Na cidade de Panquehue, ao Norte de Santiago, fica a sede de uma das
principais vinícolas chilenas e das mais antigas; a Viña Errazuriz, fundada
em 1870 por Don Maximiano Errazuriz Valdivieso; uma vinícola de importância
e dimensão internacional, que interpreta o vinho com muita atenção para a
tipicidade. A Viña Errazuriz é um dos principais produtores cujos vinhos podem
nos ajudar a compreender o estilo peculiar dos tintos do Aconcagua.
Don Maximiano Estate - Viña Errazuriz
O Vale do Aconcagua tem como característica a presença de muitos
relevos, morros e colinas que propiciam microclimas interessantes e permitem
expressar uma tipicidade e uma territorialidade pouco comum nos vinhos
chilenos; vinificando com cuidado especial é possível obter vinhos
refrescantes, de boa acidez, com franco toque mineral e estilo parecido com os
vinhos europeus, sobretudo franceses, em nítido contraste com os mais musculosos
tintos que o Chile costuma propor para os enófilos do mundo todo.
Vinhedos do Vale do Aconcqagua
Os vinhedos da parte alta do Vale, que sobem lentamente rumo à grande
montanha, fornecem uvas de elevada qualidade, com destaque para Cabernet
Sauvignon e Syrah, embora nos últimos seis – sete anos, alguns Carmenere do
Aconcagua, como o próprio “Kai” da Viña Errazuriz, tem
apresentado qualidade excepcional, sem o menor complexo de inferioridade diante
dos exemplares que tem sua origem naquele que é considerado o berço deste
varietal; as tórridas regiões de Colchagua e, sobretudo Cachapoal,
onde Peumo
se destaca há vários anos como um terroir abençoado.
Esta é a região dos grandes brancos chilenos, o clima do vale de
Casablanca, que se abre a apenas 30 km do Oceano Pacifico, é extremamente
propicio à maturação lenta que favorece as castas brancas. Neste vale é possível
observar, no verão, a influencia crucial da corrente de Humboldt sobre o clima
dos vinhedos chilenos.
Vinhedo em Casablanca
O sol levanta entre as “Camanchacas”, nuvens macias e alvas
feito algodão provocadas pela umidade do Oceano e que se debruçam sobre os
vinhedos perto da costa; estas nuvens são frias e úmidas, mas não trazem chuva;
com o passar das horas o forte calor do sol aos poucos as desmancha e assim
começa mais uma longa e quente jornada.
Na parte da tarde, com o sol descendo, as brisas oceânicas começam a
soprar trazendo alivio refrescante às parreiras, mas, à medida que o astro vai
se pondo no Zenith, estas brisas transformam um preguiçoso entardecer de fim de
verão numa fria noite com temperaturas invernais que, nas primeiras horas do
amanhecer, podem provocar geadas fatais para as uvas quase maduras.
Esta é a sequencia de um dia do começo do outono no Vale de Casablanca,
onde as castas brancas e o Pinot Noir traem grandes benefícios da excursão térmica
quotidiana; o frio noturno provoca uma maturação mais demorada, levando a uma
maior concentração dos aromas, enquanto as tardes quentes e ensolaradas
enriquecem a fruta de açucares, levando as uvas, sobretudo Chardonnay e
Sauvignon Blanc a um elevado potencial de qualidade.
No Vale de Casablanca as precipitações são escassas, tornando
necessárias, às vezes, a irrigação por gotejamento; no Chile viti-vinícolo, de
modo geral, chove pouco entre a Primavera, o Verão e o inicio do Outono; as
precipitações são mais frequentes no Inverno.
A pesar de serem regiões áridas, graças ao fenômeno das “Camanchacas”,
as áreas expostas a influencia oceânica são mais frescas e úmidas, mesmo assim,
ao longo da costa chilena, raramente se tem vinhedos expostos abertamente para
o Pacifico, em Casablanca os mais próximos ficam a uns 30 km. Ninguém por aqui nunca
se animou em procurar um contato mais próximo entre a fria umidade do Pacifico
Sul e a videira.
SAN ANTONIO E LEYDA
SAN ANTONIO E LEYDA
É sabido que a vitivinicultura no mundo se alimenta de desafios e de
superação e no Chile não podia ser diferente; assim, no vácuo do sucesso dos
vinhos de Casablanca, os enólogos chilenos resolveram ir além, chegando a
vinificar a menos de 10 km do Oceano; os Vales, próximos entre si, de San Antonio
e Leyda,
atiraram a atenção de vários especialistas engajados na busca de terroir com
identidade própria.
Importantes produtores se instalaram nesta região e começaram a
vinificar com excelentes resultados, vinhos parecidos aos de Casablanca, mas
com um toque mais gastronômico e exclusivo, talvez por se tratar de regiões
muito menores.
Aqui já estamos bem próximos da grande metrópole, menos de 100 km. em
direção Leste nos separam da Capital do Chile, a cidade de ”Santiago
de Nueva Extremadura”, como foi batizada em 1541, pelo conquistador
espanhol Pedro de Valdivia que quis homenagear o patrono de Espanha; a
partir dela, em direção ao Sul, se abre o vale principal da vitivinicultura
chilena, o Vale Central, com seus grandes tintos e ícones de grande
sucesso internacional.
Agradecemos pelas fotos: Viña Errazuriz e O.Fournier.
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