quinta-feira, 9 de agosto de 2012

PRAZERES DA MESA AO VIVO FORTALEZA - Degustação do Editor

Antes de falar propriamente da degustação comandada pelo Ricardo Castilho no Senac de Fortaleza gostaria de ressaltar o grande sucesso em que o evento se transformou ao longo deste três anos, participo desde o primeiro que, em 2010, reuniu os profissionais da enogastronomia para debater as raízes da culinária cearense.
As instalações do Senac se tornaram pequenas para abrigar uma manifestação que já não pertence só a Fortaleza, mas foi abraçada por profissionais e apaixonados pelo tema de todo lugar do Ceará e dos Estados vizinhos, grupos formaram caravanas e vieram participar do Prazeres da Mesa ao Vivo Fortaleza, dando uma afluência de publico impressionante, bem controlada pela organização praticamente impecável dos profissionais do Senac.
Inevitável questionar-se como será o próximo ano, já que é fácil prever um ulterior aumento de publico, as instalações e a ambientação do Senac ficariam pequenas para tantas pessoas; veremos o que os organizadores decidirão.

Vamos então falar da degustação, desta vez se tratou de espumantes, 5 vinhos de varias procedências que foram provados ontem a tarde, tivemos o Casillero del Diablo, produzido pelo método Charmat, 100% Chardonnay do vale de Limari, em seguida o Salton Evidence, Champenoise brasileiro com 70% Chardonnay e 30% Pinot Noir, terceiro vinho foi o Casa Valduga Gran Reserva Nature 2006, penúltimo foi o Cava Argent Reserva Brut Gramona, 100% Chardonnay e para fechar o Ferrari Maximum Trento DOC, 100% Chardonnay.

Todos foram considerados ótimos vinhos, mineral e refrescante o Casillero del Diablo mostrou que os chilenos também podem fazer ótimos espumantes, apesar de nunca ter se especializado na produção; naquele país a tradição é claramente para o vinho tinto, embora nos últimos cinco anos descobriram excelentes terroir para uvas brancas e, mais raramente, se engajaram na produção de espumantes.

O Salton Evidence chega para mostrar que a gigante de Tuiuti não vive somente de Charmat de grande volume, a vinicola preparou um Champenoise com o clássico blend de Chardonnay e Pinot Noir, de acidez bastante refrescante, leve e muito bem feito.

Ao degustar este Casa Valduga Gran Reserva Nature 2006, com 60 meses de segunda fermentação, se compreende perfeitamente o motivo do elevado conceito que os espumantes brasileiros gozam na critica internacional. Não se trata de um produto fácil, o apreciador de Prosecco o de espumante Charmat bem leve vai estranhar a cor dourado intenso, no nariz não vai reconhecer as notas oxidativas de casca de pão, torrefação e frutas secas, intensas e persistentes; ao por o vinho na boca a acidez já não tão vibrante, mas ainda assim presente, deixa o lugar a uma cremosidade marcante, um volume de boca impressionante que permanece por longo tempo após engolir o vinho; em suma um espumante digno de enfrentar de cabeça erguida qualquer outro produto de procedência bem mais consagrada.

O Cava foi muito bom, realmente espetacular, cítrico e muito mineral, em linha com as principais características destes vinhos; mas não entusiasmou a plateia tanto quanto o Nature, provavelmente a expectativa não foi frustrada, mas a relação custo - beneficio deve ter pesado na hora de avaliar o ótimo, porém caro, representante da Catalunya; na contagem final foi escalado na terceira colocação com quatro preferencias.

Gran Finale para excelente degustação; o Ferrari Maximum Trento DOC foi realmente um grande vinho, de cor dourada, apresentando notas complexas de oxidação, parecidas com as do Nature, menos intenso que o brasileiro mas um pouco mais "limpo" de aroma; na boca muita cremosidade, seco, acidez bem viva  e refrescante, foi exatamente aqui que, a meu ver, marcou algum ponto a frente do Casa Valduga, no visual e no olfativo ambos os espumantes estavam no mesmo patamar de qualidade, mas na boca o brasileiro apresentou uma acidez menos vibrante, fator que o fez perder alguns pontos em favor do italiano que logrou assim o primeiro lugar com 12 preferencias enquanto o Casa Valduga ficou com 9.

Castilho ressaltou o fato que o espumante brasileiro não ficou devendo em qualidade, fez bonito e, mesmo perdendo pelo Ferrari, conquistou a admiração dos participantes, esperamos que isso possa contribuir para derrubar o mito que ainda permeia em Fortaleza de que vinho bom tem que ser importado (sic!).

2 comentários:

  1. Gostaria de trocar informações e links entre nossos blogs de vinho, seria possível?

    http://gestaoevinho.blogspot.com.br

    http://www.vinhobr.com.br

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  2. Com prazer, é uma ótima ideia, os blogs para isso servem, interagir e trocar ideias, para mim sem problema. Abraços.

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