Algum tempo atrás abordei a posição do vinho na 4ª maior capital do Brasil, a saber, Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, capital do Ceará, estado cujo nome anterior ao batismo, portanto de origem Tupi-Guarani, era Cemoara.
O consumo nos últimos anos tem aumentado de forma sensível, assim como a busca pela informação sobre o vinho por parte do consumidor, tarefa essa na qual ele está sozinho, sem poder contar, pelo menos até o momento, com a ajuda de nenhum dos maiores jornais e grupos de comunicação da terrinha, os quais contam com vários colunistas, experts e consultores que escrevem sobre a parte sólida da gastronomia, mas nem uma linha, quem diria uma coluna, é dedicada ao vinho, protagonista liquido, na indissolúvel união que tanto realça o prazer da refeição;
ou todo mundo acha que as receitas apresentadas nas várias colunas, ficam melhores acompanhadas de agua mineral, ou, Deus nos proteja, refrigerante e similares?
Espero que também estejamos além da postura proibicionista de que falar de bebidas alcoólicas não se pode; ninguém aqui está fazendo apologia ao consumo delas, o vinho SEMPRE, desde os primórdios na Bíblia, passando pelo próprio Evangelho (lembram da Última Ceia, a base de pão e...vinho), até os dias atuais, foi considerado COMPLEMENTO ALIMENTAR, em doses moderadas obviamente, quando até a medicina recomenda seu consumo na prevenção de problemas cardíacos.
Os setores ligados a parte comercial do vinho, lojas e restaurantes, tem percebido o quanto é interessante, do ponto de vista econômico, investir no negocio.
Apesar disso encontramos freqüentemente, mesmo em restaurantes de alto padrão, cartas de vinho mal redigidas, com informações incorretas e contendo vinhos que são pouco apropriados a estarem a venda nesse tipo de estabelecimento.
Não se pretende com isso apontar vinhos bons e vinhos ruins, já que esse argumento é muito subjetivo, mas apenas acompanhar a tendência mundial, segundo a qual o vinho se divide em duas classes, do ponto de vista comercial, de um lado os vinhos destinados a comercialização em supermercados e grande varejo, do outro lado os vinhos mais exclusivo a serem vendidos em restaurantes e lojas especializadas, as famosas enotecas.
A maneira de oferecer o vinho nas lojas é hoje digna de elogio, desde que o cliente se vire na escolha, porque se depender de sugestão dos atendentes... é aconselhável, para não dizer necessário, que os lojistas invistam em treinamento de seus próprios funcionários, capacitação e competência são as palavras chaves para o sucesso;
outra palavra é remuneração adequada, o vinho gera recitas, se bem trabalhado o faturamento aumenta mesmo, vamos então estimular o envolvimento do atendente no negocio; muitas lojas já estão atuando numas das frentes citadas acima, falta apenas completar a obra.
Nos restaurantes temos muitas casas especializadas e temos algumas que gostariam de vender mais vinho, mas acham que isso tem que partir do consumidor, ou então do atendente, sem perceber que a venda de vinho acontece a partir de uma série de sinais que o restaurante transmite para seu publico, o cliente gostaria de tomar vinho, mas precisa ser convencido que comprar vinho ali vai ser uma experiência prazerosa e não um desastre, o gestor do local tem que se colocar na pele do cliente e perguntar para si mesmo, eu tomaria uma garrafa de vinho aqui?
Como o vinho é armazenado?
Tenho adega climatizada e, em caso afirmativo, ela está exposta claramente para que o cliente a possa ver?
O garçom apresenta a carta de vinho logo na chegada do cliente?
A própria carta tem condições apresentáveis?
É bem redigida?
Os vinhos estão na ordem correta e na grafia certa?
Existe na casa pelo menos um atendente que conheça vinho e que possa interagir e levar informações sem problema para o cliente?
Existem casas que reúnem a maioria das condições acima e onde o proprietário ficaria satisfeito em aumentar o volume de venda de vinho mas, logo na entrada de seu restaurante, o cliente se depara com uma sugestiva exposição de outras bebidas que ativam o desejo do consumidor em direção contraria ao vinho, a partir daí tudo fica muito mais difícil, inclusive para o limitado retorno comercial que certas escolhas proporcionam.
Um verdadeiro tiro no pé.
Último ponto, porém muito importante, é a margem de remarcação aplicada ao vinho, cada um tem sua política, observo que em Fortaleza o mercado, nesse sentido, é bastante propicio para o consumidor, tendo poucas casas que abusam da pratica auto - lesionista de exagerar no preço de venda.
Para o consumidor de primeira viagem, aconselhamos a escolher vinhos que custem no máximo até 20% a mais do que gastariam com a refeição individual sem bebidas (por ex. a refeição vai custar R$ 50,00 por pessoa, vamos pedir um vinho de até R$ 60,00), que nem se tratasse de um "terceiro convidado", no caso de jantar a dois, então, geralmente, esse terceiro acaba sendo um verdadeiro aliado no prosseguimento da noite, para os dois.
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ResponderExcluirMarco, você traduziu um pensamento meu em relação a como os estabelecimentos comerciais vêem o o vinho aqui em Fortaleza. Parece que eles querem ter só pra dizer que tem, somos sofisticados pois temos vinhos, mas a que preço, não tem nenhum pessoa treinada para o serviço, suas adegas são bem trabalhadas, suas cartas contemplam o que realmente a sua casa propõem como harmonizaçoes. Será que o vinho não promove suas casas? não atrai público valioso? Devemos pensar se temos público para o vinho em Fortaleza, sinaliza para esse questionamento o fato de ter nenhum colunista sobre vinhos nos veículos de informação oficiais. Temos inicialmente um grande trabalho de formaçao de público inicialmente.
ResponderExcluirObs: Muito pertinente o seu post.
Mato,
ResponderExcluirMuito obrigado por seu comentário, acredite, fico feliz de ver que minha percepção da coisa encontra respaldo, realmente precisamos crescer muito com relação ao quesito atendimento e esta mais do que na hora de entendermos que somos a 4. maior capital do pais, vamos receber a copa de 2014 e alguma coisa precisa começar a ser feita,
Novamente obrigado,
Abraços
Marco Ferrari