quinta-feira, 5 de abril de 2018

A Origem da Gewurztraminer


A uva Gewurztraminer é uma casta internacional, hoje plantada em vários lugares ao redor do mundo, na Europa e no Novo Mundo, inclusive no Brasil com bons resultados, mas sua origem qual é?

Certamente a Gewurztraminer adquiriu fama e popularidade por meio dos fantásticos vinhos brancos aromáticos produzidos na Alsácia, no norte da França, e na Alemanha, mas isso não nos garante que a origem seja de lá.

O nome Gewurztraminer, claramente de origem alemã, pode nos induzir a acreditar que sua origem seja então germânica.
Vamos porem examinar com calma os indícios de que dispomos, a palavra que designa a uva, como já dito, pertence à língua alemã, esta é a primeira pista porem não conclusiva, considerando que a outra região que reclama a origem da disputada casta, a Alsácia, foi dominada e conquistada, perdida e reconquistada, ao longo dos seculos, pelos alemães.
Tanto é que uma piada recorrente entre os alsacianos de certa idade é aquela que conta que eles, franceses, nasceram de pai alemão e tem os avos franceses, sem que a família jamais tenha saído de seu povoado de origem, situado entre as belas colinas da Alsácia; terra cobiçada e disputada por causa de seu clima mite, de sua culinária saborosa e, naturalmente de seus ótimos vinhos.

Vamos ao segundo indicio ora, a língua alemã é famosa por fazer uso de palavras longas compostas por palavras menores, uma vez analisado o significado de cada uma delas, chega-se ao sentido da palavra composta, tudo claro? Mais ou menso? vamos ao exemplo pratico então.

Gewurztraminer é composta por Gewurz = especiado, aromático, relacionado ao tipo de vinho, muito perfumado que se extrai dessa uva.
Traminer, composta de Tramin + a desinência er, cujo significado é ...algo que pertence ou que é originário de Tramin, sendo este um lugar, ou cidade ou povoado.
Matamos a charada então Gewurztraminer = uva aromatica de Tramin, bingo!
Problema resolvido, então encontra Tramin e terá encontrado a misteriosa origem da casta.
E onde fica Tramin, na Alsácia??? Na Alemanha???

Não senhores, nada disso, Tramin é uma cidadezinha pequena situada no Alto Adige, Nordeste da Itália, traduzida como Termeno, encaixada nos Alpes que marcam a divisa entre Itália e Áustria, as montanhas Dolomitas, onde se produz excelentes brancos, inclusive com a Gewurztraminer que aqui dá resultados fantásticos...aposto que por essa não esperam...

Bom, se pode servir de consolo para os orgulhos  gauleses e teutônicos feridos, podemos afirmar que a Itália não pretende reclamar o direito de origem da Gewurztraminer, não precisa disso, também pudera, o país que conta a maior diversidade ampelográfica do mundo conhecido, com mais de 600 castas nativas em produção, 691 para sermos exatos, de acordo com a "Guida ai vitigni d'1Italia" de Slow Food, não deve mesmo dar uma de fominha nesse caso.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Vinho em restaurante, qual é o preço justo?



Vinho em restaurante, qual é o preço justo?

Pergunta delicada e fonte de inúmeras polemicas, de um lado os consumidores que sempre acham tudo caro, absurdamente caro, do outro os empresários que bem conhecem as dificuldade de tocar um negocio neste setor, mas que nem por isso precisam descontar tudo no vinho, afinal como vamos avaliar? Como podemos definir um parâmetro que possa nos fazer perceber se o vinho em tal casa é caro ou não?

Vale salientar que o parâmetro de cada um é subjetivo e que a minha é apenas uma opinião pessoal, baseada em mais de vinte anos de experiencia diária no ramo, que seja, mas ainda assim, uma opinião.

Vinho caro? Vinho barato? Eis a questão, consideramos que de forma geral, no Brasil sobretudo, o vinho é associado a celebração e a boa companhia, a maioria das garrafas nos restaurantes são abertas por casais, ou grupo de casais, ou ainda famílias reunidas. O vinho é compartilhado numa proporção ideal para cada pessoa sentada em volta da mesa, por isso para avaliar se o preço do vinho está em linha com os valores de mercado, ou não, sugiro fazer o seguinte calculo.

Consideramos o vinho como um convidado a mais, assim o casal vai escolher um prato cada um, geralmente é o que acontece, e o vinho é bom que represente o investimento equivalente a mais um prato,.

Claro que nessa conta não podemos incluir apenas os pratos mais baratos, as entradas e outros que representam a base da piramide culinária da casa em questão, também não podemos basear nossa avaliação apenas nas grelhadas de lagosta ou pratos similares, mas tratemos de fazer uma média de valor dos pratos oferecidos, aí vamos ver se o restaurante oferece boa escolha de vinho nessa mesma faixa de preço.

É claro que cada um escolhe o vinho que quiser, ou puder, mas o bom senso sugere e a boa gestão do restaurante agradece, que pelo menos uns 40/50% da carta seja surtida de vinhos na faixa de preço igual ao ticket médio da casa, alguns rótulos acima disso para oferecer opções de maior qualidade para clientes ou ocasiões especiais, alguns vinhos de preço mais competitivo para democratizar o consumo e divulgar a cultura, alem de certa variedade de garrafas menores para almoços ou para sede individual.
Para finalizar uma palavra a respeito da cobrança de rolha, acho justo e necessário que esta cobrança aconteça, o serviço do vinho envolve investimento por parte do restaurante, do sommelier que precisa se reciclar continuamente com cursos caros e viajar muito para crescer profissionalmente (eu que o diga ... três viagens a Europa entre Itália, Portugal e França no ultimo ano...), tudo isso que as vezes o cliente não enxerga faz parte do backstage do negocio do vinho, por isso a taxa de rolha precisa ser reconhecida, para que o vinho continue sendo tratado conforme merece.