domingo, 31 de julho de 2011

PRAZERES DA MESA ao vivo Fortaleza

Estamos na contagem regressiva para mais um evento PRAZERES DA MESA AO VIVO, edição de Fortaleza.
O ano passado foi um evento muito importante, diria mesmo um marco para o setor da gastronomia, que conseguiu uma aproximação importante entre os profissionais da área, tanto os que já estão afirmados no mercado, como os que estão iniciando seu caminho no mundo da culinária.
A presença da maioria dos chefes de Fortaleza, bem como a participação de profissionais consagrados em nível nacional (e internacional), trazidos pela revista, traz a possibilidade de um intercambio de experiencias e conhecimento que, para uma cidade que durante muito tempo viveu a periferia do mundo gastronômico nacional, tem um valor inestimável.
É importante que muitas pessoas participem, o crescimento das profissões ligadas a gastronomia, depende disso, Fortaleza tem um potencial a ser explorado na área de serviço, de hotelaria e restaurantes, não somente no âmbito local, mas em chave mundial, considerando nossa cidade como um destino turistico internacional, que como tal precisa ter profissionais de competência para atender a demanda exigente de visitantes do mundo todo.
Como sempre assistimos a uma exposição grande e a uma concentração de holofotes sobre o lado solido da gastronomia, em detrimento do lado ENO (líquido), tudo bem, aceita-se o papel de coadjuvante, afinal o bom vinho é companheiro inseparável da boa mesa, fazendo parte dela, mas historicamente como complemento alimentar, ao máximo no papel de co-protagonista.
Esperamos que isso seja enfim compreendido, tanto pelas pessoas, como sobretudo pelas autoridades, que continuam descriminando o vinho e tratando-o como uma bebida alcoólica, que nem destilados etc.
Tratamento alias que não passa de fumaça nos olhos do contribuinte (e eleitor), o qual não sabe que, enquanto os governos (tanto o atual como todos os que o precederam, em todas as esferas, desde os municípios até o Governo Federal) cobram altos impostos para o vinho, taxando esse complemento alimentar como fosse uma bebida com mais de 40º de álcool, fazem acordos e concedem benesses fiscais para produtores de cachaça e importadores de cerveja, quase que o álcool dessas bebidas fosse menos nocivo a saúde que o álcool do vinho!!!
Por isso, para todos os que nesses dias estão se descabelando contra, ou a favor, do terrível selo fiscal, eu digo, senhores o problema não é restrito somente a esse detalhe, estamos a fazer papel de bobos em uma situação onde o vinho paga o pato pela desunião de uma categoria que, assim, nunca vai conseguir avançar para um tratamento fiscal mais justo, em línea com o que acontece no restante dos países produtores de vinho do mundo.

Azeite de Oliva Mitos e Verdades

Gostei muito do tema desse post, recomendo a leitura a todos que gostam da boa comida, do bom azeite e que, sobretudo, tem espirito indagador e gostam de ter informações que auxiliem nas escolhas, desde o vinho até seu comprimário a mesa, o azeite de oliva.

Diguste: Azeite de Oliva Mitos e Verdades

sábado, 30 de julho de 2011

NOÇÕES BÁSICAS DE VINHO - O Serviço do Espumante

Para abrir corretamente a garrafa de espumante precisa seguir alguns passos básicos: antes de tudo retire a garrafa do balde, incline-a levemente, retire a parte superior da cápsula; retire a gaiola de arame girando no sentido horário e pressionando para fora, evitando que o arame gire sobre si mesmo e quebre; todas essas operações precisam ser executadas mantendo o polegar da mão esquerda (se for destro) acima da rolha, para evitar que a pressão do espumante nos surpreenda e resolva "estourar" de vez a rolha.


Uma vez retirada a gaiola, faça girar a rolha, que começará a sair impulsionada pela pressão do líquido; a técnica correta prevê que a força de rotação seja feita sobre a garrafa, com a mão direita, por apresentar uma superfície maior de apoio, enquanto a mão esquerda fica segurando a rolha para esta não escapar sob efeito da pressão.


Deixe escapar lentamente o gás, evitando o estampido. O espumante aberto desta forma manterá o gás dissolvido por mais tempo e poderá ser apreciado lentamente.

Se você não for sommelier e não estiver trabalhando no serviço de restaurante, comece colocando uma pequena quantidade em todas as taças, para que a mesma vá se resfriando, evitando a formação exagerada de espuma, bem como a perda de gás. 
Se, do contrário, for sommelier e estiver executando o serviço de espumnate diante de clientes, é de se esperar que sirva cada taça de uma vez, controlando a espuma através da velocidade de serviço.


Uma dica, para evitar a formação de espuma em demasia, é interessante usar taças previamente resfriadas, isso ajuda muito.


Regule o nível do espumante nas taças, cada garrafa precisa servir seis taças, possivelmente todas elas com o mesmo nível de liquido.


Veja a correta abertura no link 
http://www.fisar.com/index.asp?notizia=2289&codice=51

sexta-feira, 29 de julho de 2011

CRÍTICA DE VINHOS LESLIE SBROCCO VISITA VINÍCOLAS GAUCHAS

A crítica de vinhos norte-americana LESLIE SBROCCO, escritora e participante do programa TODAY, da NBC, visitou durante dois dias algumas vinícolas no Rio Grande do Sul, a convite do projeto Wines of Brasil.
A critica degustou vinhos e espumantes das vinícolas Aurora, Casa Valduga, Lidio Carraro, Miolo e Pizzato.
Segundo Leslie os vinhos brasileiros tem boa qualidade em geral, ela destacou o baixo teor alcoólico, a boa acidez e o estilo parecido com os vinhos europeus, sobretudo os do Norte da Italia; considerou que os vinhos da Serra Gaucha que provou são competitivos no mercado americano, em decorrência da boa relação "qualidade - preço" (?).
Em depoimento disponível no link http://www.youtube.com/winesofbrasil a escritora americana afirma que pretende degustar mais vinhos brasileiros, por considerá-los de futuro promissor, trata-se de mais um crítico que se expressa favoravelmente acerca da produção enológica brasileira, agora só falta os brasileiros também acreditarem nisso.

DEGUSTAÇÃO DE VINHOS ITALIANOS EM FORTALEZA

Na Quarta Feira 27 de Julho, participamos da apresentação dos vinhos de duas vinícolas do Norte da Itália, a AZIENDA AGRICOLA MOSER, da região de TRENTO e a vinícola CASTELVECCHIO, província de GORIZIA, no FRIULI (DOC CARSO), a degustação aconteceu no jardim do Vice Consulado da Itália em Fortaleza.

Antes de falar das vinícolas e seus produtos, vou expressar algumas opiniões sobre o evento. A recepção foi muito calorosa, bem ao tipo que se espera de uma reunião italiana, amizade, muita fartura, salamecopa  prosciutto crudo, parmigiano, antipasti e pastasciutta não faltaram para ninguém e o clima era aquele agradável das "merendas" típicas italianas, esse é o ponto.
Em eventos desse tipo, onde a atenção do convidado se dispersa entre a comida e o bate-papo com os amigos, o vinho, infelizmente, apenas é percebido como o combustível ideal para o ar alegre da noite, como o coadjuvante que acompanha a comida, relegando em segundo plano sua participação.
Nada tenho contra confraternizações entre conterrâneos (eu também sou italiano, com muito orgulho), mas penso que, para o bem do vinho, seria mais interessante um ambiente mais calmo e propicio, com taças adequadas (a que foram utilizadas eram ótimas para serviço de buffet ao ar livre, inúteis para degustação), para poder evidenciar as diferenças e apreciar a riqueza de detalhes entre um vinho e outro. Numa "merenda" como essa, afinal poderia muito bem ser servido um vinho mais simples que os que estavam sendo degustados, o efeito era o mesmo e o desperdício menor...

A vinícola MOSER, pertence a um famoso campeão de ciclismo, FRANCESCO MOSER, grande vencedor de Giro d'Italia e de várias corridas entre a década de '70 e '80, além de ter estabelecido o Record Mundial da Hora em 1984.
A vinícola fica próxima da cidade de Trento, no Nordeste da Itália e produz interessantes vinhos, de vinhedos próprios, conduzidos em Pérgola Trentina, uma espécie de latada tradicionalmente utilizada naquela região.

Vinhedo conduzido em pergola trentina.

Os vinhos degustados foram um branco de MÜLLER THURGAU, casta muito comum nessa região que dá um vinho de cor amarelo palha, muito aromático, com toques florais e de fruta a polpa branca, excelente aperitivo.
Lagrein DEA MATER - Azienda Agricola MOSER

A seguir provei o DEA MATER, de uva LAGREIN, varietal típico que dá um vinho tinto rubi, muito frutado, agradabilíssimo, com toques terciários de chocolate, influencia da barrica francesa onde o vinho estagia durante 10 meses.
Não tive a oportunidade de provar aquele que provavelmente é o destaque da vinícola, um espumante TRENTO DOC, Champenoise de 24 meses, que leva o nome de MOSER 51.151, em homenagem ao record mundial estabelecido pelo campeão nos tempos da bicicleta.

Sede da vinicola CASTELVECCHIO em SAGRADO - GORIZIA

Outra vinícola a participar da confraternização (não era uma degustação), a CASTELVECCHIO, com sede em Gorizia, na DOC CARSO, produz vinhos desfrutando da magnifica tipicidade que essa terra de fronteira cede generosa.
O Carso foi região de terríveis batalhas ao longo da Primeira Grande Guerra, e de lutas cotidianas para a sobrevivência em uma terra que aparenta hostilidade, mas que com o trabalho e a sabedoria do viticultor se torna generosa e prodiga.
As peculiaridade de um solo composto por uma camada de terra vermelha e rocha calcaria logo abaixo, além do vento "BORA" que traz salubridade, permitem uma produção de elevada qualidade , onde a colheita é realizada tardiamente, com a fruta muito madura.
Nesse ambiente a Castelvecchio produz excelentes vinhos, como um varietal de MALVASIA ISTRIANA, um branco de grande tipicidade, onde para complementar a riqueza floral e frutada do varietal, uma componente mineral muito forte acrescenta complexidade e confere um toque único ao vinho.


Degustamos vários vinhos típicos da região como o CABERNET SAUVIGNON e o REFOSCO DAL PEDUNCOLO ROSSO, típico do Friuli, todos muito bem feitos, complexos e suntuosos, com estagio entre barrica e casco de madeira de aproximadamente dois anos.
Vinho muito interessante foi o SAGRADO ROSSO, corte de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e TERRANO (casta autóctone), uma cuvée selecionada entre vinhos que descansam em barrica e tonneaux, durante três anos, em seguida o vinho é engarrafado e estagia mais alguns meses em garrafa antes de ir para o comercio.
Agora acho que ficou claro o porque da minha critica com relação ao tipo de evento escolhido para apresentar vinhos como os que descrevi acima, certas criações merecem uma atenção um pouco maior;  prestigiando e respeitando os grandes produtos de nossa terra, divulgando estas preciosidades da forma apropriada, estaremos prestando um serviço para todos nós; as merendas podem ficar para depois.    

quinta-feira, 28 de julho de 2011

DEGUSTAÇÃO ÀS CEGAS - BORDEAUX

Faz algum tempo tomei a decisão de não republicar os post de outros blog, não por uma questão de esnobismo, absolutamente, mas porque pretendo dar uma identidade um pouco mais "personalizada" ao Vinhofortaleza mas, quando assisti ao vídeo da degustação postado por Didú, pensei que isso "tinha" que ser divulgado.
É importnate que o maior número de pessoas compreenda o que significa degustar "às cegas", vamos parar de basear nossas decisões de compra apenas nas notas das revistas, vamos degustar, aprofundar nosso senso crítico e formar nossas próprias opiniões, não vamos deixar de provar novos vinhos de regiões desconhecidas, a magia da degustação está na grande variedade que o mundo do vinho nos oferece, cabe somente a nós desfrutar desse prazer.
Assistam ao vídeo, muito bom.

Blog do Didú - UOL Blog

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A AURORA FAZ 80 ANOS E por falar em vinhos

Veja nesse episódio do programa "E por falar em vinhos" a história da Cooperativa Vinícola Aurora, maior produtor de vinho do Brasil que completa 80 anos de fundação. Assista o programa na integra no link.

E por falar em vinhos - 24/07/2011 - Vídeos - Canal Rural

SABRAGE NA TV E por falar em vinhos

Nesse episódio do programa "e por falar em vinhos" sabrage de espumante e degustação vertical de vinho brasileiro, assista no link

E por falar em vinhos - 17/07/2011 - Vídeos - Canal Rural

WORKSHOP VINIPORTUGAL EM FORTALEZA

O palestrante André Freire de Carvalho, ladeado pelas representantes da ViniPortugal.

Aconteceu ontem, no salão do Restaurante Lô, em Fortaleza, o Workshop da ViniPortugal, conduzido pelo jornalista e enófilo baiano André Freire de Carvalho, o evento foi bastante concorrido, teve boa participação de publico e foi extremamente enriquecedor de informações sobre a enografia portuguesa.
A ViniPortugal é uma entidade privada, que reúne produtores, enólogos e profissionais do ramo de vinhos de Portugal, que trabalham em prol da divulgação da cultura enológica Lusitana, pelo mundo afora.
Alguns anos atrás foi realizada uma pesquisa para individuar quais seriam os países com maior potencial de crescimento comercial para os vinhos portugueses e o Brasil foi indicado como uma excelente oportunidade.
Apesar de ter um consumo per capita irrisório, abaixo de dois litro/ano, o Brasil está em franco crescimento, além disso qualquer número decimal de crescimento no Brasil, diante de sua população de 190 milhões de pessoas, se transforma em volume significativo, daí o interesse em divulgar o produto de forma bastante intensiva e, devo acrescentar, com muita competência e bom gosto, exatamente de acordo com o estilo do novo consumidor de vinho brasileiro.


Na palestra foram apresentados números relativos a produção de vinho de Portugal que, apesar de seu tamanho reduzido, coloca-se estável entre os dez maiores do mundo; foi abordado o tema da riqueza ampelográfica lusitana, com cerca de 250 variedades autóctone, além de recebermos informações atualizadas sobre as classificações DOC e IGP, que tiveram modificações recentes.
Ao longo do evento foram degustados seis vinhos, de regiões diferentes, dois brancos, um rosé e três tintos, vamos a eles:



VINHOS BRANCOS:

VARANDA DO CONDE 2009. Vinho Verde, amarelo palha com reflexos esverdeados, no nariz frutas frescas e flores, com toques amendoados e defumados, de corpo médio, intenso de boa acidez refrescante.


BÉTULA 2009. Vinho branco do Douro, de Sauvignon Blanc com Viognier, amarelo claro com reflexos dourados, nariz limpo, nítido de frutas frescas e leve toque herbáceo (Sauvignon Blanc), 50% do vinho passa por barrica, o que deixa uma certa complexidade e estrutura, belo vinho.


ROVISCO GARCIA ROSÉ 2009. Alentejano, cor rosa claro, parecida com casca de cebola, porém mais claro, de Aragonez, Touriga Nacional e Syrah, nariz de frutas vermelhas, goiaba, bem nítido, na boca refrescante, de boa acidez, gastronômico, um vinho leve de acordo com a proposta do vinho rosé.


QUINTA DE PANCAS SELEÇÃO DO ENÓLOGO 2008. Da região de Lisboa, de Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet, vinho rubi de boa intensidade, nariz bastante marcado pelo toque vegetal, pimentão se sobressaindo e ocultando um pouco a excelente fruta, vinho de boa acidez, corpo médio, taninos presentes, faz 12 meses de barrica francesa.


ALENTEX PREMIUM 2007. Região do Alentejo, Trincadeira e Aragonez, bela cor rubi de intensidade marcante, nariz de frutas pretas maduras, cereja preta, com toques tostados, o vinho passa 10 meses em carvalho americano e dá para sentir, os toques abaunilhados marcam presença, equilibrado, não muito ácido (região quente), taninos macios e corpo médio.


FOLLIES TOURIGA NACIONAL 2007. Bairrada, de bela cor rubi intensa, aromas frutados e de evolução, nítidos, pareceu o mais "português" dos três tintos que degustamos, os 12 meses de barrica francesa deixam o vinho concentrado, complexo e bem harmônico em seu conjunto, vinho encorpado, de acidez correta, suculento.

Foi uma boa experiencia, esperamos que outros produtores, ou associações que promovem os vinhos, porque não a IBRAVIN, sigam o exemplo da ViniPortugal, que está de parabens pela excelente iniciativa de divulgação, o vinho precisa disso, divulgação, cultura e conhecimento.
  

segunda-feira, 25 de julho de 2011

DEGUSTAÇÃO AUSTRÁLIA x CHILE

A WINE SPECTATOR, mantém em seu site uma programação de cursos on-line de iniciação a degustação e ao mundo dos vinhos que é muito interessante, o aluno estuda as matérias de acordo com as dicas do site da revista, periodicamente faz testes avaliativos, dessa forma subindo de nível em nível, gradativamente.
De vez em quando, e não podia ser diferente, a revista estabelece uma degustação de determinados vinhos sugeridos por ela (a procedência e o estilo, não a marca), com a relativa ficha especifica a ser preenchida, segundo um roteiro de aprendizagem que é a cara da revista,. privilegiando o Novo Mundo, como não podia deixar de ser. Lembramos que a Wine Spectator é aquela revista que em sua lista dos 100 melhores vinhos do mundo, classifica mais de trinta Californianos!
Um amigo está seguindo essa rotina e formou um grupo de estudo, no qual me incluo, que se reúne de vez em quando para degustar os vinhos de acordo com as indicações da revista.
Na Terça Feira passada foi dia de reunião, presentes George, o "aluno" da WS, seu irmão Eduardo, Carlos e eu, para degustar e palpitar a respeito de três bons vinhos comerciais, nada de medalhões, vinhos honestos e bem abaixo dos R$ 100,00 (os vinhos foram adquiridos no Empório Delitalia, em Fortaleza e a degustação foi realizada lá mesmo, na área da pizzaria).
O primeiro foi um representante da Austrália, um Pinot Noir Bin 99 safra 2009, da Lindeman's, seguido pelo também australiano Diamod Shiraz 2008 da Rosemount Winery e, para finalizar o Gran Reserva Tarapacá Cabernet Sauvignon 2007, do Vale del Maipo - Chile.
O Pinot Noir apresentou de cara a coloração típica, clara, com reflexos levemente granada (a luz era péssima, a avaliação da tonalidade foi feita por comparação entre os três vinhos, por isso é um tanto quanto aproximada), regular, sem defeito.
O aroma de média intensidade (para conseguir forte intensidade de aroma com a Pinot Noir, fora da Cote d'Or, é difícil), frutas vermelhas, cereja, floral, nítido, limpo e característico do varietal, sem toques terciários, o vinho não passa por madeira, de boa qualidade mas, se me permitem, um pouco avarento em personalidade, muito certinho, bem feitinho, de boa tipicidade, mas não empolga.
Na boca boa acidez, taninos leves, de médio corpo, sabor intenso, sem muita complexidade mas bem equilibrado, o álcool não se sobressai, de boa persistência, com aroma de boca a confirmar o varietal e as impressões que tivemos no nariz, um vinho bom, bem equilibrado, não empolgante mas correto e franco.
O Shiraz tinha a missão de defender uma casta que na Austrália produz excelentes vinhos, vamos ver como se saiu.
No visual foi impecável, limpo, de cor rubi bastante intensa, com lágrimas abundantes.
No aroma foi bem menos interessante, estava muito apagado, de intensidade abaixo do esperado, os toques de frutas pretas, ameixa e pimenta estavam apenas perceptíveis, a madeira presente não se sobressaia, mas também não acrescentava a complexidade esperada, ficaram comprometida a nitidez dos aromas e, consequentemente, a harmonia do vinho, nariz decepcionante.
Na boca a história mudou, acidez boa, não agressiva (vinho de clima quente), taninos presentes, macios pelos 10 meses de barrica, vinho de bom corpo, com aroma de boca que remeteu ao estagio em madeira, de tostado e algo de chocolate, toda a complexidade que tinha sido negada ao olfato, apareceu por via retro-nasal, um vinho longo, de boa qualidade, apenas não conseguiu melhor desempenho por causa do aroma apagado demais, uma pena, tinha tudo para ser o melhor da noite.
O último vinho degustado foi um exemplar típico da enologia chilena, da "escola" chilena diria.
O Tarapacá Gran Reserva Cabernet Sauvignon, apresentou cor limpa, intensa e fechada, apesar de ser 2007, tonalidade rubi reflexos granada, lágrimas abundantes.
No nariz a intensidade era impressionante, muito superior a dos demais, a nitidez boa, aromas claramente perceptíveis de frutas vermelhas, toque de pimentão, terra e couro, acompanhado de notas de chocolate e...tostado, madeira, muita madeira, uma serraria inteira.
Na boca não muito ácido, de corpo pleno e taninos marcantes, mas aqui ficou evidente o excesso de madeira, o tostado, a baunilha, o mentolado da barrica americana estavam um pouco excessivos, final de boca longo e bastante complexo; um exemplar como manda a velha "escola" chilena, quem gosta desse tipo de vinho, onde a madeira se sobressai com veemência, com certeza vai adorar, mas, para uma avaliação mais crítica, o vinho perde harmonia em seu conjunto e isso o torna levemente desequilibrado.

Na avaliação geral, pela média dos 4 degustadores, ficou assim:


1º Pinot Noir Bin 99 da Lindeman's


2º Diamond Shiraz da Rosemount Winery


3º Tarapacá Gran Reserva Cabernet Sauvignon 

O Shiraz e o Cabernet Sauvignon ficaram quase empatados, na verdade resolvemos apenas premiar o "defeito" de nariz do australiano e penalizar o "excesso" de madeira do chileno, por considerar um defeito menos invasivo que o outro, possivelmente outros avaliadores possam analisar de forma diferente.

domingo, 24 de julho de 2011

A GARRAFA DE VIDRO: Como surgiu

A história do vidro se confunde com a história da humanidade, antigo quase quanto o vinho que transporta, o vidro foi descoberto pelos fenícios, por volta do ano 3.000 A.C., conta a lenda que foi por causa das fogueiras que este povo de navegadores acendia nas praias, que eles observaram o comportamento da areia sob a ação do calor intenso do fogo.
O tempo passou e foram os romanos que começaram a dominar a técnica de produção do vidro ao ponto de produzir algumas rudimentares garrafas que, já naquela época, se destinavam ao armazenamento dos mais variados líquidos, embora, no caso do vinho, era comum a utilização de jarra de barro, tanto para o transporte como para o serviço.

Garrafas da época do fim do Império Romano séc. II a IV d.C.

Com o fim do império Romano e a sucessiva Idade Média, o vidro fica relegado em segundo plano, voltando a ser produzido, desta vez com excelentes resultados do ponto de vista artístico, somente por volta de 1.400 d.C., na cidade de Veneza, mais precisamente na ilha de Murano.
Ao longo dos sucessivos séculos a garrafa de vidro passa por uma evolução do ponto de vista do design, mas ainda não é utilizada para o armazenamento do vinho, apenas para o serviço à mesa das famílias mais abastadas, pois o vidro é artigo de luxo, muito caro, apenas os melhores perfumes são armazenados nele.
A manipulação do vidro se desenvolve de forma industrial na Inglaterra, onde cresce e prolifera.
Um acontecimento importante em nossa historia se dá no ano de 1615, quando o Almirante inglês, Sir Robert Mansell, manifesta para o Rei da Inglaterra, sua preocupação para o fato que grande parte da madeira extraída era utilizada para alimentar as fornalhas da industria de vidro da época, causando falta da preciosa matéria prima para a industria naval britânica, necessitada de cada vez mais navios para suprir as incumbências comerciais e militares do Império que estava crescendo constantemente.
Sensibilizado com esse assunto o Rei da Inglaterra, baixa um decreto que obriga a industria do vidro a utilizar o carvão como única forma de alimentar seus fornos, dando sem querer o grande empurrão histórico para o nascimento da Revolução Industrial.
A partir da evolução industrial do vidro, em poucos anos os ingleses conseguem desenvolver uma garrafa de cor escura, em condições de resistir a uma vedação com rolha, de pescoço alongado e bojuda; estamos ainda bem longe da utilização assim como é hoje, mas, pela primeira vez, temos uma embalagem própria, identificada com o vinho, embora a maioria dos governos ainda proibissem o transporte de vinho acondicionado em garrafa.

Garrafa de vinho realizada em vidro verde - Inglaterra 1613.

Precisamos esperar até o ano de 1728 para que um governo, o francês, no caso, autorize os produtores de uma região vinícola, a Champagne, a utilizar a garrafa de vidro para comercializar o vinho; a partir daí o uso da garrafa de vidro se espalha cada vez mais, e cada região vinícola do mundo desenvolve um modelo de design peculiar para armazenar seu vinho.
No fim do seculo XIX, a técnica de produção manual é substituída pela mecânica, levando a um ulterior crescimento e divulgação do vidro como melhor meio de guardar e transportar o vinho, até os nossos dias, quando surge a importância do uso de garrafas mais leves, de acordo com a tendencia ecológica de não onerar a atmosfera terrestre com produção excessivas de poluentes, que se fazem necessários para produzir, e transportar, garrafas mais pesadas, geralmente usadas para armazenar vinhos mais caros.

FORMATOS CLÁSSICOS DE GARRAFAS 

Diferentes tipos de garrafs, da esq. Bordalesa, Renana, Borgonhesa, Champagne

BORDALESA Tradicional garrafa, originaria da região de Bordeaux, na França, caracterizada pelo pescoço  curto, a forma cilíndrica e os ombros definidos.

BORGONHESA. Originaria da região de Borgonha, na França, essa garrafa tem pescoço gradual, geralmente de cor escura, utilizada no mundo todo, sobretudo para os vinhos feitos a partir de Pinot Noir, Chardonnay e, as vezes, Syrah.

RENANA. Originaria da vale do rio Reno, na Alemanha, é de design delgado e alto, geralmente utilizada apenas para vinho branco, a semelhança dela existe a garrafa ALSACIANA, desenvolvida para os vinhos da homônima região francesa, um pouco mais delgada e cumprida que a Renana.

CHAMPAGNE. Tipica garrafa da região que inventou o espumante, é parecida com a BORGONHESA, porém um pouco mais bojuda e alta que essa ultima, o peso dela é maior, bem como a espessura do vidro, pois precisa resistir a pressão exercida pelo gás carbônico ao seu interior.

CAPACIDADE DAS GARRAFAS.
Existem garrafa de vinho de vários formatos, as mais famosas são:

1/2 GARRAFA. 375ml
GARRAFA PADRÃO. 750ml
MAGNUM. 1,5 litros
JEROBOAM. 3 litros
RÉHOBOAM. 4,5 litros
MATUSALEM. 6 litros
SALMANAZAR. 9 litros
BALTAZAR. 12 litros
NABUCODONOSOR. 15 litros
SOLOMON. 18 litros 

sábado, 23 de julho de 2011

NOÇÕES BÁSICAS DE VINHO: O serviço - Abertura da garrafa



Quando abrir:
Os vinhos tintos de guarda ou aqueles que permaneceram na adega por períodos superiores a um ano sofrem uma certa inibição dos aromas, devido ao ambiente redutor da garrafa. Nestes casos, abri-los antecipadamente (uma hora, antes, por exemplo) permite a oxigenação dos mesmos, dando como resultado maior liberação de aromas. Este procedimento não é necessário para vinhos tintos jovens e brancos.


Como abrir:
Devemos cortar a cápsula logo abaixo do anel do bico da garrafa, evitando que resíduos fiquem na mesma, e entrem em contato com o vinho. Para melhor compreender assistam ao vídeohttp://www.fisar.com/index.asp?notizia=2287&codice=51

Como extrair a rolha:
O saca-rolhas não deve ser um instrumento de tortura nem para você nem para o vinho. Ele deve facilitar seu trabalho.
Saca rolhas profissional de dois estágios, o melhor para o correto serviço do vinho.

Como servir:
Os copos devem ser servidos somente até a metade; dispostos à direita das pessoas, em ordem de uso da direita para a esquerda. Primeiro o copo de vinho branco (o menor), depois o de vinho tinto (o médio) e por último o copo grande de água;
Deve-se trocar o copo a cada vinho. Vejam a maneira correta de proceder no serviço a mesa, assista ao vídeo nesse link. 
http://www.fisar.com/index.asp?notizia=2290&codice=51

sexta-feira, 22 de julho de 2011

SANTA CATARINA E OS VINHOS DE ALTITUDE

Vinhedo em São Joaquim

Uma região que está crescendo muito nesses últimos dois anos é, com certeza a região da Serra de Santa Catarina, com seus vinhedos localizados em altitudes que variam de 900 até 1400 m.s.n.m. numa área que compreende os municípios de São Joaquim, Campos Novos, Caçador, Videira e suas respectivas regiões.
A maioria dos produtores estão reunidos numa associação de categoria, a ACAVITIS, que foi criada para dar suporte a seus associados junto aos órgãos oficias, defender seus interesses nas politicas publicas, qualificar e certificar a produção, além de buscar novos mercados.

O projeto vitivinícola desta região é muito interessante, focado na qualidade da produção, buscando na vitivinicultura uma visibilidade de projeção nacional, para aliar a cultura do vinho ao desenvolvimento turístico, ao exemplo do que acontece no Vale dos Vinhedos, que hoje recebe turistas de todo Brasil.
As uvas plantadas são todas de VITIS VINIFERAS (ainda bem que aqui não existe o cultivo daquelas pragas americanas e hibridas, que nada representam para o vinho), das variedades Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Cabernet Franc, mas também variedades menos comuns por aqui, como Sangiovese, Malbec, Tinta Roriz (também conhecida como Aragonez, ou Tempranillo), Touriga Nacional e Trincadeira. Com relação as variedades brancas os catarinense são mais conservadores, ficando apenas com as "clássicas" Chardonnay e Sauvignon Blanc.

Colheita de uvas geladas para produção de ICEWINE - Vinicola Pericó

VINHOS DE ALTITUDE. O grande diferencial desta região, como já acenamos antes, é a elevada altitude sobre o nível do mar, mas vamos ver exatamente como e porque essa altitude influi na qualidade das uvas e, consequentemente, do vinho.
Onde exatamente a altitude cria condições especificas de clima para contribuir de forma positiva para a viticultura? Começamos por dizer que, a cada 100 metros que sobe acima do nível do mar, o ar perde 1% de seu carbono, o que, levado para nossa região em questão, significa que no vinhedo catarinense, temos cerca de 10 a 12% a menos desse elemento na sua atmosfera.
As folhas, pela fotossíntese, extraem o carbono do ar para utilizá-lo em seu crescimento; nessa altitude, pelo carbono rarefeito, conforme a teoria acima, o ciclo vegetativo da videira se torna mais lento.
A menor pressão atmosférica, por causa da altitude, junto com uma maior proximidade do sol, provocam uma evaporação maior nas folhas, que, ao eliminar mais água que em altitudes menores, concentram os nutrientes que a videira suga do solo e formam uma seiva rica de alimentação que beneficiará os frutos.
Além disso a proximidade do sol propicia uma atividade acentuada da videira ao longo do dia e um descanso total no frio da noite, favorecendo a concentração dos nutrientes.
Por conta desses fatores teremos, em média, uma atividade vegetativa e de frutificação mais lenta, com períodos de maturação mais longos e consequente aumento da concentração NATURAL dos polifenóis (a maiúscula não é erro de digitação), que enriquecerão os aromas do vinho.


OS PRINCIPAIS PRODUTORES. Na Serra Catarinense a produção de vinho é muito recente, mesmo em nível de plantio não temos praticamente nada até o ano de 1999, a própria ACAVITIS, foi fundada em 2005; isso não chega a ser um problema, por ser uma região nova, não carrega os problemas de outras mais tradicionais, como o Vale dos Vinhedos, que poderia ser muito mais importante do ponto de vista da produção de vinho fino, mas que tem essa possibilidade negada pela extensa superfície de vinhedo de VITIS AMERICANA, conduzida em latada, caracterizando assim uma paisagem bastante inusual para o visitador que conheça as regiões vinícolas ao redor do globo, onde a condução em espaldeira é unanimidade; o lado positivo aí fica por conta do destino dessas uvas que hoje são utilizadas na produção dos excelentes sucos de uvas e, cada vez menos, para produção de péssimos vinho de mesa.
Para voltarmos a Serra Catarinense, os principais produtores são Villa Francioni, Pericó, Santa Augusta, Panceri, Krantz, Santo Emilio, Villaggio Grando, Quinta da Neve e outras menores.



A CURIOSIDADE. A testemunhar que estamos falando de uma região nova, não posso deixar de mencionar um fato curioso, que só encontrei aqui, bastante inusual se comparado as demais regiões vinícolas do mundo.  Praticamente todos os produtores de vinho de Santa Catarina, possuem seus vinhedos, mas muito poucos tem planta fabril para vinificação, essa é a novidade, pois no resto do mundo é comum que o viticultor que não tem vinícola própria, entregue sua produção de uva para ser vinificada em alguma cooperativa ou para outro produtor, mas esse último, paga o viticultor pela fruta e, geralmente, comercializa o vinho obtido com sua própria marca, de modo que ninguém sabe quem foi o produtor da uva.
Em Santa Catarina é o contrário, mesmo importantes vinícolas, que graças a qualidade de seus vinhos, conseguiram já destaque em nível nacional (Pericó por exemplo), não vinificam suas uvas mas entregam para alguma outra vinícola da região, a qual fará a vinificação, obviamente sob a supervisão do enólogo do produtor, e engarrafará com o rótulo do responsável pelas uvas.
Não deixa de ser um fato curioso que caracteriza, caso fosse preciso, o vitivinicultor brasileiro um sujeito de muita fantasia, que com criatividade consegue driblar o dia a dia e tocar projetos interessantes, como esse dos vinhos de altitude do Brasil.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

ViniPortugal organiza Workshop Vínico em Fortaleza

O Brasil iniciou o ano de 2011 com um aumento de importação de vinhos portugueses de 23% em valor e mais de 31% em volume, isso num período em que a importação de vinhos em geral diminui de 5%, com relação ao ano anterior.
Diante dessa notícia, a entidade ViniPortugal, resolveu investir em um ciclo de palestras que vão acontecer nas principais capitais brasileiras, até a próxima Quinta Feira 28 de Julho.
Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, destaca a importância estratégica do mercado brasileiro para a realidade vinícola de Portugal, daí o interesse da entidade que ele preside em consolidar a imagem de Portugal como produtor de grandes vinhos.
Os workshop acontecerão em Rio de Janeiro, Brasilia, Florianópolis, Fortaleza, Belo Horizonte e Campinas, cada evento será conduzido por um palestrante diferente, em Fortaleza contaremos com a presença de André Freire de Carvalho, jornalista e enófilo, inventor e organizador do evento Wine Bahia.
Teremos a apresentação de seis vinhos portugueses, seguida de degustação e cocktail, o evento será no Restaurante Lô, voltado especificamente para os profissionais, sommeliers, comerciantes do ramo, jornalistas e formadores de opinião.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Vinho da Casa Valduga deixou pra trás grandes nomes do Chile e Argentina.

Vejam no link abaixo o excelente desempenho do Storia da Casa Valduga, em recente degustação às cegas (como deve ser), promovida por blogueiros vínico, vale a pena conferir que rótulos foram selecionados para a disputa.
Não podemos deixar de parabenizar o nível de qualidade do Storia que alcançou resultado tão notável.

Um tira-teima Storico! Vinho da Casa Valduga deixou pra trás grandes nomes do Chile e Argentina. ~ Papo de Vinho

segunda-feira, 18 de julho de 2011

NOVO MUNDO X VELHO MUNDO a questão é Procedência ou ... Estilo

De esquerda: Jardênia, Izakeline e Marco 

No último Domingo, na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi, aconteceu um debate sobre os vinhos do Novo Mundo versus os do Velho Mundo, para defender a causa do Novo Mundo, a nossa amiga jornalista Izakeline Ribeiro convidou Jardênia Siqueira, enófila e colaboradora do site Viticultura, para falar do Velho Mundo coube a mim a tarefa.


O tema é muito amplo, sobre esse assunto já se falou de tudo e o contrario de tudo, porém sempre vale acrescentar mais um pouco de informações.
Em minha opinião, mais do que uma questão de procedência, se trata de um estilo diferente de fazer o vinho, é certo que o chamado estilo "novo mundo" é hoje utilizado por vários produtores europeu, por se tratar de uma proposta comercial importante.

Ao mesmo tempo, aquilo que alguns anos atrás os produtores californianos e australianos, sobretudo, esnobavam, a influência do Terroir, é hoje parte importante da agenda desses produtores, além de objeto de estudos e buscas para cada vez mais diferenciar os próprios vinhos, pelo menos os de ponta, dos demais.

Temos então uma situação curiosa, com produtores europeus utilizando barricas novas, mesmo em regiões onde estas não fazem parte da tradição (Piemonte, Toscana, Bairrada, Dão) e produtores de Chile, Argentina e Brasil procurando fazer vinhos fugindo da madeira, buscando preservar a acidez natural, evitando a padronização inevitável que acontece quando se abusa da maceração e concentração, para extrair cor e taninos, sucessivamente "amaciados" com doses elevadas de carvalho.

Uma região que conheço razoavelmente, a de Langhe, no Piemonte, conta de produtores que se identificam tanto no estilo moderno (chamar de Novo Mundo aqui é um pouco ousado, prefiro ficar com a palavra "moderno"), os ditos "modernistas"; como os defensores da mais pura tradição, os "puristas".
Vou dar aqui uma dica que, como todas as dicas, não é infalível, mas pode ser de ajuda, para saber de que escola é adepto determinado produtor, observe as garrafas que utiliza para seus vinhos, se for a característica "Albeisa", provavelmente se tratará de um purista, do contrário, se se trata de uma "Bordalesa", muito provavelmente será um adepto do estilo moderno.
Volto a repetir que hoje essa divisão não é mais tão nítida, mas que no passado foi causa de polemicas acirradas, isso foi.

Vamos dar alguns exemplo do que falei acima: Cavallotto, excelente produtor de Castiglione Falletto, possui en torno de 25 hectares de vinhedos, o mais importante é o Bricco Boschis, aguerrido defensor do estilo tradicional, purista de corpo e alma, garrafa Albeisa.

Barolo de Cavallotto em sua tradicional garrafa Albeisa

Brovia, vinhedos em Castiglione Falletto e Serralunga d'Alba, garrafa Bordalesa, mas estilo tradicional para os Barolos e barrique para Barbera. Curiosidade sobre Brovia, produz um Dolcetto, o "Solatio", grande vinho que tive a sorte de degustar direto do barril, uns doze anos atrás, que já foi muito elogiado por Luigi Veronelli, quando o saudoso escritor ainda trabalhava, e vibrava, pela produção vinícola italiana.


Silvio Grasso, 11 hectares em La Morra, garrafa Bordalesa, modernista, menos pelo Barolo Turné (significa retorno em dialeto piemontês), afinado em botte grande, mas com garrafa bordalesa.


Elio Altare, La Morra, a vinícola fica na beira do caminho que, descendo de La Morra, leva para a Strada Provinciale Alba - Barolo, modernista convicto e precursor do estilo, junto com Bruno Giacosa, barrique para todos os vinhos, garrafa bordalesa.

Garrafa Bordalesa para o "modernista" Elio Altare

Bera, aproximadamente 10 hectares ao sul de Barbaresco, produz Barbaresco, Barbera, Dolcetto, Moscato e Arneis (vinho branco aromático de Langhe, quem não conhece não sabe o que está perdendo!), os vinhos dele não fazem barrica (menos o Barbaresco), tradicionalista, garrafa Albeisa.

Barbera d'Asti de Bera

Albino Rocca, 18 hectares na região de Barbaresco, todos os grandes vinhos dele (e são muitos, e grandes mesmo) são afinados em botte grande, garrafa Albeisa.

Barbera d'Alba de Albino Rocca

Moccagatta, 12 hectares, região de Barbaresco, Brabaresco e Barbera em barrique, Dolcetto in botte, garrafa Albeisa.
Como disse antes, a minha é apenas uma dica, o que vale é experimentar e perceber a diferença entre as duas escolas e optar por quem mais agrada, o problema é que esses vinhos, que estão disponíveis no Brasil, tenham, em geral, um preço muito elevado

sábado, 16 de julho de 2011

NOÇÕES BÁSICAS E VINHO: O Serviço - Temperatura

A temperatura de serviço favorece ou prejudica a apreciação dos aromas e sabores.

* Espumantes: a baixa temperatura enaltece os aromas, permite o lento desprendimento do gás carbônico e tornando-os menos agressivos. A faixa é de 4º a 6º graus, sendo a menor para os demi-sec ou doces e a maior para os brut. É sempre preferível gelar o espumante em um balde, assim evita-se que a rolha também se resfrie, dificultando a sua abertura.

* Vinhos Brancos Suaves: ocupam a segunda faixa, situada entre os 4º a 6º graus. Esta temperatura baixa é recomendada devido a ação do açúcar, que amacia o sabor.

* Vinhos Brancos Secos: 6º a 10º graus. Os vinhos muito jovens na temperatura inferior, pelo efeito da acidez que é mais presente e os maduros, na superior. Aqui se incluem os rosados demi-sec ou, por exemplo, um Beaujolais Noveau.


* Vinhos Rosados Secos: 12º a 14º graus, ou seja, numa faixa intermediária entre brancos e tintos.

* Vinhos Tintos Jovens e Ligeiros: 12º a 16º graus; resfriados ressaltam sua vino-sidade.

* Vinhos Tintos de Guarda ou Envelhecidos: 15º a 20º graus, para não ressaltar sua tanicidade, que aparece com maior intensidade em temperaturas mais baixas.




sexta-feira, 15 de julho de 2011

COMO DEGUSTAR UM VINHO - Pequena Sintese

"A extrema diversidade das situações de degustação, desde a vinha até a refeição entre amigos, pode ser reduzida a um quadro geral.
A situação mais frequente, que é o consumo razoável em família ou entre amigos, pode se valer de algumas praticas simples que permitem melhor perceber, julgar, apreciar e saborear.
Essas "boas práticas" também são uteis para escolher os vinhos a serem comprados.
Em primeiro lugar, o cenário. Para degustar bem, o mais adequado é um ambiente simples, suficientemente iluminado por luz solar ou equivalente, sem cheiros fortes.
O vinho deve estar a temperatura correta ou ser levado a ela ficando algumas dezenas de minutos em balde de gelo. A temperatura adequada para os vinhos brancos e/ou leves é de 8 a 12-14 ºC e para os vinhos tintos de 16-18 ºC. É frequente esses limites serem ultrapassados, sobretudo para os vinhos tintos, muitas vezes servidos quentes demais.
O copo de degustação deve ser simples, com capacidade de cerca de 200 ml, sem floreios, de paredes finas, sem cheiro de guardado nem de pano de prato. O copo ISO de degustação e suas variantes é muito apropriado. Com líquido a um terço de sua capacidade, permite a leve agitação necessária para liberar as moléculas odoríferas do vinho. 




O degustador é, evidentemente, o essencial, ao mesmo tempo "ferramenta", objeto e sujeito da degustação. Nesse campo é necessário e suficiente ser dotado, ter disposição para trabalhar e motivação. O gosto pelo bom vinho é a motivação que convida ao trabalho e, na verdade, há muito poucos subdotados sensoriais. Na pratica, o essencial é a atenção. Durante alguns segundos o degustador pensa apenas no que está vendo, sentindo e provando em seu copo. Esquece o que está à sua volta, suas preocupações, e "escuta" o vinho que lhe "fala". Essa escuta também serve como aprendizado, como formação continua por toda a vida.
A degustação propriamente dita compõe-se de algumas fases principais:


O GOLPE DE VISTA. Em alguns segundos, veem-se a limpidez, a intensidade da cor, seus matizes ou tons e, conforme o caso, eventuais depósitos, bolhas discretas ou intensas, nos vinhos efervescentes.


O GOLPE DE NARIZ. Acima do vinho agitado no copo revelam-se os cheiros, suas intensidades, suas naturezas, sua evolução. Esses cheiros são nítidos, sem odores estranhos ao vinho como o mofado do BOUCHONÉ ou "gosto de rolha" (caso mais frequente)? São intensos ou fracos? Simples ou múltiplos? Qual é o cheiro principal?


O GOLPE DE LÍNGUA. Colocam-se na boca alguns ml de vinho e faz-se o liquido circular lentamente em contato com a língua, durante cinco a dez segundos, raramente mais do que isso. Percebem-se ao mesmo tempo os sabores dominantes e seu equilíbrio. Quando há esse equilíbrio, há harmonia e revela-se u,a eventual nota dominante de acidez, de álcool, de adstringência tânica. Em caso de excesso, há desequilíbrio, desarmonia mais ou menos intensa e desagradável.


Depois de bebido, o vinho revela novos aromas, percebidos pela via retronasal, ou seja, pelas moléculas odorantes que vão da boca para o nariz. Percebe-se sua persistência, sua presença na boca e o equilíbrio geral entre todos os sabores e cheiros.
Tal como o silencio depois da musica de Mozart, que ainda é Mozart, o vinho que desaparece continua presente durante alguns segundos. Em dez a vinte segundos de atenção total o degustador "analisou" seu vinho: ele o compreendeu, pôde apreciá-lo e saboreá-lo (ou recusá-lo!). Voltar a provar satura as papilas e não substitui uma falta de atenção!"

O trecho acima foi extraído na integra do livro "Le Goût du Vin - Le Grand Livre de la Dégustation" de Émile Peynaud e Jacques Blouin, para mim uma obra essencial e definitiva em sua simplicidade.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

CURSO BÁSICO DE SOMMELIER FISAR - Setembro 2011

Estão abertas as inscrições para mais uma turma do Curso de Sommelier da FISAR (Federação Italiana de Sommelier Albergatori e Ristoratori).
A meu ver, e já escrevi um post a respeito, esse é o melhor curso básico disponível no Brasil, não pretendo de forma alguma denegrir os demais cursos, nem muito menos questionar a didática, ou a competência dos instrutores, nada disso.
A minha opinião é embasada no fato que o curso é ministrado dentro de uma área vinícola, a Serra Gaúcha, na cidade de Flores da Cunha que, para quem não sabe, é o município maior produtor de vinhos do Brasil; Flores da Cunha, não as mais famosas e badaladas Bento Gonçalves ou Garibaldi.
As aulas específicas de enologia são ministrada por um doutor em Enologia, Edegar Scortegagna, graduado na Itália  na Universidade de Trento e Udine e atual enólogo chefe da vinícola Luiz Argenta.
As aulas sobre viticultura, solo e terroir, são ministradas pela Engenheira e mestre em Biotecnologia Roberta Boscato, responsável pela condução dos vinhedos da vinícola da família, o curso é ministrado pelo Professor e Sommelier italiano Roberto Rabachino, já bi-campeão mundial.
(confira a programação completa no link) Programa completo do curso
Esses são os motivos que me fazem acreditar nesse curso básico, a possibilidade de esclarecer qualquer dúvida com os diretos responsáveis por aquelas funções especificas, além da possibilidade de ver, ao vivo e em cores, todo o processo de produção do vinho, literalmente da videira até o copo, passo a passo.
Isso torna o aluno um co-protagonista, não apenas um ouvinte interessado que acompanha a matéria na sala de aula, é diferente entender e acreditar no que se estuda e tocar com mão o solo no pé da videira, comer da uva no pé, provar o vinho direto do tanque (horrível!) ou da barrica, provar um base espumante e, em seguida, o próprio espumante pronto na garrafa.
Esse são os motivos que me levam a aconselhar o curso básico da Fisar, tanto para quem precisa como profissional, bem como para o enófilo, que poderão juntar um excelente curso preparatório com uma visita didática guiada por especialistas numa das áreas vinícolas que mais cresceram em qualidade nos últimos anos; como se diz, dois coelhos...  
CURSO BÁSICO DE SOMMELIER FISAR - Setembro 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

Vinhos de Montanha em "E por falar em Vinhos"

Matéria inteiramente dedicada aos vinhos de altitude da Serra de São Joaquim, em Santa Catarina, aí não podia faltar o Icewine....O trator é demais!!!

E por falar em vinhos - 05/06/2011 - Vídeos - Canal Rural

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Julia Harding visita o Brasil e elogia seus vinhos

Em recente visita ao Brasil, a crítica de vinho Julia Harding, parceira e braço direito da famosa Jancis Robinson, com a qual colaborou, anos atras, na publicação do livro Atlas Mundial do Vinho, provou da produção enológica nacional e comentou positivamente.
Após visitar 16 vinícolas e provar 138 rótulos entre vinhos e espumantes, declarou-se satisfeita e impressionada com a qualidade e o progresso alcançado pelas vinícolas brasileiras nos últimos anos.
Além da sempre citada qualidade dos espumantes, onde Julia destaca o excelente nível do Charmat brasileiro, segundo ela de relação qualidade / preço superior superior a vários Prosecco e Cava, a crítica se diz favoravelmente surpresa pelo progresso dos tintos, muito melhores que quando os tinha provado em sua ultima visita há 6 anos, quando teve aqui selecionando rótulos para a edição do Atlas.
A opinião de Julia se justifica se pensamos que nos espumantes já atingimos níveis de qualidade internacional, passível de melhora, certamente, mas já bem posicionados no mercado internacional.
Pelo contrário os tintos ainda tem muita margem para melhorar, as vinícolas perceberam isso e já estão trilhando o caminho da qualidade, como testemunham os pesados investimentos ocorridos nos últimos tempos no Sul do Brasil.
Como não podia ser tudo lindo e maravilhoso, justamente, sobrou alguma crítica para os brancos, onde evidenciou um certo exagero com relação ao uso da invasiva barrica de carvalho americano, com suas notas adocicadas, que tem a tendencia a abafar o frescor do vinho e sua brilhante acidez.
É exatamente o tipo de constatação com a qual concordo, inclusive é tendencia no mundo, utilizar menos o carvalho, abrir mão das notas abaunilhadas e adocicadas que lhe são características e tentar produzir vinhos um pouco mais frescos e prazerosamente ácidos, fiel expressão da natureza e terroir local.
Confira a matéria sobre a visita, inclusive a média das notas conferidas, no link da Ibravin



Ibravin - Instituto Brasileiro do Vinho

Programa "E por falar em vinhos" - 8° episódio

Veja no oitavo episodio do programa "E por falar em vinhos", a fabricação de uma barrica de carvalho, por parte de um artista tanoeiro da Serra Gaúcha.
Esta nobre profissão hoje se encontra em via de extinção e requer muita dedicação e muita paixão, é desenvolvida quase completamente de forma artesanal, com auxilio de uns poucos maquinários e exigindo dedicação e esmero por parte do artesão, matéria imperdível.

Vinhos e Mais Vinhos: Vídeo: Programa "E por falar em vinhos" (Canal Rural) - 8° episódio

domingo, 10 de julho de 2011

NOÇÕES BÁSICAS DE VINHO: O Serviço - Taças



Um bom serviço começa pelo copo. Ele cumpre duas funções quando correto: estética, vestindo e embelezando a mesa; e funcional, facilitando ao máximo a apreciação do vinho. Para isso deve ter quatro características básicas:

* Ter bom tamanho: optando pelo maior ao invés do menor;
* Ser liso: nada de gravações ou arabescos que impeçam ver a cor do vinho;
* Ser incolor: deve mostrar o vinho, não escondê-lo.
* Ter pé alto: destaca esteticamente e impede de ter de pegá-los pelo corpo, o que pode transmitir odores ao vinho.

O copo ou taça de espumante ideal é aquele que permite “saborear” o aspecto visual e o movimento das borbulhas (perlage), por isso seu formato deve ser de “tulipa” ou semelhante, mas sempre longo e alto.



Requisito básico para as taças:
- Corpo separado da base por uma haste
- Abertura mais estreita que o corpo
- Cristal ou vidro fino
- Incolor
- Limpeza cuidadosa
- Volume em torno de 350ml
- O conteúdo não deve ultrapassar a metade


- Quanto aos tipos: brancos - tintos
- Quanto à qualidade: médios - bons - grandes
- Quanto ao corpo: leves - encorpados
- Quanto à idade: jovens - maduros
- Quanto ao teor de açúcar: secos - suaves - doces




REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE SOMMELIER

Conforme o Jornal Nacional noticiou na edição de ontem, Sábado 09 de Julho, a lei que dispõe sobre a profissão do sommelier, foi finalmente regulamentada, o que faz com que o Brasil se adeque aos padrões de exigência internaionais.
Estava na hora de dar esse passo importante para o futuro de muitos profissionais que estavam a espera de reconhecimento, e ao mesmo tempo, vai obrigar muitos outros que até agora ficavam somente com a "pose" a meter a mão na massa, estudar e se profissionalizar adequadamente.
Faço votos que os empresários do setor façam a parte que lhes cabe, facilitando o acesso por parte de seus colaboradores, aos inúmeros cursos pelo Brasil.
Leia no link a publicação da lei.

:: VINHOCULTURA.COM ::

sábado, 9 de julho de 2011

Vinhos de "garagem" do Brasil (Revista Adega)

Interessante matéria sobre a particularidade dos vinhos de garagem, uma novidade, ou moda, que está atraindo muitos consensos, e criticas, junto ao publico consumidor mais esclarecido, não deixem de conferir.

Vinhos e Mais Vinhos: Os vinhos de "garagem" do Brasil (Revista Adega)

PORTUGAL WINE EXPERT e o ganhador é...

... Renato Brasil, parabéns ao sommelier que ganhou a disputada final do concurso Portugal Wine Expert edição de Fortaleza.
A final aconteceu na Sexta Feira 08 de Julho nos salões do Hotel Gran Marquise, os trés competidores foram avaliados por um juri formado de 7 membros entre profissionais da área de gastronomia e jornalistas.
Os sommelier tiveram que superar uma prova de degustação as cegas de 6 vinhos, onde tinham que descrever organolepticamente o vinho, as uvas utilizadas em sua produção, a procedência, temperatura ideal de consumo e  harmonização, tudo em 12 minutos, ou seja 2 minutos para cada vinho, aqui nenhum concorrente ultrapassou o limite.

Após a prova foram mostradas as garrafas degustadas as cegas

Apos a degustação era a prova de recepção de dois "clientes" no restaurante imaginário montado no palco da final, com harmonização de vinho para um cardápio de 5 pratos, uma entrada de queijo de cabra com mel, oregano e compota de alperce (aqui sugeri um Porto White Reserva), um bacalhau fresco confitado em azeite D.O.P. de Moura com caldeirada de legumes (Alvarinho Palácio da Brejoeira), a seguir um carré de borrego em crosta de pistache ao forno com acompanhamento de pimentão vermelho e batatas a padeiro (tinto do Alentejo Reserva DOC safra 2004), queijo minas com goiabada e torradas de pão integral e, para finalizar, canelone de laranja fresca em farofa de leite e baunilha com couli de frutas vermelhas (Moscatel de Setubal 10 anos para os dois últimos pratos), tempo máximo de 8 minutos.
A terceira prova era uma decantação completa de um vinho tinto com tempo máximo de 7 minutos, e eu aqui terminei no último segundo, mas consegui finalizar.
Em seguida era preciso corrigir uma carta de 10 vinho portugueses com erros, apontar o erro e fazer a correção em 3 minutos.
A ultima prova foi o serviço de espumante onde além da abertura correta era necessário encher 6 taças todas no mesmo nível e não sobrar espumante na garrafa, em dois minutos, e só isso.

Renato na prova de degustação as cegas

A classificação final foi a seguinte, campeão Renato Brasil, de Fortaleza, 29 anos sommelier formado pela FISAR (Federação Italiana Sommelier Albergatori e Ristoratori), que trabalha na Universidade Federal do Ceará, a UFC, no curso de Gastronomia, em segundo lugar Marcus Vale, de Fortaleza, 57 anos, sommelier formado pela ABS (Associação Brasileira de Sommelier), empresário do ramo de ótica, em terceiro lugar foi minha vez, Marco Ferrari, 45 anos, italiano, sommelier formado pela FISAR, representante comercial e bloguero vínico nas horas vagas (poucas).

Marcus Vale - Decantação

Foi um concurso muito interessante, a dita do organizador José Carlos Santanita, o nível dos três finalistas foi muito bom, os erros mínimos e geralmente provocados pelo nervosismo, pelo menos de minha parte que foi o primeiro a se apresentar.

Marco Ferrari - Harmonização

A minha lastima não foi ter ficado em terceiro, acho inclusive que o primeiro lugar do meu amigo e seguidor do blog, Renato, vai ser muito importante para dar impulso a carreira dele, o que tenho a lamentar foi a escassa afluência de profissionais de restaurantes e hotéis, ao longo da fase preparatória, o curso de 20 horas que nós tivemos foi extremamente enriquecedor, em informações de grande importância sobre a enografia portuguesa e sobre o serviço de vinho como deve ser, o facilitador, o sommelier português José Carlos Santanita é um profissional extremamente competente e seguro, além de possuir uma didática excelente.
O conhecimento adquirido ao longo de um curso desse nível com concurso final que obriga o participante a se esforçar mais e acaba assim fixando as informações recebidas, contribuiu muito para minha formação, porque então os diretos interessados, da restauração e hotelaria, não compareceram como aconteceu nas demais cidades por onde este evento passou?
Em Salvador foram mais de 400 candidatos para ocupar as 100 vagas disponíveis, em Fortaleza das 100 vagas somente foram preenchidas 41, com a carência de profissionais de qualidade em nosso estado, especificamente no setor da restauração, era de esperar que tivesse uma procura semelhante, mas nada disso aconteceu, não entendo.
Fortaleza e o estado do Ceará com suas praias representam um destino turístico consolidado em nível mundial, estamos as véspera de receber uma Copa do Mundo, investimentos pesados estão sendo realizados visando melhorar as estrutura existentes além de criar outras novas, justamente para melhorar a qualidade da estadia em nossa cidade, porém parece que aqueles que são os diretos beneficiados, por ser profissionais envolvidos nesse mercado não atentam que tudo isso não vai ser suficiente se não for acompanhado de uma reciclagem profunda em suas habilidades profissionais, isso somente pode acontecer através do estudo e do sacrifício em primeira pessoa, é de se esperar que os próprios empresários do ramo atentem para isso, coisa que até agora não aconteceu, oferecendo condições para que seus colaboradores procurem a formação.
Isso é indispensável e já não pode ser adiado. O tempo não está a nosso favor.

sábado, 2 de julho de 2011

VINHOS EXTREMOS - VIN BLANC DE MORGEX ET DE LA SALLE

Porque o nome de vinho extremo? Continue lendo e descobrirá, não somente um vinho raro de ser encontrado, mas um verdadeiro ato heroico por parte de uns malucos que durante séculos fizeram um vinho em um lugar  onde quase nada dá para fazer.

Condução em pérgola de encosta - Vale d'Aosta

A área de cultivo fica nos município de Morgex e La Salle, na margem esquerda da Dora Baltea, afluente do rio , que desce direto do Monte Bianco e formou, ao longo de eras geológicas o Vale d"Aosta, extremo Noroeste da Italia.


Aqui a videira não abandona o homem e se ergue até as altitudes proibitivas de 1.200m/snm. São os vinhedos mais altos da Europa, no vertente íngreme dos Alpes que demarcam a fronteira entre Italia e França (lado italiano).

Vinhedos de Morgex, na encosta ingreme do Monte Bianco - Vale d'Aosta

O protagonista em questão é um vinho (como sempre nesse blog), o Vin Blanc de Morgex et de La Salle, varietal produzido a partir da cepa Prié Blanc, considerada autóctone, fruto de seleção espontânea através dos séculos.
A principal prerrogativa desta cepa é a capacidade de cumprir o inteiro ciclo vegetativo em um período de tempo muito curto, tão curto quanto o verão dessa fria região italiana; precisa ter uma floração tardia e, poucas semanas depois, uma maturação mais rápidas que as demais castas.
Mesmo assim pode acontecer que a neve chegue abundante antes da colheita, como já aconteceu em anos recentes.
As condições de vida são tão extremadas, que nem a terrível filoxera, que destruiu os vinhedos de quase toda Europa no fim do século XIX, conseguiu resistir ao inverno de lá, permitindo ao vitivinicultor plantar suas vinhas em pé franco.
Aí já temos duas condições para definir o vinho como extremo: Altitude e Clima.

Vinhedos plantados em pérgola baixa - Vale d'Aosta

Falando da condução do vinhedo, não podemos deixar de apontar para a singularidade do uso da pérgola baixa, menos de um metro de altura, as vezes, justamente para proteger a uva do vento frio que desce da montanha e para que possa receber parte do calor que o solo pedregoso acumula durante o dia.

Colheita em pérgola baixa - Município de La Salle - Vale d'Aosta
Condições extremas de colheita - neve precoce

Il Blanc de Morgex et de La Salle é um vinho fermentado em aço inox, com uso de leveduras selecionadas e autóctone, para preservar sua tipicidade; não passa por nenhum afinamento em madeira, visando a manutenção do frescor e da originalidade desse vinho singular.
Trata-se de um vinho a Denominação de Origem Controlada, de amarelo palha esverdeado, aroma de especiarias, sálvia e ervas aromáticas, de boa mineralidade e aroma de boca lembrando amêndoa.
Não é muito alcoólico, abaixo dos 12 º, excelente como aperitivo, com entradas, Fontina (queijo típico do Vale d'Aosta) e pratos leves.
Quem se deparar com esse vinho não exite em experimentar, vale a pena conhecer, é um vinho que tem uma historia para contar, uma historia extrema.