O projeto La Posta é coordenado por Laura Catena, filha do mítico Nicolas Catena, e reúne uvas produzidas em vinhedos antigos e selecionados da região de Mendoza, alguns plantados em pé franco, como é o caso deste exemplar, feito a partir da casta Bonarda, procedente de um vinhedo de Guaymallén, de propriedade da família de Armando Estela.
Trata-se de um vinho que passa por uma maturação em barricas de carvalho 70% francês e 30% americano.
O vinho é talvez uma das melhores expressões desta casta do mundo, a Bonarda é um varietal originário do Norte da Itália, mas que por lá é utilizado apenas em corte para amansar a mais rebelde Barbera, sobretudo na região do Piemonte, no Oltrepó Pavese e na região de Piacenza onde produz um vinho, o Gutturnio, que é um interessante companheiro para os embutidos e as massas tipicas da região.
Na Itália dificilmente a Bonarda ganha destaque ao ponto de ser vinificada como varietal e, quando isso acontece, nunca estaremos diante de um vinho cuja qualidade irá alem de uma boa companhia para gastronomia tipica regional (ha quem defenda que essa é a função principal do vinho e minha visão não está muito longe disso).
Mas na Argentina, não sabemos se por interesses comerciais ou movidos por paixão súbita por esse varietal vigoroso, produtivo e muito resistente, a Bonarda ganha destaque de protagonista, o vinho a que se refere este post, por exemplo, arrematou 89 pontos da Wine Spectator e de Robert Parker! Sem duvida um feito e tanto.
Vamos a prova:
EXAME VISUAL: A cor é profunda, rubi intenso com matizes violáceas, não muito límpido, devido a intensidade da cor, mas sem apresentar defeitos nem impurezas, viscosidade média.
EXAME OLFATIVO: O ataque é intenso, de frutas maduras, lembrando as cerejas pretas e flores como a violeta, a medida que o vinho "abre" aparecem notas mais evoluídas (é um 2008 afinal) algo animal, couro muito ténue e, aos poucos, um toque tostado não excessivamente agradável, que nos remete a um vinho cuja vocação não é a de ser vinho de guarda. Em resumo, persistente, bastante nítido e de boa qualidade.
EXAME GUSTATIVO: A primeira sensação é de alguma doçura, em seguida aparece uma leve acidez, o vinho é muito macio, de corpo médio, agradável e de beva fácil, o teor alcoólico não aparece; surge, ao contrario, um certo levíssimo amargor, que é contrabalanceado perfeitamente pela sensação de doçura inicial, mas que reforça a ideia que Bonarda não dá para vinho de guarda. Em resumo um belo vinho, agradável, enche a boca, não exatamente um vinho gastronômico que, justamente por isso, vai agradar muitos paladares.
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