domingo, 8 de junho de 2014

O que vivo no vinho - Concursos Mundiais "das esquinas" Vs Gosto individual

O mercado publicitário do vinho é muito competitivo e uma grande ferramenta utilizada pelos comerciantes do meio são os prêmios. O que o grande público pouco sabe é que o grande medalhista de ouro de um concurso qualquer, muitas vezes já falhou nas premiações em muitos outros. Verdadeiros fenômenos de venda são forjados a partir de um resultado de algum “concurso mundial de alguma esquina”. Não preciso dizer o quanto isso é perigoso para o mercado do vinho, a necessidade de uma medalha para a comercialização de um produto em detrimento ao ensino da qualidade intrínseca do mesmo.
A quantidade de concursos “mundiais” de vinhos acontecendo ao mesmo tempo em todas as semanas no mundo confundem e direcionam o consumo, e isso é prejudicial! Sabem qual o maior segredo para um vinho ganhar muitas medalhas? Eu digo, participar da maior quantidade de concursos possível. Isso mesmo! Estudos comprovam que não existe relação direta entre as pontuações de um vinho entre um concurso e outro. Muitos fatores podem ajudar na conquista de uma medalha (Assunto a ser abordado em futuro post, prometo).
 
 
 
 
 
 
 

Figura 1: medalhas de concursos. Google imagens
 
Sem entrar no mérito da metodologia dos concursos, dos avaliadores selecionados, convidados e até oferecidos (sim, existem concursos que pessoas se oferecem para ser avaliadores), eu quero lembrar que a visão de cada pessoa em relação a determinado produto é a coisa mais individual que podemos ter, é inerente a personalidade. Alguns gostam de maças, outros de pêras e tem que goste de ameixa (acreditem, eu não gosto).
Basta se questionar: As pessoas têm o mesmo olhar para uma obra de arte? A beleza de “La Gioconda” é exaltada por todos? É justa a comparação entre os vinhos como o mercado pede/ induz?
Não acho e pelo contrário penso que o vinho deve ser visto sempre dentro de um contexto, é inadmissível a comparação de vinhos como muitas vezes é levado o consumidor a acreditar. Há tempos notamos o direcionamento do mercado a formadores de opinião, verdadeiros deuses, a quem o seu gosto chega a determinar preços, e o pior, modo de produção.
As notas podem induzir a erro, como um dos maiores da história do vinho (mesmo que nesse caso para o bem do vinho e já explico o porquê). Quem não lembra da grande prova que revolucionou o mundo dos vinhos denominada de “Julgamento de Paris”, que foi relatada por George Taber em seu livro de mesmo nome. Será mesmo que os vinhos dos EUA são melhores ou pelo menos foram que os franceses? Um vinho 90 pontos é sempre melhor que um 89?  
Figura 2: http://www.georgemtaber.com/Judgment_of_Paris.html
Essa prova foi responsável por uma grande mudança no mundo dos vinhos que antes só considerava um grande vinho o originado do país francês e isso foi um ponto positivo, e precisamos novamente de um “julgamento de Paris”, mas dessa vez que abra a mentalidade das pessoas a buscarem o seu gosto, e dar menos valor ao dos outros.
 AFINAL O GOSTO É PESSOAL !!!
(BUSQUE UM VINHO PRA CHAMAR DE SEU)
Sim, essa é a ideia principal do post. Todos temos um gosto pessoal e devemos busca-lo. A leitura sobre as regiões, uvas, técnicas de produção são hoje em dia muitas formas de perceber qual a característica que determinado vinho tem que pode ser de um direcionamento para a descoberta do seu gosto. Soma-se a isso as feiras de vinhos que também devem ser aproveitadas para conhecer novos produtos, inclusive os de valor elevado.
Os vinhos podem ter características muito diferentes, desde os mais leves e aromáticos, aos mais complexos, tanto a nível aromático como gustativo. Cabe a cada um de nós buscar o que mais nos agrada e para isso devemos entender um pouco do vinho.
Tem medo de comprar um determinado vinho e não gostar? Que ótimo motivo para reunir os amigos, dividirem os custos e conhecerem mais alguns vinhos.
Estamos no início do consumo de vinhos no Brasil, devemos aceitar isso e buscar mudar essa realidade, e para isso devemos antes de tudo buscar o aprendizado, o mercado tem que apreciar o vinho, para isso é necessário entender as suas diferenças.
Vamos aprender juntos???
 
Renato Brasil