Começa hoje uma serie de post sobre a Toscana, meta de uma
viagem realizada no final de Abril, quando fui de tradutor/ acompanhante com um
grupo de sommeliers brasileiros em viagem educativa organizada pela FISAR, nas
terras dos antigos Etruscos; desta viagem recolhi algumas historias e
informações que vou compartilhar com os leitores de Vinhofortaleza, um pedaço
por semana, para se ler em companhia de um bom vinho e na falta de algo melhor
a fazer, começamos logo então.
A historia da Toscana
se confunde com a historia de seus vinhos, fato comum na Europa, onde a
humanidade convive com esta bebida desde os primórdios da civilização; temos
então repertos arqueológicos que nos testemunham como os antigos Etruscos, oito
séculos antes do nascimento de Cristo, produziam vinhos na atual região do
Chianti Classico e faziam amplo uso dele nas cerimônias religiosas da época,
com destaque para o culto aos mortos, emprestando assim ao vinho uma aura de sacralidade
de grande importância social.
Já os Latinos, sucessores dos Etruscos na dominação desta
região, preferiam utilizar o vinho como complemento alimentar na mesa de todo
dia, reposicionando seu consumo numa esfera mais ampla e democrática, alem de fazer
dele o protagonista incondicional dos banquetes e das famosas “orgias”,
inaugurando assim uma utilização menos sagrada, está certo, porem um tanto mais
alegre.
Mas a consolidação do
vinho e o verdadeiro crescimento de sua importância na Toscana como um todo se
dá na idade Media, quando pelas terras de Toscana passava, e ainda hoje passa, uma
famosa estrada chamada Via Francigena, traçada por cima da
antiga Via Cassia dos Latinos, que unia a metrópole nórdica de
Canterbury, na Inglaterra à Capital da Cristandade, a Cidade Eterna, Roma,
morada do Papa.
Toda sorte de viajante passava por esta estrada precisando
ter a fome saciada, a bolsa aliviada e, mais importante, sua sede apagada, por
estes caminhos andavam desde religiosos em peregrinação até Monarcas
estrangeiros com seu séquito de aristocratas, passando por comerciantes ricos e
pobres, artistas, mendigos, sem esquecer-se de salteadores e aproveitadores de
toda espécie da qual a humanidade já estava rica naqueles tempos medievais.
Ao longo desta via cresceram e prosperaram cidades de grande
importância, das quais mencionaremos as maiores, Firenze e Siena,
arqui-inimigas seculares que disputavam o domínio daquela fatia de terra,
pátria de grandes tintos e de poucos, porem excelentes, brancos (Vernaccia di
San Gimignano, primeiro vinho a se tornar DOCG na Itália) numa infindável
contenda que envolvia também as menores, porem prosperas, cidades de Montalcino
e Montepulciano.
Algumas joias da enologia toscana.
Tradições preservadas, Mestre de Falcoaria com uma linda Águia Imperial - Villa Poggio Salvi - Mugello
Caminhos da Toscana ladeados por ciprestes.
Grupo de Sommelier FISAR no patio da sede do Consorcio do Chianti Classico - Radda in Chianti.
Região do Chianti Classico, ao fundo as torres de San Gimignano
Algumas joias da enologia toscana.
Tradições preservadas, Mestre de Falcoaria com uma linda Águia Imperial - Villa Poggio Salvi - Mugello
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