput, violando o principio da livre iniciativa".

Bom, com relação ao veto ao paragrafo único, não entendo como possa ser "...sugerida a obrigatoriedade da contratação...", quando está claramente escrita a palavra "opcional", que, pelo que sei, significa o direito de exercer, ou não, determinada opção, deixando portanto o estabelecimento livre de optar pela contratação do Sommelier, exercendo assim o pleno direito da "livre iniciativa".

Mas é no veto imposto ao Art. 2º que acredito estar diante de uma interpretação equivocada e de uma decisão prejudicial à categoria, não somente isso, ao concretizar-se o veto, iria se configurar um verdadeiro retrocesso no que diz respeito a qualificação profissional do Sommelier.
Vamos considerar que até a promulgação dessa Lei a profissão do Sommelier não era reconhecida do ponto de vista da lei trabalhista, mesmo assim, qualquer profissional do ramo sabia, e sabe, que para um Sommelier ser considerado como tal precisava ter frequentado um curso, em entidade idônea e ter recebido o certificado de aprovação.
Isso sempre foi um ponto claro e pacifico, por isso existe o Sommelier, o apreciador e o enófilo, todas figuras que giram ao redor do mundo do vinho, mas a única cuja qualificação precisava ser certificada era o Sommelier, digo "era", porque, após os vetos acima, podemos muito bem intender que, não sendo necessária a formação certificada para o correto exercício da profissão, por não ofender a Constituição Brasileira, qualquer um, poderá ser Sommelier, com registro em Carteira de Trabalho, bastando para tanto ter uma experiencia cuja extensão mínima sequer é especificada.

Não é difícil imaginar o prejuízo para uma categoria profissional que poderá se invadida por milhares de profissionais aproximativos, verdadeira mão de obra de baixo custo, com formação duvidosa adquirida atuando em locais inadequados, bagunçando um setor que já é bastante recheado de "criatividade", além daquela legitima dos bons Chefes.
É uma lastima perceber que o Governo Brasileiro, de um lado trata o vinho como artigo de luxo, com uma tributação astronômica, tornando peças caras vinhos de ínfima qualidade que ao redor do mundo são vendidos por um quarto do preço que pagamos aqui, e, do outro lado, contribui até onde possível pelo total avacalhamento do setor, abrindo a possibilidade para, literalmente, qualquer um se tornar sommelier (a esta altura obrigatoriamente minusculo); para a manutenção de um mínimo de decoro profissional, somos obrigados a confiar no bom senso dos estabelecimentos, porque no que depender do governo, já viu.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ESCOLA DE GASTRONOMIA DE FLORES DA CUNHA - E por falar em vinhos

Veja no link a reportagem do programa "E por falar em vinhos", sobra a Escola de Gastronomia de Flores da Cunha, uma escola modelo, no coração da Serra Gaucha, com excelentes cursos de gastronomia e de sommelier, vejam e conheçam as instalações que abrigam o melhor curso básico de sommelier do Brasil.
Detalhe, todos os chefs italianos que aparecem na reportagem pertencem a gloriosa e tradicional escola culinária piemontesa.

VINHOS DO PIEMONTE - DOLCETTO

IL DOLCETTO


O Dolcetto é um vinho tinto D.O.C. (Denominação de Origem Controlada), varietal da uva Dolcetto, produzido na Região do Piemonte ,  no Noroeste da Itália, em sete tipologias diferentes, cujas diferenças dependem do local de produção, que confere características distintas ao vinho.
Cabe aqui um esclarecimento, a Itália é um país dividido politicamente em Regiões, Províncias e Municípios, por isso, quando se diz a Região do Piemonte estamos falando de uma área geográfica bastante vasta, com muitas tipicidades diferentes e terroir bem distintos.
Como a Barbera (para nós piemonteses o Barbera foi, é e sempre será feminina, a Barbera, presença certa na mesa de todos os dias, assim como a mamãe), o Dolcetto, era o vinho de mesa de todos os dias, mas agora esta adquirindo cada vez mais importância, graças as seleções das uvas e as modernas tecnologias de produção.
Apesar do nome não se trata de um vinho doce, segundo alguns se chama assim porque a videira se dá bem quando plantada nas pequenas ondulações, nos morros, que em dialeto Piemontes são chamados de "Duset", existe outra crença que atribui o nome ao fato da uva Dolcetto, quando bem madura, ser bastante doce.
Todos os tipos de Dolcetto podem ser consumidos jovens, porém, caso sejam do tipo envelhecido um ano com teor alcoólico igual ou acima de 12,5%, são classificados como "Superiore".

TIPOS DE DOLCETTO.


O Dolcetto di Acqui é seco, de sabor e aroma levemente amendoado, vermelho rubi intenso com reflexos granada, teor alcoólico de 11,5%, aroma vinoso.

O Dolcetto d'Alba, de cor vermelho rubi, apresenta as vezes uma leve efervescência natural com tintas violáceas, seco levíssimo amargor típico, acidez moderada, teor de 11,5%.

O Dolcetto d'Asti apresenta a típica cor rubi intensa, aveludado, seco e de acidez refrescante.

O Dolcetto delle Langhe Monregalesi é produzido em uma região bastante pequena, ao redor da cidade de Mondoví, provincia de Cuneo; é o mais acido de todos os Dolcettos. De cor rubi, aroma vinoso, seco e mineral, é um vinho a produção limitada, o teor alcoólico mínimo é de 11%.

O Dolcetto di Diano d'Alba, entre todos, é o que possui o teor alcoólico mais elevado, 12%. De cor vermelho rubi, aroma vinoso e seco na boca, tem um interessante retrogosto de amêndoa, muito característico. Este Dolcetto, desde 2010, ascendeu ao status de D.O.C.G.

O Dolcetto di Dogliani, é considerado a estrela dos Dolcetto, é o mais antigo, com documentos de 1593 que atestam sua produção e as modalidades da colheita. De cor rubi com reflexos violáceos, seco, mediamente encorpado. Deste Dolcetto, existe o tipo Superiore que, obedecendo a sérios critérios de produção, poderá elevar-se ao status de D.O.C.G. (Denominação de Origem Controlada e Garantida), o grau mais elevado na legislação italiana que regulamenta o vinho.

O Dolcetto d'Ovada tem o aroma vinoso característico desse varietal piemontes (não temos noticia de vinhedos de Dolcetto plantados em outras regiões da Itália, ou do mundo), seco igual aos demais, nariz harmônico  levemente amargo, o vermelho rubi apresenta reflexos granada com o passar do tempo.

Fonte: site Piemondo.it 

domingo, 28 de agosto de 2011

VINHO MUITO MAIS QUE UMA BEBIDA - APRESENTAÇÃO

Bebam sempre antes da sede e nunca a sentirão.




Com a frase acima, de autoria de Rabelais, quero começar uma série de post que pretendem abordar o vinho de uma maneira mais ampla que apenas uma simples bebida, trazendo para o debate o aspecto cultural e também a questão, sempre mal interpretada, do vinho como bebida alcoólica, passando pelos inegáveis beneficios a saúde que o consumo moderado traz para o ser humano.
Vamos então examinarmos a questão da sede, ou seja qual sede nos leva a ação,ou a ideia, de tomar vinho?
Se observarmos um pouco, constataremos que se tem o habito de beber depois da ultima garfada de um prato e quando se passa de um prato para outro, quando se muda de sabor, trata-se portanto de obedecer a uma especie de necessidade física, a de enxaguar a boca.
Mas a sede não é apenas uma necessidade , também é satisfação de um prazer, muito próxima da sensação agradável do toque de um liquido, ou seja, ao prazer de refrescar a boca e a garganta, acrescenta-se o prazer da deglutição, com o liquido que desce pela garganta nos proporcionando as sensações deliciosas de sabor e aroma. Essa sede refinada não se satisfaz com a ingestão de um liquido qualquer, buscam-se as sensações do gosto.
Por isso tem momento em que se quer tomar algo, mas não qualquer coisa, apenas para saciar a sede, procuramos então uma bebida mais atraente que a água pura.
Então bebe-se para satisfazer esse desejo, meio inútil, meio artificial, na busca de um prazer, não apenas para obedecer uma necessidade natural. Émile Peynaud, em sua obra "O gosto do vinho" classifica isso como sede "de luxo", identificando-a como a sede de vinho.
Temos então que a vocação do vinho é satisfazer a sede alimentar, é dessa maneira que ele foi, e é, bebido pelos povos da vinha, nas refeições, para acompanhar os alimentos, como uma guloseima, um condimento liquido, enfim, um complemento alimentar.
Não se bebe vinho por necessidade, mas por satisfação; é o companheiro indispensável de toda gastronomia; em nossa opinião (um pouco parcial, na verdade) não há verdadeira gastronomia sem o gosto e a participação do vinho.
Os grandes vinhos foram pensado primeiro e produzidos depois para serem bebidos com a comida. Seja o frescor da acidez dos brancos, ou a tanicidade dos tintos, seus aromas e buquês harmonizam e se agigantam na presença da comida; devemos então concluir que a degustação à mesa realça o duplo prazer de comer e beber.

VINHO E ÁLCOOL.
Desde sempre, mas sobretudo nesses tempos em que alguns (ex?) alcoólicos arrependidos querem generalizar seus fracassos pessoais "confundindo" o uso com o abuso, é imperativo esclarecer de uma vez esse tema.
O vinho contém álcool, podendo ser prejudicial a saúde, como outras bebidas, conforme a dose; pesquisas no âmbito sanitário de vários países não mostram nenhuma relação entre consumo regular de vinho e doenças e mortalidade, pelo contrário, observa-se uma relação inversa entre o consumo de vinho e a má saúde.
Será nosso cuidado abordar, num próximo post, as relações entre vinho, resveratrol e outras substancias que ele contem e a saúde humana, de forma mais detalhada.

VINHO É COMPLEMENTO ALIMENTAR...OU É ALIMENTO?
Como informação, constatamos que o vinho é uma fonte de caloria, da ordem de 600 a 800 kcal por litro para os vinhos secos, mais para os vinhos que contem açúcar.
Esse efeito calórico é real no caso de consumo espaçado permitindo um metabolismo completo, ao passo que se torna negativo em caso de consumo não espaçado, quando se bebe sem degustar.
A tal proposito é licito lembrar que, e posso dar o meu depoimento pessoal nesse caso, a degustação atenta do vinho, é receita garantida no combate ao exagero e a alcoolemia excessiva, a partir do momento que um bebedor de vinho se torna degustador atento, o consumo cai consideravelmente, busca-se o conhecimento de cada detalhe do vinho que está na taça, isso é incompatível com a atitude de "virar" o copo.

Vejam na tabela abaixo o valor energético dos constituintes do vinho

KCAL/G
TEORES (G/L)
KCAL/L
ETANOL
7
80-100
560-700
GLICIDIOS
4
Traços – 80/100
0-400
POLIOIS
2,4
0,5-10
1,2-200
ACIDOS ORGANICOS
3
2-8
6-24
PROTEINAS
4
0,5-2
2-8
LIPIDIOS
9
Traços
Traços
FIBRAS
0
traços
Traços
  
Se considerarmos alimento tudo aquilo que nos traz calorias, proteínas ou algum tipo de substancia energetica, independente de ser liquido ou solido (o suco de fruta e as vitaminas, justamente considerados alimentos, também são líquidos), a resposta acima, com certeza é sim, o vinho é um alimento.
Para concluir lembramos que há alguns milênios o vinho desempenha múltiplas funções, desde elemento de convívio, complemento alimentar, simbolo de riqueza e notoriedade além de antisséptico para tratar de ferimentos, a cosmético e, sobretudo no Brasil, precioso suporte fiscal para a insaciável fome tributaria dos governos que nos administram.
Para os povos mediterrâneos o vinho tem grande valor cultural representando tanto quanto, ou até mais que o chocolate na extinta cultura azteca, a folha de coca na cultura andina, o betel indiano, o chá no Oriente.
Lembramos que a primeira ordem de Deus para Noé, uma vez que o diluvio havia acabado, foi de sair da arca e plantar um vinhedo, não um campo de trigo, ou um milharal; isso está na Bíblia.

Fonte: Emile Peinaud e Jacques Blouin "O gosto do Vinho". Revista Adega. Uvibra

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

CALIFÓRNIA LANÇA "MÉS DO VINHO"

Interessante iniciativa a do Governador da Califórnia, Jerry Brown, que declarou o mês de Setembro desse ano o "Mês do Vinho na Califórnia".


Durante todo Setembro, as vinícolas, os vinicultores e organizações da industria, realizarão vários eventos em todo o Estado, incluindo degustações festivais e tours pelas vinícolas.
O gancho para essas atividades todas é, obviamente, o começo da vindima, que naquele país e
é estabelecida e coordenada pelo Wine Institute e o Califórnia Association of Winegrape Grovers.


Na Califórnia existem mais de 4600 produtores de uvas e mais de 3100 produtores de vinho, dando origem a uma industria que fatura algo como 16,5 bilhões de dólares, neste estado que é responsável por mais de 90% do vinho produzido em todos os Estados Unidos.

Vejam a opinião do Governador a proposito "Como uma industria, o vinho da Califórnia traz inúmeros benefícios para o estado. Nossas regiões vinícolas pitorescas e históricas, uma cozinha renomada baseada na harmonização entre o vinho e os mais variados pratos, a oportunidade de degustar e adquirir vinhos mundialmente famosos resulta em estimados 20,7 milhões de turistas ao nosso estado por ano".

Fica então a dica para quem gosta de fazer enoturismo, com certeza será um passeio inesquecível.

Com relação ao evento em si, não é nenhuma novidade, na Serra Gaúcha também se faz turismo em época de vindima, a diferença fica por conta da postura das autoridades, que, enquanto lá na Califórnia enxergam no vinho e na paixão que ele suscita, uma oportunidade de crescimento ao ponto de dedicar um mês inteiro ao enoturismo, por aqui ficam na moita, atras de empurrar impostos pela goela abaixo dos contribuintes, numa total falta de  visão estratégica, onde a ideia é matar a galinha dos ovos de ouro para fazer canja, em lugar de cuidar dela para aproveitar o que pode proporcionar para a industria local.

Somente a título de informação, ao longo de 2010, o fluxo de turistas no Vale dos Vinhedos, foi de pouco mais de 150.000 pessoas, quem sabe um dia a gente chega lá, quando os americanos governarem o Brasil, talvez (estou obviamente brincando).
Fonte Revista Adega

VINÍCOLA CASA SILVA TESTA VINHEDOS NO EXTREMO SUL DO CHILE

A tradicional vinícola chilena CASA SILVA, está testando uvas procedentes de vinhedos plantados no extremo sul do Chile, mais precisamente em Futrobo, na margem do Lago Ranco, 350 km. ao sul de Bio Bio, conhecida por ser, até então, a mais meridional região vinícola daquele país.

Visão do Lago Ranco
Em cima: mapa vinícola do Chile, o Lago Ranco fica a sudeste da cidade de Valdivia, em direção a fronteira argentina

O projeto já conta quatro anos entre pesquisas e plantio, a propriedade é pequena, apenas sies hectares que, inicialmente, foram plantados em carácter experimental, com Sauvignon Blanc, Pinot Noir e Chardonnay.
Na opinião dos técnicos da Casa Silva, "as uvas mostraram bom níveis de acidez e um sabor forte, isso, combinado com um não elevado teor alcoólico natural, nos leva a acreditar em grande potencial para vinhos de clima frio, além de espumantes de alta qualidade".


Mario Pablo Silva, diretor da vinícola, fala mais sobre o projeto "É uma vinícola inovadora, em área selvagem e natural, onde ninguém, até hoje, tinha se arriscado a plantar videiras. Plantar em clima tão atípico, vai produzir vinhos novos e interessantes, aumentando a reputação do Chile como pais produtor dos mais variados vinhos finos".

Será possível conferir tudo isso somente no próximo ano, quando deverá ser lançado o primeiro vinho produzido nessa fria região chilena.
Fonte: Revista Adega
 

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Exportação de vinho nacional cresce 40%

Grande crescimento das exportações brasileiras ocorreu no primeiro semestre deste ano,. A China aparece entre os dez maiores compradores e nossos vinhos marcam presença na Inglaterra, mercado "cult" do vinho.
Sucesso se deve ao trabalho desenvolvido pelo projeto Wines From Brazil, que integra várias vinícolas brasileiras na conquista do mercado mundial.
Assista a reportagem no link.

Rural Notícias - Exportação de vinho nacional cresce - Vídeos - Canal Rural:

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terça-feira, 23 de agosto de 2011

JUSTIÇA DETERMINA A OBRIGATORIEDADE DO SELO FISCAL

Todos os vinhos nacionais ou importados, associados ou não a ABBA, passam a ser obrigados a colocar o Selo de Controle Fiscal.

No dia 12 de Agosto, o Desembargador Federal Olindo Menezes, presidente do Tribunal Regional Federal da Primeira Região de Brasilia, determinou que todos os vinhos, tanto os nacionais como os importados  associados ou não da Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas (ABBA), continuam na obrigação de respeitar a legislação com relação a aplicação do Selo de Controle Fiscal.
O desembargador decidiu que até serem julgadas todas as ações e recursos impetrados contra o "famigerado" selo fiscal, todos os importadores e produtores de vinhos e derivados são obrigados a colocar o selo nas bebidas.
"A deliberação do presidente do TRF1 dá segurança aos produtores e importadores que estavam cumprindo a lei, tornando o selo válido até que todas as ações na justiça sejam concluidas" segundo afirma a consultora jurídica do IBRAVIN, Kelly Bruch.

O desembargador ponderou, em sua decisão, que "não há que se falar em ilegalidade do selo". Para o presidente do TRF1 se o processo de selagem não poderá impedir totalmente o contrabando de vinhos, certamente, segundo ele, auxiliará na coibição à conduta criminosa, tratando-se de instrumento para auxiliar às autoridades fiscalizadoras.

Segundo o desembargador a selagem promove uma concorrência leal no mercado, obrigando todos a pagar devidamente os impostos. Lembramos que como justificação para implantação do selo, foi argumentado que, em levantamento realizado em 2005, o descaminho originou uma perda de arrecadação de impostos de R$ 32 milhões/ano.
Fonte: Assessoria de imprensa Ibravin

O assunto do Selo Fiscal é muito controvertido, a quase totalidade dos consumidores não aprovam a ideia, por se tratar de mais um imposto a pesar no bolso, dando a intender que, mais uma vez, a falta de ação das autoridade será compensada por um "esforço" a ser suportado pelo consumidor final, alem de se tratar de uma medida inusual na maioria dos países produtores de vinho.

Soma-se a isso a já absurda carga tributária despejada em cima do vinho, na tipica falta de visão das autoridades brasileiras que enxergam o contribuinte mais como uma laranja a ser exprimida até extrair todo o possível, em vez de aproveitar o aumento do interesse pelo vinho para promover ações esclarecedoras sobre o consumo moderado e consciente, ao mesmo tempo desonerando a carga tributaria, estimulando o comercio e a produção, para manter longe o fantasma da crise internacional, a exemplo do que acontece na Argentina que recentemente declarou o vinho bebida nacional.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

OS CHEIROS DO VINHO

Os cheiros do vinho, de fato, nunca chegam a nós em grupo e mostrando a cara. É preciso agitar o vinho para forçá-los a sair, aspirá-lo com insistência.
Deve-se aspirá~lo nos dois sentidos da palavra: absorver o seu cheiro respirando-o e tragá-lo aspirando-o entre os lábios. Então, as nuances finas se revelam. 
"O buquê deve se evaporar do copo um pouco como uma fumaça; de uma respiração à outra, distinguem-se as volutas."
Foi essa impressão vaporosa que fez com que se falasse de cheiros flutuantes, móveis, animados, resplandecentes, vivos.
A inercia da memoria impossibilita às vezes nomear os cheiros assim que são percebidos. É preciso repetir para identificá~los, voltar, desencadear evocações.
Primeiramente, o cheiro perseguido fica confuso, subitamente, torna-se evidente e a definição se superpõe exatamente à sensação. É no momento em que é nomeado que os participantes, bruscamente, o sentem por si mesmos; bastou abrir-lhes o caminho.




A citação acima é um exemplo de literatura descrevendo o vinho, infelizmente não é de minha autoria, foi tirada do livro "Le goût du Vin - Le Grand Livre de la Dègustation" de Émile Peynaud e Jacques Blouin. Uma leitura obrigatória para quem deseja compreender a profundidade e a sabedoria que podemos encontrar numa taça de vinho.

sábado, 20 de agosto de 2011

DEGUSTANDO COM O ENÓLOGO - JOÃO VALDUGA


Uma outra etapa na visita de João Valduga em Fortaleza, promovida e organizada por esse blog, aconteceu na degustação no EMPÓRIO DELITALIA, na noite de terça feira 16 de Agosto.

Após uma tarde gratificante, porem exaustiva, debatendo temas ligados ao vinho e a enogastronomia, no SENAC, diante de mais de 90 pessoas, João Valduga comandou uma degustação de alguns de seus vinhos de alta gama, para um publico seleto de convidados.
O jeitão alegre e brincalhão de João deixou as 50 pessoas presentes bem a vontade, para degustar os 4 vinhos da noite.

Começamos com o Espumante 130 Brut, um champenoise ícone dos espumantes nacionais, existe alguma controvérsia, entre os que dizem que o Cave Geisse é melhor que o 130, e os que afirmam o contrário, acho que, de todo modo, trata-se de dois excelentes espumantes, com relação custo-beneficio muito atrativa, que contribuem em modo exemplar a colocar os espumantes brasileiros entre os melhores do mundo.
O 130 da noite, de todo modo foi perfeito, os 36 meses de refermentação em garrafa deixam o perlage fino e muito persistente, notas cítricas com brioche e casca de pão, boa acidez e cremosidade de grande qualidade, um espumante muito bom.


Depois foi a vez do Gran Reserva Chardonnay safra 2010, um branco que estagia 6 meses em barricas novas de carvalho da Romênia, um vinho gastronômico; nesta safra de 2010 apresenta uma acidez bastante interessante, as notas de chocolate branco, típicas desse carvalho, estão bem integradas e o fruto é vivo e firme, boa acidez na boca.
Quem conhece esse vinho sabe que vai evoluir para notas mais amanteigadas e a acidez vai deixar espaço para uma untuosidade e uma boa maciez, nos próximos meses.

O terceiro vinho foi o mais interessante da noite, a meu ver, o Identidade Arinarnoa, resultado de um cruzamento entre a Merlot e a Petit Verdot (é um cruzamento de botânica, ou seja se trata de um varietal), clone de origem francesa, plantado pela Casa Valduga na Serra do Sudeste, município de Encruzilhada do Sul.
É o tipo de vinho que não deixa ninguém indiferente, gera sentimentos contrastantes, do tipo amor ou ódio; de cor vermelho rubi fechado, tem um ataque ao nariz bastante vegetal, mas com muita fruta madura, notas terciarias de chocolate e leve tostado, intrigante e muito peculiar, na boca é vinho encorpado, os taninos são firmes, a pedir comida e a persistência é de vinho longo.

Fui abordado por varias pessoas para comentar a repeito desse vinho, e as opiniões eram as mais disparadas, de quem tinha adorado e de quem simplesmente não conseguiu terminar o que estava na taça, vale dizer que isso é o que se espera de um vinho, exatamente algo que tenha a capacidade de estimular nossa curiosidade, em um mundo vínico de produtos muito parecidos entre si, padronizados, ou parkerizados, eis ai um vinho totalmente diferente, capaz de suscitar o aplauso de uns e a censura de outros, mas sem cair na mesmice de ser mais um igual a muitos, particularmente gostei, embora não recomende para quem tem predileção por vinhos sedosos, frutados e de baixa acidez, para gostar do Arinarnoa, precisa gostar de tanino e acompanhar com uma boa carne, talvez um guisado, aí ele vai ser grande.

O ultimo vinho da noite foi o Gran Reserva Cabernet Sauvignon, safra 2007, um vinho muito bem feito, de nariz equilibrado, com toques vegetais amaciados por camadas de fruta madura, a barrica (francesa de 1º uso) onde esse vinho estagia ao longo de 12 meses, fica muito bem integrada e nada invasiva, enriquece o bouquet do vinho.
Trata-se de um vinho bom, mas que não atiça a nossa curiosidade quanto o Identidade Arinarnoa, cujo preço inclusive não é muito caro, custa em torno de R$ 55,00, vale a pena conhecer, agora...cuidado, corre o risco de não gostar, ou de se apaixonar.


JOÃO VALDUGA PROMOVE PALESTRA EM FORTALEZA

Na ultima terça feira, no auditório do SENAC de Fortaleza, aconteceu o debate "Vinho, muito mais que uma bebida", promovido pela Casa Valduga, com a presença do enólogo e diretor da vinícola, João Valduga.



O tema desenvolvido para o auditório lotado, em sua maioria, por estudantes dos cursos de gastronomia de Fortaleza, abrangeu vários aspectos que ligam o vinho a gastronomia, tanto no que diz respeito as características organolépticas, no caso da harmonização, como os benefícios do vinho para a saúde, onde foram apresentados números baseados em pesquisas internacionais, que atestam que o consumo moderado, porém diário, de vinho, traz inegáveis benefícios ao ser humano.

Segundo os comentários que surgiram ao longo da palestra, ficou claro a importância cada vez maior que a porção ENO, está assumindo no tocante a gastronomia, isso também é reflexo do salto de qualidade que a produção vínica nacional apresentou nos últimos anos.


Com destaque para os espumantes, podemos dizer que o Brasil, hoje, tem condições de disputar mercado com a totalidade dos vinhos importados por outros países, sobretudo aqueles que se situam numa faixa de mercado intermediária, é evidente que o Brasil ainda está para produzir um vinho ícone para ganhar disputas internacionais em alto nível, isso se deve a vários fatores, desde os climáticos, nem sempre favoráveis, até os que estão ligados a descoberta de vocação territorial de nossas regiões. A busca constante pela qualidade faz com que nossos vinhos se destaquem cada vez mais, atraindo o olhar interessados dos consumidores de outros países que, aos poucos, estão conhecendo o vinho brasileiro, e estão gostando.
Apenas precisa o consumidor daqui atentar para essa melhora, deixar de lado o preconceito e acreditar mais na seriedade de nossos vinhos.




sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O VINHO NA MISSA, NO CINEMA E...NA TV programa "E por falar em vinhos"

Assista ao programa "E por falar em vinhos" que, neste episodio, fala dos vinhos elaborados especificamente para a celebração da missa, dos vinhos Californianos, com degustação de Zinfandel e muito mais.

E por falar em vinhos - 14/08/2011 - Vídeos - Canal Rural

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

IBRAVIN lança projeto "ESCOLA VINHOS DO BRASIL"

Parceria entre o Instituto Brasileiro do Vinho e o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região Uva e Vinho irá capacitar garçons e sommeliers de 70 restaurantes de Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Carlos Barbosa, Flores da Cunha e Garibaldi. 

O projeto-piloto Escola Vinhos do Brasil, uma parceria entre o IBRAVIN (Instituto Brasileiro do Vinho) e o SHRBS (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região Uva e Vinho), foi lançado nesta terça-terça (16), em Caxias do Sul. “O objetivo é capacitar garçons e sommeliers de 70 restaurantes da Serra Gaúcha para incrementar a venda de vinhos brasileiros”, disse o gerente de Marketing do Ibravin, Diego Bertolini. Ao longo do próximo ano, o projeto será estendido para a Capital e outras regiões do Brasil. 

Uma pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostra que o primeiro item de decisão de compra do consumidor em relação a vinhos é o tipo (tinto, branco, espumante, entre outros) e o segundo é país de origem. “Reforçando a marca Vinhos do Brasil iremos beneficiar todas as vinícolas, sobretudo as instaladas no Rio Grande do Sul, responsável por mais de 90% da produção nacional de vinhos”, observou Bertolini.

O presidente do SHRBS, João Antônio Leidens, comentou que esta parceria era buscada há anos pelo sindicato. “Agora vamos poder capacitar adequadamente os profissionais que recebem nossos clientes e turistas nos restaurantes da região”, salientou. Os municípios envolvidos nesta primeira etapa do projeto são Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Carlos Barbosa, Flores da Cunha e Garibaldi. 

O treinamento das equipes de atendimento dos 70 restaurantes da região da Uva e do Vinho deve durar de cinco a seis meses. Ele será feito pelo sommelier Arlindo Menoncin, contratado pelo Ibravin especialmente para esta atividade. A capacitação seguirá o mesmo modelo aplicado nas churrascarias brasileiras instaladas nos Estados Unidos. A contrapartida dos estabelecimentos é disponibilizar local e equipe para os treinamentos e participar de ações de promoção dos vinhos brasileiros. Além disso, os restaurantes terão de criar ou ampliar a carta com Vinhos do Brasil. 

Bertolini lembrou que uma pesquisa realizada em 2008 pelo Ibravin demonstrou um amplo desconhecimento do consumidor e dos profissionais sobre o consume de vinhos no Brasil. “Nossa ideia é trazer informação e educação para os canais de venda, que, consequentemente, atenderão melhor os clientes”, comentou. “Queremos formar embaixadores do vinho brasileiro”. 
Fonte: Assessoria de imprensa Ibravin

De nossa parte esperamos que esta excelente iniciativa possa, em breve, ser extendida também para outras cidades, quem sabe Fortaleza, que carece de estrutura de formação voltada para os profissionais do serviço do vinho. 

Com exceção do SENAC, que conta com um curso de introdução, não existem institutos ou entidades que formem profissionais a altura de servir o vinho de forma aceitável, ficando a nobre bebida a ser maltratada por pessoas mal preparadas, que aprenderam o oficio "na marra", deixando para quem visita nossa cidade, uma impressão de profissionalismo um tanto quanto aproximativo, no que diz respeito ao trato com o turista.

É lamentavel também a falta de oferta de treinamento por parte de quase todos os distribuidores e/ou fornecedores de vinho, os quais dificilmente se preocupam com a formação dos profissionais, preferindo a isso o velho sistema de pagamento de "rolha", que produz resultados comerciais mais rapidamente, embora cerceie por completo a liberdade de escolha e o direito à informação do consumidor

Nesse meio, infelizmente, não há ninguém que seja livre de responsabilidade, os próprios empresários da restauração não demonstram, salvo raras exceções, especial interesse em investir recursos para reverter esse quadro preocupante; por outro lado os profissionais que atuam nesse mercado (em franco crescimento, diga-se de passagem), não se preocupam muito com a própria formação, preferindo migrar de um local para outro, em busca de melhores condições de trabalho, em lugar de investir na própria carreira, por isso, na média, o nível de conhecimento geral é desolador. Esperamos que mude, quanto antes...já vai tarde.



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

VINHO, MUITO MAIS QUE UMA BEBIDA - Debate com João Valduga

Na Terça feira 16 de Agosto, no SENAC - CENTRO de Fortaleza, vai acontecer um debate sobre vinho, com a participação de João Valduga, o tema será "vinho, muito mais que uma bebida".
Para outras regiões do Brasil, como São paulo ou o Rio Grande do Sul, que contam com uma memoria cultural em que a presença do vinho é mais constante ao longo da história, esse conceito está um pouco mais claro do que em Fortaleza, a causa disso possivelmente reside no histórico muito recente, no que diz respeito ao consumo de vinho, por parte dos cearenses.

A ideia do debate é enxergar o vinho de uma maneira mais abrangente que uma simples bebida, sem com isso querer elitizá-lo, o objetivo é separar a cultura e o ato da decisão de beber uma taça de vinho, da associação mental que vem colocando no mesmo plano a decisão de tomar, por exemplo, um whisky, uma cerveja, ou um refrigerante.
Entendo que a primeira vista possa parecer meio sem sentido, mas se enxergarmos a situação do ponto de vista da enogastronomia, tudo aparece sob uma luz diferente e o raciocínio começa a fazer sentido.
Damos por certo que o melhor companheiro de uma boa refeição sempre será o vinho, adequado e devidamente harmonizado, mas vamos analisar o porque dessa afirmação.


As bodas de Canaã - Tintoretto

A riqueza aromática e gustativa do vinho, branco, rosé ou tinto é indiscutível, objeto de exaustivos exercícios de memoria olfativa, na tentativa de encaixar a lembrança de aromas que conhecemos com aquele que estamos sentindo no copo, essa riqueza vem de um conjunto de fatores, ligados ao território onde o vinho foi produzido ("produzido" não "fabricado"... por favor) como clima, tipo de solo, de uva, além de praticas enológicas especificas e características que variam de região a região, de cultura a cultura, de um estilo a outro.
Eis então como a gastronomia, que exibe uma riqueza de sabores, aromas e texturas diferentes por cada região (e por interpretação de cada Chef), se liga de forma indissolúvel ao vinho na definição de enogastronomia, onde o vinho entra como parceiro liquido fiel, coadjuvante precioso e, as vezes,  ingrediente na preparação dos alimentos.

O vinho é uma das poucas bebidas que são produzidas a partir de uma única matéria prima, a uva devidamente prensada, esmagada ou não. Essa uva contem determinado teor de açúcar, desenvolvido pelo fruto ao longo de sua maturação; em ambiente propício (tinas de aço inox ou pipas de madeira), sempre em presença de oxigênio, o mosto (assim é denominado o liquido resultante da prensagem das uvas após a colheita), rico em açúcar, sofre a ação de leveduras selecionadas, obtidas da própria fruta, as quais desencadeiam o processo natural da fermentação, onde o açúcar é transformado em álcool.
Quantas outra bebidas são produzidas a partir de uma única matéria prima? Inclusive não armazenável? Precisamos considerar que a uva precisa ser processada assim que colhida, no máximo pode suportar um deslocamento do vinhedo até a vinícola, que deverá acontecer em caminhões refrigerados, quando o trajeto for muito longo.
Muitos poderão questionar que todos os sucos da fruta também são assim, excelente, mas quantos de nós tomam suco da fruta e não da polpa processada, ou industrializado e embalado? E ainda, quem toma suco puro, sem adição de açúcar, ou água, para torná-lo mais agradável? O próprio suco de laranja é típico exemplo disso, mesmo quando feito de laranjas espremidas na hora, geralmente é corrigido com açúcar, ou adoçante, para torna-lo menos acido e  adstringente.
As bebidas alcoólicas em geral, também são produzidas a partir de vários ingredientes, os destilados são feito a partir da adição de água ao próprio destilado; os licores e digestivos, álcool e infusão de ervas, raízes e/ou frutas; a cerveja cereais, maltados ou não e água.

Uma bebida que é, em si, matéria prima em pureza, com certeza é a água, mas no tocante aos prazeres da mesa é legitimo buscar algo mais saboroso para acompanhá-la, então novamente voltamos ao vinho, pois todos sabem que vinho precisa ser consumido alternadamente com água, para a necessária hidratação.
Não é difícil concluir, então, que somente o vinho, devidamente harmonizado, pode realçar o prazer de saborear um prato, pelo qual o chef se esmerou na preparação, enquanto acompanhá-lo com outra bebida, dificilmente conseguiria o mesmo resultado de prazer e satisfação do ponto de vista gustativo e organoléptico, que é justamente o que se busca hoje na enogastronomia.

Precisamos também desconstruir o mito daquele que muitas vezes é considerado o vilão da historia, o álcool, na verdade essa componente exerce um papel fundamental no vinho, é graças a volatilidade do álcool que os aromas do vinho são perceptíveis nitidamente pelo nosso olfato, é também graças a facilidade de penetração em nossa corrente sanguínea, que o álcool traz consigo os beneficios do resveratrol e demais antioxidantes, de ação benéfica para o coração.

Obviamente estamos falando de consumo moderado, uma ou duas taças de vinho na refeição, conforme a constituição física de cada um, mas isso todo medico consciente sabe, a virtude está em não exagerar na dose, assim como todo medicinal pode se transformar em veneno, quando usado em excesso, o vinho também pode levar a problemas sérios, apenas estamos convictos que a conscientização e a educação de saber beber é muito mais eficaz que a demonização e o preconceito contra o qual devemos voltar nossas preocupações, afinal sabe-se que tudo aquilo que é proibido e demonizado, excerce fascínio e curiosidade nas almas mais vulneráveis.


sábado, 13 de agosto de 2011

EVENTO DA TARAPACÁ EM FORTALEZA

Quinta feira 11 de Agosto, no EMPÓRIO DELITALIA, foi noite de degustação, para brindar a presença do diretor comercial da Viña Tarapacá, Cristian Le Dantec, escoltado pelo importador exclusivo de seus vinhos no Brasil, Licínio Dias, foram degustados vários vinhos da linha Gran Reserva daquela renomada vinicola chilena.

A degustação começou com um espumante Charmat  de corte inusitado, Chardonnay 50%, Pinot Noir 35% (até aqui tudo normal) e ... Sauvignon Blanc 15%!
Realmente um corte pouco comum, mas o espumante era de boa qualidade, bem feito, de boa complexidade com um perlage interessante, fino e persistente.

Do espumante passamos para os tintos, a ordem não era determinada por uma sequencia de serviço, a degustação se deu em ritmo de "feira" onde no local reservado ao evento tinham sido dispostas várias champanheiras com o vinho e os convidados eram servidos, de acordo com o desejo deles.

O meu segundo vinho foi um Merlot da linha Gran Reserva, produzido a partir de uvas colhidas em Isla de Maipo, esse vinho estagiou durante 14 meses em barrica de carvalho, e deu para perceber, o tostado e as notas de baunilha da madeira (parte americana e parte francesa), literalmente "passaram por cima" da delicadeza e maciez da Merlot, na garrafa que eu bebi a fruta tinha sido "engolida" pela pujança do carvalho; eu não sou grande apreciador desse estilo de vinho, mas mesmo os que gostam, possivelmente concordarão em considerar o Merlot Gran Reserva um pouco desequilibrado, pelo excesso de madeira.

O segundo tinto da noite foi o Gran Reserva Carmenere, do Valle del Maipo, apenas 70% do vinho estagiou em barrica, isso, em minha opinião, fez muito bem a este Carmenere, que tinha boa presença de fruta madura e algum toque vegetal característico; as notas da madeira eram muito bem integrada ao conjunto, claramente perceptíveis, tanto a baunilha como o café, chocolate e tostado, mas sem que isso chegasse a "apagar"a fruta e a personalidade do varietal. Achei muito mais agradável e equilibrado que o Merlot.

O ultimo vinho da degustação foi o Gran Reserva Cabernet Sauvignon, safra 2007. Recentemente, em outra degustação, me deparei com esse mesmo vinho e a impressão não tinha sido das melhores, por isso cheguei a ele com muita cautela, não queria que a experiencia anterior influísse em minha apreciação.
Preciso me retratar, daquela vez falei de um vinho levemente desequilibrado pela influencia exagerada do carvalho, bem...hoje a impressão não podia ser diferente, essa outra garrafa que degustei, demonstrou ser muito diferente daquela, apresentando a madeira totalmente integrada ao vinho.
Apesar de evidentes, as notas de carvalho, sobretudo americano, nunca chegaram a se sobressair à fruta, preta, madura, rica e suculenta, bem ao estilo chileno; a acidez muito baixa e o teor alcoolico de 14,2%, bem suportado pela riqueza dos taninos macios e suaves, completavam o quadro desse Cabernet Sauvignon.


Eis aqui um exemplo que retrata perfeitamente um jeito muito chileno de fazer vinho, podemos gostar ou não, mas qualitativamente é um vinho bem feito, em minha opinião o melhor da noite.

Preciso fazer uma critica mesmo assim, conheço alguns vinhos brancos da Viña Tarapacá, com destaque para o Gran Reserva Sauvignon Blanc, não entendo porque, em degustação em Fortaleza, cidade de praia no Nordeste brasileiro, de gastronomia rica em peixes e frutos do mar, não foi aberto nenhum vinho branco, acho que perdemos uma oportunidade.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PRODUTORES "ERRAM" TEOR ALCOÓLICO DOS VINHOS NO RÓTULO

Demorou longos 18 anos para ficar pronta mas valeu a pena a pesquisa da AMERICAN ASSOCIATION OF WINE ECONOMIST, que analisou de 1992 a 2009, no Canadá, amostras de garrafas de vinho importadas do mundo todo.
Imaginem mais de 129 mil amostras em que o objeto da pesquisa era o teor alcoólico, para verificar sua conformidade com o valor declarado no rótulo; bem, a conclusão não foi muito boa para os produtores.
Parece que eles tem o habito de arredondar, por defeito, o teor alcoólico; "sistematicamente" o vinho "perde" algo em torno de 0,2% de teor de álcool (na média), isso em países (da América do Norte) que tem uma atenção cultural, e fiscal, detalhada com relação ao teor alcoólico, faz uma certa diferença.
O teor alcoólico médio dos vinhos analisados foi de 13,3%, enquanto o valor médio declarado no rótulo era de 13,1%. Incluindo todas as amostras 57% delas traziam valores acima do anunciado e apenas 10% forneciam a informação correta.
Sabe-se que medir o teor alcoólico exato da bebida é fácil, dai segue a conclusão que "Os erros que encontramos não foram feitos de forma inconsciente", na palavra dos pesquisadores.
Considerando que as vinícolas americanas pagam menos impostos, e tem maior apelo de venda, ao produzir vinho de teor alcoólico mais baixo, está lançada a suspeita sobre a origem desse "erro" de rotulagem.
Segundo a pesquisa os vinhos de Chile, Argentina e Estados Unidos foram os que demonstraram a maior diferença entre os dois números, o "real" e o "declarado", os vinhos de Portugal e Nova Zelândia foram os que tiveram a média mais próxima do valor denunciado no rotulo.
A motivação para a realização dessa pesquisa veio da observação que, nos últimos tempos, a quantidade de açúcar natural contido nas uvas da Califórnia havia aumentado 11%, elevando, consequentemente, o teor alcoólico; bem, pelo menos assim deveria ser.

Fonte: g1.globo.com

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

VINHOS DE GARAGEM "E por falar em vinhos"

Ultimamente tem se falado muito dos vinhos de garagem, mesmo aqui no Brasil esta novidade conquistou vários adeptos, tanto entre os produtores, como entre os consumidores que buscam esses vinhos diferentes e fora dos padrões convencionais das grandes vinícolas.
Conheça um personagem importante no cenário dos vinhos de garagem do Brasil, Vilmar Bettú, no programa "E por falar em vinhos".

E por falar em vinhos - 07/08/2011 - Vídeos - Canal Rural

sábado, 6 de agosto de 2011

PRAZERES DA MESA FORTALEZA - Degustação do Editor


No âmbito do evento PRAZERES DA MESA AO VIVO FORTALEZA, tivemos o privilegio de participar da degustação conduzida pelo editor da revista, Ricardo Castilho, na ocasião provamos 5 vinhos do chamado Novo Mundo, entre os quais dois brasileiros.
O publico presente não podia ser mais heterogêneo, desde alunos de gastronomia, chefes de cozinha, profissionais, jornalistas e curiosos de todo tipo.

Ricardo Castilho - Editor da revista Prazeres da Mesa

Não é fácil realizar uma degustação assim, por isso temos que dar o credito ao Castilho de ter conduzido de forma técnica o bastante para manter a atenção dos degustadores mais experimentados, ao passo que recuava toda vez que os detalhes ameaçavam mandar em parafuso a cabeça dos leigos ai sentados.

Espumante Maria Valduga

Para começar foi degustados um dos recentes ícones da produção de espumante da Serra Gaucha, o Maria Valduga, safra 2006, Champenoise de Chardonnay e Pinot Noir, passa 48 meses em segunda fermentação nas caves a temperatura controlada da Casa Valduga em Bento Gonçalves.
De cor amarelo dourado, apresentou um perlage perfeito, fino, persistente, deixando aquele colarinho na borda da taça; no nariz frutas frescas, com potencial de evoluir para notas amendoadas e de frutas secas, com mais algum tempo de garrafa; toques de pão tostado, tipico do champenoise, bastante complexo.
Na boca o que chama mais atenção é a grande cremosidade, com um pequeno gole enche toda a boca, numa explosão de gás carbônico e sabor realmente importante, boa acidez refrescante, apesar da longa maturação; final de boca longo e prazeroso.
O ponto critico é o preço, praticamente de Champagne francês, mas aí é que precisamos analisar a questão, esse é o tipo de vinho que DEVE ser degustados às cegas, junto com outros concorrentes da mesma faixa de preço e tipologia, para poder dizer a que veio; em minha opinião não vai fazer feio frente a nenhum Champagne não safrado.

Segundo vinho foi o chileno Gran Reserva Serie Riberas 2008, da Concha y Toro, da casta Sauvignon Blanc.
De cor amarelo claro esverdeado, intenso e limpo, sem defeito.
No nariz o toque herbáceo tipico da Sauvignon Blanc, de folha de tomate (ou arruda, ou aspargo, ou xixi de gato, reconheça como preferir, mas todo degustador percebe na hora a inconfundível "marca" da Sauvignon Blanc), muito típico, com um pouco de tempo de taça abriu interessantes toques de frutas tropicais (maracujá, por exemplo), o que é correto, pois o Riberas é um D.O. de Colchagua, uma região relativamente quente, que favorece o desenvolvimento desses aromas, sem esquecer que se trata de um 2008, já não muito jovem, portanto.
Na boca boa acidez refrescante, com um toque sápido mineral que faz deste vinho um excelente companheiro da gastronomia, bom volume de boca, certo corpo, bastante longo.

Terceiro vinho e primeiro dos tintos, foi a vez da Africa do Sul, Winemaster's Reserve Vintage 2007, um Cabernet Sauvignon produzido por Nederburg, na cidade de Paarl.
Bela cor granada, limpo intenso e sem defeitos.
No nariz o primeiro ataque é o vegetal característico da Cabernet Sauvignon, aquele pimentão verde que é marca registrada do varietal, mas que, quando sua presença é muito invasiva, se torna penalizante no conceito global do vinho. Apresentou notas de frutas vermelhas, um aroma terciário de evolução, que remete a algo tostado, mas em minha opinião o toque vegetal deste vinho foi um pouco excessivo, encobrindo os demais.
Na boca acidez média, mediamente encorpado de taninos moderados pelo estagio em madeira e garrafa, vinho de persistência media, melhor na boca que no nariz.

Foi a vez de um tinto brasileiro da Vinicola Salton, o Salton Volpi Pinot Noir 2009, produzido em Bagé, na Campanha Gaucha.
A cor é aquela característica da Pinot Noir, reflexos granada de pouca intensidade e lagrimas abundantes e "preguiçosas", sem defeito.
No nariz revelou frutas vermelhas, mas ficou faltando o toque floral típico da Pinot Noir, na verdade o nariz apresentou pouca tipicidade, estava um pouco fechado.
Na boca melhorou consideravelmente, mostrou boa personalidade, franqueza, acidez médio / baixa e corpo médio, apesar dos 13,7% de álcool, o vinho em nenhum momento apresentou-se quente ou desequilibrado, final de boa persistência e aroma de boca que revelou a tipicidade que o nariz tinha escondido, quase a querer guardar um segredo.

Ultimo vinho da noite, Gala 2, safra 2008, de Luigi Bosca, Lujan de Cuyo, Mendoza, um corte Bordalés com 85% de Cabernet Sauvignon.
Cor vermelho rubi, com reflexos granada, muito intenso, dando a entender que pode envelhecer ainda alguns anos, lagrimas intensas e abundantes, pudera, 14,7% de álcool!
No nariz um vinho franco, nítido e amplo, frutas pretas muito maduras, aromas de evolução, couro, toque tostado, formando um bouquet rico e complexo de vinho importante.
Na boca é suave, a doçura dada pelo elevado teor alcoólico, deixa o vinho super agradável, taninos macios e suculentos contribuem para uma sensação de vinho aveludado, encorpado, de baixa acidez e longa persistência, a disputar o troféu de melhor vinho da noite com o espumante Maria Valduga, o preço também é na mesma faixa.

Vinhos degustados na ordem de serviço de esquerda para direita.

A coisa que impressiona favoravelmente, analisando a degustação como um todo, é a boa performance dos vinhos nacionais, os quais disputam em condição de plena igualdade, com vinhos de diferentes partes do mundo, sem mostrar nenhuma inferioridade, algo do qual o enófilo brasileiro deveria se orgulhar, infelizmente não é a percepção que temos ao visitar certos blog e ouvir certos comentários depreciativos e preconceituosos.
A primeira coisa que aprendi sobre vinho, em curso de sommellier, foi que nossa função não é malhar quem faz o vinho, se não puder elogiar o trabalho dos outros (lembramos que o vinho não é feito apenas pelo dono da vinícola, mas por muitas pessoas que trabalham e se esforçam), seja discreto em sua critica, pode muito bem ser que você não entenda tanto assim do assunto quanto gosta de aparentar, mostrará assim mais respeito, inclusive para o consumidor, deixando para ele a tarefa de decidir daquilo que gosta ou não.