Sabemos que o Brasil é um país produtor de vinho, porém a
principal região responsável por esta produção, a Serra Gaucha, fica mais de
4.000 km distante de Fortaleza, talvez por isso o hábito do consumo de vinho na
região Nordeste, seja um tanto quanto diferente dos demais.
Aqui o vinho ainda é considerado uma alternativa ao consumo
de outras bebidas; explicando melhor, o cidadão que resolve beber alguma coisa
fica pensando se prefere uma cerveja, um whisky ou ... uma taça de vinho, quem
sabe no happy hour ou em outro momento qualquer.
Nada tenho contra o consumo de destilados, cervejas e outras, muito menos
quanto ao tomar uma taça de vinho no final da tarde, mas o lugar do vinho é
tradicionalmente outro.
Desde os primórdios da civilização, dos tempos de Noé e dos
egípcios que o vinho sempre foi companheiro da boa mesa, nas refeições dos
pobres para ajudar a matar a fome enquanto na dos ricos era com freqüência
utilizado para ostentar poder e riqueza. Habito este que atingiu seu ápice nos
tempos do Rei Sol, na França dos banquetes, quando ainda os nobres não tinham
extrapolado a medida da paciência da população e por isso mantinham seus
pescoços longe da guilhotina.
Até as comprovadas propriedades terapêuticas dos polifenóis
de que o vinho é rico, cumprem sua benéfica função quando o consumo é diário,
em pequenas quantidades e sempre nas principais refeições, mantendo a função
antioxidante ativa no organismo.
Por aqui o pessoal ainda cultua o habito do castigo e da
abstinência (quase) total ao longo da semana, acompanhando a refeição com
bebidas doces e repletas de gás que tudo tem de nefasto em sua composição;
menos o álcool, é claro.
Mas ai, enfim, chega a Sexta Feira, dia de alforria etílica,
nos lembramos que alguém certa vez disse que o vinho faz bem para o coração,
então, por que não? Vamos tomar vinho e que seja no capricho, desça então
generoso o tinto preferido, secando garrafas e mais garrafas e sem água, que
enferruja, com a ajuda dos mais chegados, até todos se fartarem, e se
entortarem.
Inútil dizer que dessa forma os benefícios para a saúde vão
para o espaço, nos sobram apenas os efeitos colaterais da festança,
especialmente antipáticos para quem nos cerca, no dia da gloria, e para nós, na
manhã seguinte.
Aspecto positivo, deverá haver algum mesmo nesse caso, é que
não se percebem muito as características organolépticas dos vinhos bebidos,
após as três primeiras garrafas, daí não estarmos preocupados se nos ofereceram
algo de qualidade mais ou menos.
Seria interessante, para a saúde publica e particular, que
empreendêssemos um esforço para se tornar melhor degustadores, e menos
bebedores, posso falar por experiência própria, todo degustador é um péssimo
bebedor (de quantidade), mas ganha em qualidade, inclusive de vida.
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