sábado, 24 de setembro de 2011

CURSO DE DEGUSTAÇÃO EM FORTALEZA

Os palestrantes Carlos Suarez e Marco Ferrari.

Na Quarta Feira passada, 21 de Setembro, foi inaugurado o espaço de evento do Empório Deliatalia em Fortaleza, para a ocasião coordenamos um mini curso de degustação com clientes da loja.
O evento foi bem interessante, num espaço bonito e muito bem arrumado, além de contar com iluminação adequada e acústica muito boa.
O pouco tempo a disposição obviamente não permitiu passar todas as informações necessárias para satisfazer a curiosidade dos participantes, mais a percepção foi que todo mundo ficou satisfeito, os rótulos degustados foram bem avaliados e o objetivo de mostrar a variedade de aromas e sabores que o vinho nos reserva foi alcançado e, no minimo, conseguimos despertar a curiosidade e a vontade de ousar mais, experimentar vinhos diferentes e formar uma opinião própria, baseada no senso critico de cada um e não apenas nas notas da imprensa ou no conselho de amigos.
A degustação foi bem eclética, com vinhos de varias procedências e de estilos diferentes, a seguir um resumo do que foi provado.

ESPUMANTE TARAPCÁ BRUT - CHILE (Charmat)
O espumante da Tarapacá é produzido no Chile a partir de Chardonnay, Pinot Noir e um aporte de Sauvignon Blanc, através do método Charmat.
Os espumantes foram degustados de forma técnica, utilizando taças ISO de degustação o que, para quem não está acostumado, dificulta a avaliação, pois a taça ISO é grande inimiga do perlage, inibindo sua formação, a pesar de fazer isso com todos os espumantes, sem discriminação, para quem não está acostumado pode ser uma experiencia decepcionante.
O perlage que o Tarapacá mostrou, foi em linha com a proposta, um charmat com boa finesse, média persistência, o aroma apresentou frutas a polpa branca, abacaxi não maduro e leves toques de maracujá (Sauvignon Blanc), o aroma de casca de pão muito leve e discreto, em resuma frescor e juventude, sem muita complexidade, ideal para ser consumido logo.

ESPUMANTE CASA VALDUGA 130 BRUT (Champenoise).
O espumante brasileiro (Chardonnay e Pinot Noir), apesar de ter sofrido a taça igualmente ao colega do Chile, demostrou logo uma exuberância e uma personalidade superior, adquirida ao longo dos 36 meses que passou na segunda fermentação em garrafa; era algo esperado, a ideia dessa degustação, nunca foi demostrar a superioridade de algum vinho sobre outro, mas sim apresentar as diferenças, para despertar o senso critico do degustador na hora de exercer sua opção de consumo.
O 130 mostrou um perlage com finesse boa e persistência elevada, uma coloração mais intensa devido a idade do vinho.
O aroma mais rico de frutas cítricas, como abacaxi e toque de limão, nozes, amêndoas e brioche mais pronunciada, com boa intensidade. Na boca a cremosidade foi elogiável, assim como os toques minerais e a acidez equilibrada. Um espumante mais complexo, agradável e refrescante, com possibilidade de evolução.

ALTA VISTA PREMIUM TORRONTES 2010
O primeiro branco da noite foi um argentino de Salta, que em Fortaleza é muitas vezes esnobado, sem motivo a meu ver.
Apresentou uma cor bonita de vinho jovem, amarelo claro com reflexos esverdeados, limpo, sem defeitos.
Ao nariz mostrou a exuberância aromática desse varietal injustiçado pelos consumidores, floral, muito agradável, um verdadeiro Moscato da Argentina, muito bem feito, obviamente não conhece madeira, um grande vinho para ser tomado em sua juventude.
Na boca é seco, aromático com ataque suave e acidez equilibrada, é ideal para acompanhar peixes leves e entradas a base de frutos do mar.

TAMARI CHARDONNAY (Inox) 2010.
Nada melhor para apresentar um Chardonnay em pureza, que este argentino que não passa por madeira, engraçado é que de tanto as lojas buscarem atender o gosto do fregues, é muito difícil em Fortaleza encontrar algum Chardonay que não tenha vestígio de barrica, de tanto o publico ter se tornado refém do gosto de baunilha, tostado etc. ficou difícil achar Chardonnay que apenas conheça o inox.
De todo modo esse Tamari apresenta a cor amarelo clara com leves toques de esverdeado, tipico de sua juventude, o aroma é o típico do varietal, de abacaxi, toques de maça e leve cítrico. Na boca apresenta uma acidez equilibrada, seco e refrescante.

CASA VALDUGA GRAN RESERVA CHARDONNAY (Barrica) 2010.
Como todo Chardonnay que estagia 6 meses em barrica francesa, acrescenta um tom dourado ao amarelo típico do varietal, no nariz a complexidade aumenta, mas não excede na baunilha e no tostado, pelo contrario, apesar da barrica nova mantém uma veia acida interessante, vibrante e com uma riqueza aromática bem ampla. Na boca é seco, com acidez boa, não é mole nem amanteigado demais e apresenta caráter gastronômico, o que nos faz lembrar mais um vinho europeu que um Chardonnay estilo Novo Mundo, geralmente mais moles e untuosos.

CASA VALDUGA DUETTO PINOT NOIR / SHIRAZ 2010.
Infelizmente esse vinho que em origem tinha sido escolhido para representar um tinto jovem e fresco, sofreu por um problema de temperatura, não foi resfriado adequadamente antes da degustação e apresentou características indesejáveis, de certo amargor no final da boca, que tornaram impossível a avaliação correta do vinho, mas isso não foi devido a qualquer característica do vinho em si, ou defeito de produção ou de armazenagem etc. apenas o serviço na temperatura inadequada, alta demais, comprometeu o exercício da degustação  uma pena.

GRAN RESERVA TARAPACÁ CABERNET SAUVIGNON 2009. 
Exemplar escolhido para representar um Cabernet Sauvignon clássico Novo Mundo com passagem em madeira, o Tarapacá apresentou exatamente todas aquelas características que queríamos evidenciar para o publico, desde a cor bastante intensa, às nuances rubi de vinho jovem até e o aroma intenso de fruta bem madura com toques integrados de madeira. Bastante elegante na verdade, dentro do estilo típico do Cabernet Sauvignon do Chile; precisamos registrar que a barrica estava bem integrada ao conjunto, vinho de bom corpo e taninos macios, acidez relativamente baixa e teor alcoólico elevado que dá suavidade ao paladar.

ROSSO DI MONTALCINO FATTORIA DEI BARBI 2007.
Esse vinho foi escolhido para representar a velha escola italiana, que não passa perto de barrica, que prefere o tanino e a acidez gastronômica em contraste com a fruta madura e maciez do vinho anterior.
Começando pela cor granada e bem menos intensa, foi  muito interessante e didático perceber como dois tintos podem ser diametralmente opostos, o aroma menos exuberante, quando comparado ao do Cabernet Sauvignon, porém mais sutil, de bosque, terra e couro, numa riqueza diferente e complexidade bem ampla. Na boca é tanino, austero, gastronômico, um Sangiovese clássico, à moda antiga, deixou o publico intrigado.

Em breve estaremos dando continuidade a esse percurso de degustações orientadas, desenvolvendo mais uma etapa com uma região produtora como protagonista, seguindo assim, propondo experiencias desse tipo, tenho certeza poderemos contribuir para o desenvolvimento do paladar e do senso critico dos apreciadores de vinho em nossa cidade.

  
 

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