O
mercado publicitário do vinho é muito competitivo e uma grande ferramenta
utilizada pelos comerciantes do meio são os prêmios. O que o grande público
pouco sabe é que o grande medalhista de ouro de um concurso qualquer, muitas
vezes já falhou nas premiações em muitos outros. Verdadeiros fenômenos de venda
são forjados a partir de um resultado de algum “concurso mundial de alguma esquina”.
Não preciso dizer o quanto isso é perigoso para o mercado do vinho, a
necessidade de uma medalha para a comercialização de um produto em detrimento
ao ensino da qualidade intrínseca do mesmo.
A
quantidade de concursos “mundiais” de vinhos acontecendo ao mesmo tempo em
todas as semanas no mundo confundem e direcionam o consumo, e isso é
prejudicial! Sabem qual o maior segredo para um vinho ganhar muitas medalhas?
Eu digo, participar da maior quantidade de concursos possível. Isso mesmo! Estudos
comprovam que não existe relação direta entre as pontuações de um vinho entre
um concurso e outro. Muitos fatores podem ajudar na conquista de uma medalha
(Assunto a ser abordado em futuro post, prometo).
Figura 1: medalhas de
concursos. Google imagens
Sem
entrar no mérito da metodologia dos concursos, dos avaliadores selecionados,
convidados e até oferecidos (sim,
existem concursos que pessoas se oferecem para ser avaliadores), eu quero
lembrar que a visão de cada pessoa em relação a determinado produto é a coisa
mais individual que podemos ter, é inerente a personalidade. Alguns gostam de
maças, outros de pêras e tem que goste de ameixa (acreditem, eu não gosto).
Basta se questionar: As
pessoas têm o mesmo olhar para uma obra de arte? A beleza de “La Gioconda” é
exaltada por todos? É justa a comparação entre os vinhos como o mercado pede/
induz?
Não
acho e pelo contrário penso que o vinho deve ser visto sempre dentro de um
contexto, é inadmissível a comparação de vinhos como muitas vezes é levado o
consumidor a acreditar. Há tempos notamos o direcionamento do mercado a
formadores de opinião, verdadeiros deuses, a quem o seu gosto chega a
determinar preços, e o pior, modo de produção.
As
notas podem induzir a erro, como um dos maiores da história do vinho (mesmo que nesse caso para o bem do vinho e
já explico o porquê). Quem não lembra da grande prova que revolucionou o
mundo dos vinhos denominada de “Julgamento de Paris”, que foi relatada por
George Taber em seu livro de mesmo nome. Será mesmo que os vinhos dos EUA são
melhores ou pelo menos foram que os franceses? Um vinho 90 pontos é sempre
melhor que um 89?
Figura 2: http://www.georgemtaber.com/Judgment_of_Paris.html
Essa
prova foi responsável por uma grande mudança no mundo dos vinhos que antes só
considerava um grande vinho o originado do país francês e isso foi um ponto
positivo, e precisamos novamente de um “julgamento de Paris”, mas dessa vez que
abra a mentalidade das pessoas a buscarem o seu gosto, e dar menos valor ao dos
outros.
(BUSQUE UM VINHO PRA CHAMAR DE SEU)
Sim,
essa é a ideia principal do post. Todos temos um gosto pessoal e devemos
busca-lo. A leitura sobre as regiões, uvas, técnicas de produção são hoje em dia
muitas formas de perceber qual a característica que determinado vinho tem que pode ser de um direcionamento para a descoberta do seu gosto.
Soma-se a isso as feiras de vinhos que também devem ser aproveitadas para conhecer novos produtos, inclusive os de valor elevado.
Os vinhos podem ter características muito diferentes, desde os mais leves e aromáticos, aos mais complexos, tanto a nível aromático como gustativo. Cabe a cada um de nós buscar o que mais nos agrada e para isso devemos entender um pouco do vinho.
Tem medo de comprar um
determinado vinho e não gostar? Que ótimo motivo para reunir os amigos,
dividirem os custos e conhecerem mais alguns vinhos.
Estamos
no início do consumo de vinhos no Brasil, devemos aceitar isso e buscar mudar essa realidade, e para isso devemos antes de tudo buscar o aprendizado,
o mercado tem que apreciar o vinho, para isso é necessário entender as suas
diferenças.
Vamos
aprender juntos???
Renato Brasil