terça-feira, 21 de novembro de 2017

O Vinho evolui...Voltando às origens


Vamos logo explicar o titulo do post, pois parece um contraditório, acontece que o mundo do vinho, após a descoberta das leveduras, graças a Louis Pasteur, passou por um período de evolução em que as mudanças ocorreram em velocidade elevada, assim como aconteceu com a humanidade, diga-se de passagem.




Os antigos armazenavam e transportavam o vinhos em grandes jarros, as ânforas, que dominaram a cena desde os Fenícios até algumas remotas regiões isoladas da Georgia, passando pelos Gregos, pelo Império Romano, até a chegada dos franceses que, quando ainda eram Gauleses, aprenderam a desenvolver técnicas para dobrar a madeira sem quebrá-la. 

Esse fato já foi taxado de revolucionário na época, pois permitiu que, finalmente, o vinho fosse mais pesado que o recipiente que o transportava, possibilitando assim boa economia de força por parte dos carregadores e de frete para os transportadores.

E com as barricas e os barris a humanidade enófila virou-se durante muitos séculos, sem dar excessiva importância ao fato em si, considerando natural que o vinho ficasse na madeira, fosse ela um barril de cinco mil litros ou uma barrique de 225. Isso até a chegada de Robert Parker que decretou que apenas o vinho que mostrasse em seu aroma e sabor, os traços dominantes do carvalho, era digno de mais de 90 pontos, os outros, infelizmente, não levariam a honraria.


Botti e Barrique - Gigi Bianco - Barbaresco

O resto da historia bem sabemos, a chamada parkerização trouxe ar de novidade, com sorte para alguns e lamentos para outros, os flyng - winemaker milionários, a generalização do uso, e abuso, do carvalho, vinho na madeira, ou madeira no vinho, assim surgiram os vinhos com sabor de palito de picolé mordido.  

A tendencia agora mudou, Parker está em outra e o vinho deixou de ser tão previsível, por sorte de quem o aprecia. Os produtores diminuíram o uso indiscriminado da madeira, maquilagem poderosa que tudo cobre e disfarça, para produzir vinhos mais frescos onde o sabor da terra de origem aparece com mais nitidez. 
Materiais antigamente utilizados que em seguida foram relegados com vergonha no canto mais escondido da adega, como as pileta de cimento, voltaram a aparecer e ser usados por enólogos que nos explicam entusiasticamente a respeito das propriedade do concreto na condução do calor e do vinhos ser mais natural.
Até o conceito extremo do concreto ter formato de um ovo, pois assim o movimento do mosto em fermentação dentro do "ovo" não encontra arestas em seu percurso tumultuoso e  as leveduras trabalham mais a vontade deixando o vinho menos estressado; estressado mesmo vai ficar o proprietário da vinícola na hora de pagar pela genial novidade, nem todos possuem a envergadura financeira dum Michel Chapoutier.


Ovos de concreto

Mais a virada radical, o verdadeiro retorno ao passado, aconteceu quando um produtor friulano, Josko Gravner, saiu de sua Gorizia natal e foi pesquisar as Kvervi da Georgia, antigas ânforas ainda em uso no mais profundo dos interiores enológicos do mundo, onde camponeses desacreditados produziam o vinho do mesmo modo que na Grécia antiga, em ânforas enterradas, vinho branco, sem prensagem e com macerações prolongadas. Wow. 


Ânforas na adega de Gravner em Gorizia

Marco Ferrari e Mateja Gravner



Isso sim é retornar às origens, Josko Gravner comprou a ideia, e as ânforas, e desencadeou no mundo a mania dos vinhos laranjas, possibilitando assim para todos os enófilos, ou pelos menos para aqueles cuja conta bancária é diretamente proporcional ao amor pelo vinho, a experiencia de tomar, em pleno seculo XXI o vinho do mesmo jeito que Platão ou Aristóteles beberam um dia, quando o mundo era mais novo.



quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Voltamos

Caros amigos,



Depois de anos sem frequentar o blog me deu saudade e resolvi fazer um teste para ver qual era a recepção de vocês para o retorno, nos próximos dias, voltaremos aos poucos a escrever alguma novidade sobre o mundo dos vinhos, acompanhe!