O VINHEDO CHILENO
A ampelografia chilena é fortemente embasada nas variedades
internacionais de origem francesa, trata-se de uma extensão de quase 120.000
hectares de superfície de vinhedos, dos quais 75% de uvas tintas e 25% de
brancas; entre destes contamos pouco mais de 15.000 hectares de uva tinta País
e manos de 10.000 hectares de brancas comuns, mantidos exclusivamente para a
produção de Pisco.
Parreira de Cabernet Sauvignon enxertada em cavalo de Uva País - O. Fournier - Maule
Entre as tintas a mais plantada é a Cabernet Sauvignon, com
mais de 50% de superfície ocupada, segue a Merlot, depois Carmenere, Syrah e
Pinot Noir; já entre as brancas Sauvignon Blanc e Chardonnay disputam o
primeiro lugar do ranking, com cerca de 30% de superfície ocupada, seguem
Viognier e Riesling. São produzidos hoje cerca de 10 milhões de hectolitros,
levando o Chile ao oitavo lugar do ranking da OIV, pouco acima de outro
emergente do vinho de qualidade, a África do Sul.
Tarde ensolarada no vinhedo Max III - Viña Errazuriz - Aconcagua
O Chile é dividido em vales transversais que surgiram ao
redor dos rios alimentados pelas águas de degelo da Cordilheira; de Norte a Sul
os mais conhecidos são o Vale de Aconcagua, responsável por brancos e tintos
refrescantes e gastronômicos, a nos fazer lembrar os vinhos franceses, o Vale
de Casablanca, próximo ao Litoral, de clima frio, ideal para brancos e Pinot
Noir, seguem os vales que formam a denominação genérica Vale Central, pela
ordem, Maipo, Rapel, Curicó e Maule (onde aconteceu o terrível terremoto de
2010), terras de tintos potentes e estruturados, marcados pela fruta
exuberante, para concluir os vales de Itata e Bio Bio, localizados na parte
mais meridional.
PRODUÇÃO E COMERCIO
A maior parte da produção chilena é concentrada em grandes
companhias, que possuem muitos hectares de vinhedos, espalhados entre os vários
vales do país; no Chile é normal uma única vinícola produzir desde o vinho mais
simples para grande distribuição, a partir de uvas colhidas mecanicamente, até
o grande ícone da vitivinicultura de lá, acostumado com avaliações acima dos 90
pontos na critica internacional.
Um exemplo fácil é o da Concha y Toro que, do alto de seus
mais de 4.500 hectares de propriedade produz desde o mais simples Reservado,
até o Carmin de Peumo, Carmenere, vinho ícone deste varietal e responsável por
ter mudado minha concepção a respeito dos vinhos produzidos a partir desta
variedade.
Esta maneira de interpretar a vitivinicultura, com ênfase
numa escala de produção comercial influenciada pelas corporações, em vez de uma
evolução do trabalho do agricultor e pequeno produtor, o artesão do vinho (como
aconteceu, por exemplo, na Borgonha ou no Piemonte, para citar exemplos
ilustres), tem suas origens na redescoberta do vinho chileno, ocorrida cerca de
trinta anos atrás e proporcionada por investimentos estrangeiros, de origem
americana (Mondavi, por exemplo), mas também francesa (Chateau Mouton e Lafite
possuem vinhedos e contam fortes parcerias com companhias chilenas); estes investimentos
se justificam pelo elevado potencial de qualidade do terroir chileno e da
necessidade comercial de enfrentar o mercado internacional com vinhos de custo
mais acessível quando comparado aos californianos ou franceses.
O lado positivo disso tudo é que atualmente o Chile é
reconhecido no mundo como um produtor confiável, com excelente relação
qualidade x preço em todas as faixas de mercado e capaz de produzir algum “Top
Wine”, de nível internacional, reconhecido pela critica, cuja performance
contribui à fama, logo ao desempenho comercial da marca “Chile”. Evidente a
vocação para exportação que hoje corresponde a mais de 65% das vendas chilenas,
com forte presença no mercado anglo-saxão, onde o principal cliente, a Grã
Bretanha, consome 20% do volume de vinho exportado pelo Chile; porcentagem que
desce para 15% quando consideramos o valor (pouco mais de US$ 22,00 a cx c/12
gfs, um valor médio – baixo), o mesmo percentual dos Estados Unidos, que
preferem vinhos um pouco mais caros, entorno de US$ 30,00 por cx c/12 gfs.
O artigo acima foi publicado na revista italiana "Il Sommelier" na edição de Maio / Junho 2012
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