sexta-feira, 27 de abril de 2012

BODEGA VISTALBA - TOMERO MALBEC 2010


TOMERO MALBEC 2010 14,4%
Finca Los Alamos – Alto Vale de Uco
Produtor: Bodega Vistalba. Importador: Domno


Excelente tinto mendocino que leva a assinatura do ícone da vitivinicultura  argentina, Carlos Pulenta,foge dos padrões aos quais nos acostumou o malbec, menos geleia e um pouco mais de tipicidade e certa austeridade (leia-se vinho gastronômico), compativelmente com o que se pode pretender na faixa de preço deste vinho (boa relação qualidade - preço, abaixo de R$ 50,00, no nosso caríssimo Brasil).  


Cor tinto rubi de intensidade media, com reflexos púrpuras, discretamente límpido, sem defeitos.


Ataque olfativo bastante intenso, aroma de frutas e flores vermelhas, ameixas pretas muito maduras, leve tostado com toques de baunilha, em seguida aparecem as especiarias como a pimenta preta e o alcaçuz acompanhadas de notas terciárias, lembrando café e sutil chocolate, boa persistência.


Na boca ataque suave, um pouco quente (14,4% de teor alcoólico são muita coisa) mas não desequilibra, final não muito longo, aroma de boca que confirma as impressões do nariz.


Ótimo vinho, melhor no olfato que na boca, a riqueza aromática nos induz a esperar um vinho mais envolvente na avaliação gustativa,  nos colocando na expectativa de uma excelente relação qualidade – preço, relação esta que continua boa, porem a persistência gustativa poderia melhorar, embora perfeitamente em linha com a faixa de mercado. Harmoniza facilmente com carnes na parrilla, frios encorpados e assados com pouca gordura.

VIDA E SAUDE - A PASCOA, SUAS COMIDAS, SEUS VINHOS.

Harmonizando na TV as especialidades da Pascoa, assista no link

VIDA E SAUDE 05 04 2012 bloco 03 - YouTube:

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Aprenda com o Chef - DECANTAR O VINHO: QUANDO PRECISA?

Veja no link quando se torna necessária a decantação do vinho e por qual motivo é preciso efetuar esta operação.

Aprenda com o Chef 83 - YouTube:

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Aprenda com o Chef - SERVIÇO DO VINHO: A ABERTURA DA GARRAFA

O serviço do vinho em restaurante, a abertura correta da garrafa de vinho na mesa do cliente, no link.

Aprenda com o Chef 82 - YouTube:

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Aprenda com o Chef 81 - A CARTA DE VINHO

Veja no programa de hoje de "Aprenda com o Chef" como se monta uma carta de vinho e a ordem correta de apresentação dos rótulos, no link.

Aprenda com o Chef 81 - YouTube:

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quarta-feira, 18 de abril de 2012

ANGELO GAJA: Traduzindo um mito do vinho

Ângelo Gaja: traduzindo um mito do vinho.

Na Sexta Feira 23 de Marco de 2012, a viagem de descoberta ao Piemonte enológico, parte do programa didático da FISAR, do qual participaram trinta sommelier do Brasil, nos reservava uma etapa fundamental, a relevância deste compromisso era tal que toda a delegação responsável  estava tão engajada com a organização a ponto de checar em detalhe todos os pormenores da viagem, desde a saída de Torino, ate a chegada, com ampla antecedência em relação a hora marcada, no povoado de Barbaresco.
Pensando agora, lembro bem da atmosfera bastante intensa daquelas horas, na iminência do ponto de maior clímax de nossa viagem, 






... a cidade de Barbaresco, agarrada ao topo de uma colina, com sua torre medieval a dominar os morros cobertos por preciosas parreiras ao seu redor, nos acolheu envolvida em garoa fina, o frio incomum daquela manha de começo de Primavera, depois de dois dias de sol exuberante, parecia fazer parte de um enredo místico, preparado para acentuar o suspense antes da hora do encontro.






Quando chegamos em frente ao portão onde fica pendurada a placa em três línguas que avisa que não se recebem visitas, compreendi que estávamos prestes a participar de algo incomum, para sommeliers vindos do Brasil, uma oportunidade que dificilmente nos seria concedida de novo.

Fomos recebidos por um funcionário da vinícola que nos levou para uma sala preparada para degustação no castelo situado do outro lado da rua, que foi incorporado à propriedade desde a década de 90.
Começou explicando algum detalhe sobre a produção etc. e nos fez acomodar comunicando que o anfitrião estaria chegando em breve.
E dali a pouco ele chegou, lembro-me de ter pensado que a imagem do homem sorridente que, enquanto escrevo estas linhas, fica me olhando da capa da Wine Spectator de Outubro 2011, não faz justiça a personalidade intensa e ao carisma de Ângelo Gaja, um verdadeiro gentleman que, em mais de uma hora e meia de palestra enalteceu o caráter do povo de Langa e a importância da figura dos artesãos do vinho, pequenos produtores que dedicam sua vida e a de suas famílias na produção de vinhos que trazem em sua alma a fiel expressão desse território.



Feitos a partir de propriedades pequenas, geralmente de 2 a 3 hectares, estes vinhos representam a realização dos sonhos e da filosofia de quem produz, enaltecendo um padrão de qualidade quase inigualável na Itália e no mundo.


Nosso anfitrião continuou sua palestra evidenciando as similitudes entre o Piemonte e a Bourgogne, com relação ao caráter de seus vinhos e de seus povos, orgulhosos e engajados com a busca da qualidade extrema e da identificação com o produto da terra, desenvolveu o interessante conceito da territorialidade, como a forma piemontesa de interpretar o sentido de terroir.



Sem quase mencionar os inúmeros prêmios e os reconhecimentos que conseguiu ao longo de sua carreira, Gaja nos falou sim das origens de sua propriedade, que hoje, com a esposa e as filhas Gaia e Rossana, esta na quinta geração.


Nos fez sorrir contando as anedotas de quando Mondavi queria desenvolver uma joint - venture com ele e Gaja recusou por ter medo que o americano pressionasse para aumentar a extensão da propriedade e o aumento da produção, coisa que ele nunca quis para não comprometer o nível de qualidade de seus vinhos.
Concluiu deixando em mim, que foi escalado para traduzir simultaneamente para os colegas brasileiros, a impressão que a Wine Spectator está certa ao afirmar que Ângelo Gaja e', de fato, o responsável por guiar o vinho italiano Rumo ao topo da qualidade mundial.







O encontro foi finalizado com a degustação de 3 vinhos produzidos em suas 3 propriedades, o primeiro um corte de Merlot, Syrah e Sangiovese de sua propriedade Ca' Marcanda em Bolgheri, seguiu um Brunello di Montalcino de Pieve Santa Restituta e, para terminar com chave de ouro, um Barbaresco 2004, obviamente os vinhos estavam soberbos e não cabe aqui comenta'-los, vinhos como esses não se comentam, se vivem como parte de uma experiência única e inesquecível.



Sommeliers brasileiros da FISAR com Angelo Gaja.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

SALVAGUARDAS, COTAS ... ETC ETERA.

Das salvaguardas, das cotas e...o resto

Neste momento estamos assistindo a turbulências nada saudáveis para o ambiente do vinho no Brasil, por causa de um pedido encaminhado pelo IBRAVIN ao governo, solicitando cotas de importação para o vinho procedente de outros países, numa atrapalhada ideia de proteção para a indústria vitivinicola nacional que levantou a ira e a reação dos importadores.

A reação indignada de parte dos enófilos tomou forma através de um boicote aos vinhos brasileiros, por parte de consumidores também brasileiros, numa atitude que, se de um lado pode ser lida como uma reação em nome do mercado livre chega a soar estranha, por se tratar de uma iniciativa contrária aos interesses de setores da própria economia nacional, porem o Brasil e' um país de dimensões continentais e certas situações cabem também em sua peculiaridade e contribuem para sua incomparável riqueza cultural.

Mesmo assim gostaria de fazer certas considerações, a partir de uma experiência pessoal.
Sou italiano, piemontês, contando hoje 46 anos de idade, a minha aproximação ao mundo do vinho ocorreu exatamente há 38 anos, quando era pratica comum da minha família plantar e colher uvas para fazer o vinho que ia ser consumido ao longo do ano, na pequena propriedade de minha avó.
Lembro ainda da festa que era no domingo de vindima, quando toda a família, desde os mais próximos ate os primos em terceiro grau, apareciam para ajudar e ganhar assim o direito a uma cota do vinho que meu pai fermentava e afinava em 3 barris de carvalho na adega da chácara.

Os tempos se passaram e, depois de algumas perdas que marcaram o caminho de minha família, me reaproximei do vinho no começo da década de 80, desta vez como consumidor jovem, porém consciente.
Com então pouco mais de 18 anos me lembro de que o cenário era dominado por terríveis Barberas que tinham na adstringência e na acidez elevada a principal conotação.
Era praticamente um desafio para qualquer um beber desses vinhos sem um adequado acompanhamento, de preferência queijos e salames típicos da região, do contrário não descia, secava a boca e empastava a língua e a voz.


Então algumas coisas aconteceram, os produtores, talvez cansados de serem comparados de forma pejorativa aos vizinhos franceses, já esnobes naquela época, começaram a virar o jogo, lentamente, começando pelos principais e mais fortes economicamente (um sobre todos: Giacomo Bologna, vulgo Braida, um marco na enologia da província de Asti, autor, não produtor, do celebre Bricco dell'Uccellone), perceberam que o caminho não era forçar os piemonteses a tomar vinho ruim, mas sim oferecer produto de uma qualidade melhor, com um mais acurado trabalho no vinhedo, uma melhor higiene na vinícola, uma renovação dos barris e a adoção, em algum caso, das barricas francesas, além de um cuidado especial na hora de escolher rótulos e garrafas, visando um up-grade visual em seus vinhos para torná-los mais apresentáveis ao mercado.

E não e' que deu certo? Hoje Barbera de grife ganha barrica francesa para descansar e medalhas de ouro para se enfeitar, alem de render ricos dividendos para seu criador; 90 pontos em revistas virou rotina para certos exemplares.
Não somente isso, seguindo o exemplo da Barbera eis que um outro grande menosprezado piemontês, eterno desclassificado como o típico "vinho de merenda" como se não soubesse ir alem de coadjuvante para pão com queijo e salame, o querido Dolcetto, seguiu a mesma trilha e hoje resplandece de sua nova fama e de suas recentes conquistas, como as DOCG; simplesmente impensável até 25 anos atrás.

Mas para que isso se tornasse possível foi preciso que os astros propiciassem dois acontecimentos, de um lado foi necessária a vontade e o empenho dos produtores para investir na qualidade de seus vinhedos e nos avanços tecnológicos nas vinícolas e, do outro lado, os consumidores acreditaram na realização desse milagre piemontês, comprando e consumindo os Barbera e Dolcetto malditos até tornar possível a mudança radical que esta hoje sob as vistas do mundo todo.

Voltamos a nos então, ao Brasil neste Abril de 2012, que tanta discórdia esta experimentando entre seus enófilos, onde será que nos, cada um de nos, pode se inspirar na história de sucesso que contei acima?
Os consumidores brasileiros estão dispostos a apoiar seus próprios viticultores, comprando seus vinhos até estes alcançar uma qualidade que, diga-se de passagem, esta crescendo diariamente?
Os produtores sabem comunicar e divulgar seus vinhos com paciência para uma plateia de enófilos iniciantes que, embora brasileiros, estão localizados mediamente longe das áreas de produção e, talvez por isso, tem mais facilidade de provar e conhecer vinhos de outros países do que os produzidos em sua própria nação; saberão os produtores se unir para encontrar a forma adequada de interagir com o publico consumidor?

Estes são os desafios, a meu ver, e não serão resolvidos com salvaguardas e cotas de um lado, nem muito menos com atitudes drásticas como boicote aos produtos brasileiros, medida que pune com antecedência por algo que ainda está por vir (talvez!!!) e prejudicando desde já uma categoria, não os produtores apenas, mas todos aqueles profissionais, desde os agricultores até os sommeliers, os vendedores, os demostradores e demais trabalhadores que do vinho tiram o sustento e o de suas famílias.

terça-feira, 10 de abril de 2012

VINHOS EXTREMOS: VINICOLA ERMES PAVESE - MORGEX - VALE D'AOSTA

Tive o prazer de visitar, junto com 40 amigos e sommelier brasileiros FISAR, a Vinícola de Ermes Pavese, a Morgex, no fim de março 2012. Emocionado pela acolhida e pelas gratas surpresas, resolvi relatar a experiencia.


Ermes Pavese, seu vinho e Marco Ferrari

Logo acima da cidade de Aosta, seguindo pela Estrada Estatal que leva a fronteira da Itália com a Franca, a pouco mais de 25kms da divisa, a sombra do Monte Bianco, fica localizado o vilarejo de Morgex, onde se pratica uma vitivinicultura de alta montanha, num ambiente tão difícil para a agricultura, quanto bucólico e gratificante para o panorama que oferece ao visitante de passagem.
E' nessa realidade que conhecemos o simpático Ermes Pavese, jovem intérprete de um vinho de sonho, derivado do fruto que o homem retira da Mãe Terra, a custo de muito esforço e trabalhando em condições climáticas e geográficas únicas no mundo.

Vinhedo de Prié Blanc devastado pela neve.

Vinhedos em Morgex, atras das nuvens o Monte Bianco e a fronteira Itália - França

Pérgola baixa valdostana com tipicas colunas de pedra a sustentar a estrutura, antigo artificio para reter o calor nas frias horas noturnas.

Estamos nos vinhedos mais altos da Europa, localizados na vertente leste, a que fica exposta ao sol, das montanhas do Vale D'Aosta, onde as parreiras crescem em altitudes que variam de 900 ate' mais de 1200 metros, em encostas íngremes e pedregosas, varridas pelo frio vento que desce dos picos mais altos da cordilheira dos Alpes.

Valoroso intérprete de um varietal, o único, que se adaptou a essa realidade peculiar; Ermes cultiva o Prie' Blanc, totalmente em pe' franco, conforme o disciplinar da DOC, conduzindo seus 3 hectares de vinhedo de propriedade da família com total devoção ao estilo tradicional da região, sem utilização de agrotóxicos, numa pessoal interpretação da viticultura orgânica.
Num solo em prevalência granítico, coberto por terra negra, nos conta que a melhor maneira de conduzir a videira e' a pérgola baixa, onde a cobertura foliar e a proximidade do chão formam uma proteção natural contra as baixas temperaturas noturnas, quando o frio toma conta do cenário e todo o calor armazenado pelo solo ao longo do dia, precisa ser retido para não comprometer a maturação do precioso fruto da Parreira.

Tanques de fermentação.

O Prie Blanc tem um ciclo vegetativo muito peculiar, brota em primavera já' adiantada, assim de escapar das terríveis geadas noturnas e amadurece com certa rapidez, para antecipar o frio do Outono.
O vinho obtido em Morgex e' um branco de forte presença mineral, aromas discretos de flores brancas, frutado mas com muito equilíbrio e notas minerais envolventes a marcar a personalidade discreta e o caráter firme.
Na boca novamente a mineralidade exaltada pela boa veia sápida, a pedir uma entrada típica valdostana, com queijo Fontina de alta montanha e salames da charcutaria regional, em seguida a acidez refrescante aparece, deixando a salivação molhar nossas papilas e nos convidando a mais um gole, a mais uma garfada, ou melhor mais um petisco, no melhor estilo finger - food, com produtos típicos regionais.
A persistência deste vinho e' médio alta e o aroma de boca confirma as impressões da analise olfativa.


Sala de barriques na adega subterrânea cavada na pedra de Ermes Pavese

Sala de degustação ma adega subterrânea da vinícola.

Certamente um vinho que bebido em sua terra de origem nos deixa maravilhados, nao apenas pela sua qualidade, mas pelo contexto difícil no qual veio a luz, isto reforça minha convicção que o vinho para ser apreciado nao pode ser avaliado apenas como uma bebida em uma taça, mas precisa ser vivido como a experiência de uma fiel expressão de um território e dos homens que nele vivem e trabalham e que através de seus aromas e sabores encontram uma maneira de nos contar a história de sua cultura e de suas paixões pela vida.



matéria em italiano foi publicada na revista eletrônica "Turismo del gusto", veja no link.
http://www.turismodelgusto.com/pages.php?id=497

sexta-feira, 6 de abril de 2012

URUGUAI, ONDE O TANNAT SE TORNA PROTAGONISTA


Escrever sobre o Uruguai significa falar de um pais interessante, de pessoas discretas, mais sóbrias e formais que os espontâneos e barulhentos vizinhos brasileiros, mas também mais ponderados que os argentinos, com os quais dividem as águas do “Rio de La Plata”, em cuja foz se debruçam as capitais dos dois países.

Buenos Aires, em origem “Nuestra Señora Santa Maria de Los Buenos Aires”, terceiro maior aglomerado urbano da America Latina e Capital Federal da Republica Argentina fica encaixada, reparadas das brisas, no lado interno Sudoeste do grande rio, a olhar atravessada uma cidade muito menor, na foz, debruçada a Nordeste, quase a peitar as refrescantes brisas do Atlântico Sul, a cidade de “San Felipe y Santiago de Montevidéu”, como em origem foi batizada a capital do Uruguai, a menor nação do Cone Sul da America Latina, aquela parte do continente que, por motivos enológicos, nos interessa e da qual queremos falar nestas linhas.

O Uruguai é situado entre o 30º e o 35º paralelo Sul, numa faixa climática de bom potencial vitivinicola, conta uma população de 3,5 milhões de habitantes que consomem 29 litros por ano de vinho per capita.
A população é de origem e cultura europeia dominante, italiana, espanhola e francesa, estes últimos caso raro na America do Sul, mas certamente importante do ponto de vista do desenvolvimento enológico.
Vitivinicultura em Uruguai é sinônimo de um varietal não muito conhecido no mundo, mas que neste país, do clima fortemente influenciado pelas frescas e úmidas brisas que sopram do Oceano Atlântico, encontrou seu ambiente natural; rstamos falando do Tannat, que no Uruguai da vida a importantes vinhos tintos.

O Tannat é originário da região do Sudoeste Frances, mais precisamente da região do “Madiran”, nos Altos Pirineus, onde produz um vinho não muito atraente, tânico, duro, que raramente é vinificado em pureza, justamente a causa da elevada tanicidade que o transforma em vinho para pouco apreciadores.
Quem o levou até o Uruguai foi, em 1870, o imigrante basco Frances, Don Pascual Harriague, que deu o começo a um capitulo novo no cultivo da videira neste pais, que já produzia uva e vinho há cerca de cem anos.

Para entender a produção uruguaia temos antes de tudo que considerar que é relativamente pequeno, quando comparada à da vizinha Argentina, o maior produtor do Cone Sul da America, seguida de Chile e, em terceiro lugar, do Brasil; trata-se porem de uma produção muito bem direcionada, mais de 90% fica concentrada no vinho de qualidade, denominado “Vinho de Calidad Preferente” – VCP (Vinho de Qualidade Preferencial), que tem origem em clones selecionados e submetidos à fiscalização do “INAVI” (Instituto Nacional de Vitivinicultura).
Que nem no Brasil, no Uruguai também boa parte das Bodegas são de famílias de origem italiana, como nos dizem seus sobrenomes, entre outros: Bodegas Cesar Pisano e Hijos, Pizzorno Family Estate e Antigua Bodega Stagnari mas, a diferença do Brasil, existe uma forte influencia basco – francesa que reflete talvez no caráter bastante reservado dos vinhateiros destas terras.

Mas voltamos ao Tannat, antes de tudo é o varietal que o Uruguai adotou como símbolo de sua produção, cobre mais de um terço da superfície cultivada a parreiras e da um vinho tinto de cor muito intensa, de caráter tipicamente gastronômico, austero e forte, companhia excepcional para o prato tradicional uruguaio, a carne na “Parrilla”, aquela grelha típica que tem suas origens nos hábitos alimentares dos “Gauchos”, antigos cavaleiros folclóricos que andavam por estas bandas entre o Rio de La Plata, as Pampas Argentinas, a Campanha gaucha e, obviamente, todo o Uruguai.

O Tannat da origem a um vinho muito rico em substancias antioxidantes, antocianinas e taninos , isso exalta suas propriedades saudáveis na prevenção à problemas cardíacos, arteriais e na luta contra o colesterol.
O ambiente em que o Tannat se desenvolve no Uruguai é dominado por alguns fatores determinantes: a conformação geográfica, sobre tudo plana, com leves ondulações que não facilitam o desenvolvimento de microclimas; o solo, geralmente de caráter argiloso e o clima, frequentemente chuvoso e úmido.


A amplitude térmica, fator crítico pela qualidade da uva no processo de maturação, que em outras regiões da America do Sul, Chile e Argentina sobretudo, conta com a proximidade da Cordilheira dos Andes, em Uruguai é garantida pelos ventos frios que sopram a partir do Atlântico Sul, diretamente da Antártida.
A combinação destas variantes climáticas permite aos vinhos uruguaios,de atingir um interessante equilíbrio entre o frutado e a acidez, com um teor alcoólico não excessivo (sobretudo quando comparado a muitos vinhos argentinos e chilenos que superam facilmente os 14,5º e mesmo além), características que, com um pouco de boa vontade e certa dose de otimismo, podem nos fazer pensar a certos exemplares da Nova Zelândia.

A principal região vitivinicola é também a mais extensa, Canelones, situada como um cinto ao redor da capital Montevidéu, no litoral; conta com um índice pluviométrico bastante elevado, acima de 1.000ml/ano, fato que parece não preocupar o Tannat, que não padece com o excesso de chuva, desde que obviamente não caiam durante a vindima, entre os meses de fevereiro e março.

É regra comum em Uruguai, entre os bons produtores, afinar os tintos em barrica, indispensável no caso do Tannat, para domar seus possantes taninos. Vemos portanto que, alem das peculiares características pedo-climaticas que fazem do Uruguai a Terra prometida do Tannat, as Bodegas tratam com muito cuidado e respeito este varietal, com vinificações modernas e afinamentos em madeira de qualidade, conseguindo assim um vinho encorpado, mas também elegante, complexo e dotado de identidade própria, geralmente melhor que o original Madiran.

Atualmente o Uruguai está descobrindo a vocação para a exportação; a reconversão dos vinhedos para a viticultura de precisão e o elevado investimento em novas tecnologias, que caracterizaram o esforço dos principais produtores nos últimos vente anos, estão reposicionando o Uruguai como produtor de vinhos de nicho de mercado, com uma tipicidade toda a ser descoberta, filha de um terroir característico, exótico e muito interessante para os amantes das novidades, com preços acessíveis.
Além do Tannat se plantam, embora em escala menor, outras variedades internacionais, como os Cabernet, Franc e, sobretudo, Sauvignon, o Merlot, muito usado em corte com o Tannat para “arredondar” os exemplares mais rebeldes e, no que diz respeito a pequena produção de brancos, as sempre presentes Chardonnay e Sauvignon Blanc.

Por tudo isso que vimos até aqui podemos dizer que estamos perfeitamente em sintonia com o que afirmam Hug Johnson e Jancis Robinson, autores da bíblia dos enófilos, The World Atlas of Wine, quando dizem que não é exatamente o Uruguai que escolheu o Tannat como varietal ícone de seu país, mas que muito mais provavelmente, tenha sido o Tannat que elegeu estas planícies varridas pelas brisas da Antártida e esquentada pelo sol do Sul como a terra ideal para crescer e oferecer vinhos de grande interesse e ótima qualidade.

Esta matéria saiu na edição de Março - Abril da revista Il Sommelier, veja a revista no link:

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Aprenda com o Chef - HARMONIZANDO COM CHARDONNAY DA VIÑA COBOS

No programa de hoje, camarão com Chardonnay de Mendoza, assista no link.

Aprenda com o Chef - Série Faca Você Mesmo 04 - YouTube:

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Aprenda com o Chef - HARMONIZANDO COM COTES DU RHONE ROSÉ

No programa de hoje massa com peito de frango sassami com Cotes du Rhone Rosé do produtor Delas, assista no link.

Aprenda com o Chef - Série Faca Você Mesmo 03 - YouTube:

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Aprenda com o Chef - HARMONIZANDO COM PINOT GRIGIO FRIULANO

No programa de hoje vamos escoltar a peixada de tilápia com um excelente Pinot Grigio da DOC Colli Orientali del Friuli, confira no link.

Aprenda com o Chef - Série Faca Você Mesmo 02 - YouTube:

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Aprenda com o Chef - HARMONIZANDO COM CHINON DA LOIRE

No programa de hoje, massa com molho de tomate, acompanhada por um belo Chinon do Vale de Loire.

Aprenda com o Chef - Série Faca Você Mesmo 01 - YouTube:

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Aprenda com o Chef - HARMONIZANDO COM GARNACHA DE NAVARRA

No programa de hoje a harmonização é de arroz marroquino com vinho espanhol, assista no link.

Aprenda com o Chef - Série Silvana Romcy 04 - YouTube:

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Aprenda com o Chef - HARMONIZANDO COM VINHO DA AUSTRIA

No programa de hoje, os famosos charutinhos árabes serão harmonizados com rosé da Austria, assista no link.

Aprenda com o Chef - Série Silvana Romcy 03 - YouTube:

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Aprenda com o Chef - HARMONIZANDO COM RIESLING ALEMÃO

No programa de hoje o Tabule libanes será acompanhado com um Riesling alemão, assista no link.

Aprenda com o Chef - Série Silvana Romcy 02 - YouTube:

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Aprenda com o Chef - HARMONIZANDO COM ESPUMANTE DA SERRA GAÚCHA

No programa de hoje a entrada libanesa de pasta de berinjela, acompanha Arte Brut da Casa Valduga, assista no link.

Aprenda com o Chef - Série Silvana Romcy 01 - YouTube:

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IMPRESSÕES DE DEGUSTAÇÃO: TABALI PINOT NOIR



TABALI RESERVA PINOT NOIR 2009 D.O. LIMARI 13,5%
PRODUTOR: VIÑA TABALI; IMPORTADOR: GRAND CRU


O Vale do Limari fica no Norte do Chile, em região muito próxima do deserto de Atacama, dai a grande amplitude térmica que favorece o cultivo da difícil Pinot Noir.

Cor tinto rubi pouco intenso com reflexos granados, típico, límpido sem defeitos.


Nariz de media intensidade, rosa vermelha, toques de framboesa e outras frutas vermelhas, leve couro, boa persistência aromática, percebe-se um pouco o álcool.


Na boca justamente acido, macio, enxuto, remete aos aromas percebidos no nariz, boa persistência, um vinho bem feito e de boa tipicidade varietal.

IMPRESSÕES DE DEGUSTAÇÃO: CHENIN BLANC DE STELLENBOSCH



REMHOOGTE CHENIN BLANC 2011 14%
SIMONSBERG - STELLENBOSCH 

PRODUTOR: ROLLAND COLLECTION; IMPORTADOR: GRAND CRU


Na Africa do Sul a qualidade do vinho tem crescido exponencialmente depois do fim do apartheid, os brancos de Chenin Blanc, são historicamente os mais populares, esse exemplar, da região de Stellenbosch produzido com a consultoria de Michel Rolland, é uma opção de excelente custo - beneficio.

Cor amarelo palha reflexos esverdeados, denota juventude, límpido sem defeito.


Aroma intenso de frutas e flores amarelas, melão, leve cítrico, toques herbáceos e leve mineral, completam o quadro aromático do vinho.


Na boca ataque suave, de bom corpo, acidez relativamente baixa, cheio, aveludado, um pouco quente, porém nao desequilibrado, confirma presença leve de mineral, aroma de boca persistente que confirma as impressões do nariz.

IMPRESSÕES DE DEGUSTAÇÃO: GRILLO FEUDO MACCARI



GRILLO FEUDO MACCARI SICÍLIA I.G.T. 2009 12,5%
PRODUTOR: FEUDO MACCARI; IMPORTADOR: GRAND CRU


Podemos afirmar que a Itália é o pais que possui a maior variedade de uvas autóctone do mundo, estima-se que, no período pré - filoxera, a quantidade de varietais diferentes fosse três vezes maior que o numero atual. Na Sicília temos a Grillo, uma variedade branca aqui vinificada em pureza, com um belo acento mineral.

Cor amarelo palha claro com reflexos dourados, límpido, sem defeito.


Aroma de intensidade boa, tipicamente mineral, de pedras, toques de hidrocarbureto, veia vegetal interessante, de folhas e ervas; completam o quadro envolventes toques florais, persistência que denota personalidade.


Na boca ataque pleno, de corpo, boa mineralidade que se expressa através de uma veia sapida gastronômica e persistente, acidez nao muito acentuada, boa persistência e final agradável a lembrar frutas secas como as amêndoas sicilianas.

IMPRRESSÕES DE DEGUSTAÇÃO: ARINTO DE BUCELAS



MORGADO DE SANTA CATHERINA RESERVA 2008 13,5%
ARINTO DE BUCELAS LISBOA D.O.C. 

PRODUTOR: QUINTA DA ROMEIRA; IMPORTADOR: INTERFOOD


Belo exemplar de um vinho mítico, o Arinto de Bucelas, que no passado já contou com admiradores ilustres, como o Duque de Wellington que tanto gostava deste vinho que costumava presentear com algumas caixas os amigos mais chegados; hoje o arinto de Bucelas não é tão celebrado como seus conterrâneos do Douro ou do Alentejo, mas alguns exemplares, como este Morgado de santa Catherina, que estagia 9 meses em barrica, precisam ser conhecidos.


Cor amarelo palha, reflexos dourados, límpido sem defeito.


Aroma intenso, mistura toques herbáceos, frutas e flores com as nuances desenvolvidas ao longo dos 9 meses de fermentação e afinamento em Carvalho francês, em seguida aparece a mineralidade como expressão do solo de Bucelas, boa intensidade, os toques tostados e especiados doam complexidade ao conjunto e nos remetem a um vinho rico e opulento.


Na boca o ataque e' suave, o estagio em Carvalho doa maciez ao vinho, mesmo assim a veia acida do Arinto de Bucelas aparece pujante e refrescante, a completar um conjunto harmônico e bastante peculiar, o aroma de boca confirma as impressões do exame olfativo, o Morgado de Santa Catherina e' vinho de boa persistência e personalidade marcante.

IMPRESSÕES DE DEGUSTAÇÃO DOLCETTO D'ALBA



DOLCETTO D'ALBA DOC 2009 13%
PRODUTOR: BERA; IMPORTADOR: VINCI



Vinho tipico do Piemonte, onde é considerado o vinho para acompanhar as refeições do dia a dia, juntamente com a Barbera, antigamente era um pouco subestimado, porem nos últimos dez anos o capricho dos produtores piemonteses trouxe ao mercado Dolcetto de qualidade excelente.

Cor tinto rubi com reflexos violáceos, típicos do varietal, intenso, limpo sem defeitos.


Aroma intenso de frutas maduras, vermelhas e negras e de flores como a rosa vermelha, vinoso, de boa persistência.


Na boca macio, frutado, uma ponta de acidez refrescante pede uma comida simples e caseira, frios, massas e queijos Sao os grandes companheiros desse vinho, grande em sua simplicidade, a suavidade do ataque e' magistralmente balanceada pela acidez, um vinho com um conjunto cativante e muito bem feito, dentro de sua proposta descomplicada e versátil.

IMPRESSÕES DE DEGUSTAÇÃO: MUSCADET DE SEVRE ET MAINE



MUSCADET DE SEVRE ET MAINE "LA GRANDE RESERVE DU MOULIN" 2009 12%
PRODUTOR HENRI BOURGEOIS - IMPORTADORA GRAND CRU


Tipico vinho do vale de Loire, sua área de produção é próxima à costa atlântica.

Cor amarelo claro, límpido sem defeito.


Aroma mediamente intenso, flores brancas e amarelas, frutas a polpa amarela como melão e pêssego, toques herbáceos perceptíveis.


Na boca acidez refrescante, aparece após um ataque levemente suave, com discreta veia sapida, o aroma de boca confirma as impressões do nariz, vinho de boa persistência, típico, bem feito.

IMPRESSÕES DE DEGUSTAÇÃO: CHIANTI DOCG PICCINI



CHIANTI DOCG PICCINI 2009 12,5%
PRODUTOR: TENUTE PICCINI; IMPORTADOR: VINCI
Cor vermelho rubi de media intensidade, reflexos levemente granada, limpo, sem defeito.
Aroma de frutas vermelhas, flores e toques fortes de terra molhada, champignon, o que na Itália se chama de "sottobosco", leve presença vegetal, um típico Sangiovese.
Na boca os TANINOS são macios e leves, em seguida aparece aquela acidez típica dos italianos que enxuga a boca e limpa toda gordurosidade convidando para mais uma garfada, um vinho gastronômico, para carnes e assados, belo exemplar da Sangiovese na Toscana.

GRECO DI TUFO DOCG 2010 - Azienda Agricola Marzo


GRECO DI TUFO DOCG 2010 12% 
Az. Agricola Marzo -Tufo - Avellino 

Visual - Cor amarelo dourado de media intensidade, limpo sem defeito. 

Olfato- Aromas de flores amarelas frescas mas sobretudo secas, alguma fruta a polpa amarela, bastante intenso, temos notas minerais, mas nao as de pedra de isqueiro e combustão, evidenciamos algo que lembra pedras, giz. 

 Gustativo - O ataque e' de vinho de grande personalidade, encorpado (por um branco), a principal característica e' uma elevada mineralidade, a sapidez e' marcante, depois aparece a acidez refrescante, porém nao e' sua característica principal, vinho importante, cresce com a comida apropriada, peixes ao molho, queijos brancos e amarelos, um vinho branco que exibe uma personalidade de destaque e que se coloca justamente entre os melhores brancos autóctones do Sul da Italia.