domingo, 14 de outubro de 2012

O CHILE E SEUS VALES - D.O. Aconcagua


ACONCÁGUA
Monte Aconcagua

Na cidade de Panquehue, ao Norte de Santiago, fica a sede de uma das principais vinícolas chilenas e das mais antigas; a Viña Errazuriz, fundada em 1870 por Don Maximiano Errazuriz Valdivieso; uma vinícola de importância e dimensão internacional, que interpreta o vinho com muita atenção para a tipicidade. A Viña Errazuriz é um dos principais produtores cujos vinhos podem nos ajudar a compreender o estilo peculiar dos tintos do Aconcagua.

Don Maximiano Estate - Viña Errazuriz

O Vale do Aconcagua tem como característica a presença de muitos relevos, morros e colinas que propiciam microclimas interessantes e permitem expressar uma tipicidade e uma territorialidade pouco comum nos vinhos chilenos; vinificando com cuidado especial é possível obter vinhos refrescantes, de boa acidez, com franco toque mineral e estilo parecido com os vinhos europeus, sobretudo franceses, em nítido contraste com os mais musculosos tintos que o Chile costuma propor para os enófilos do mundo todo.


Vinhedos do Vale do Aconcqagua

Os vinhedos da parte alta do Vale, que sobem lentamente rumo à grande montanha, fornecem uvas de elevada qualidade, com destaque para Cabernet Sauvignon e Syrah, embora nos últimos seis – sete anos, alguns Carmenere do Aconcagua, como o próprio “Kai” da Viña Errazuriz, tem apresentado qualidade excepcional, sem o menor complexo de inferioridade diante dos exemplares que tem sua origem naquele que é considerado o berço deste varietal; as tórridas regiões de Colchagua e, sobretudo Cachapoal, onde Peumo se destaca há vários anos como um terroir abençoado.


CASABLANCA


Vinhedo La Escultura - Casablanca

Esta é a região dos grandes brancos chilenos, o clima do vale de Casablanca, que se abre a apenas 30 km do Oceano Pacifico, é extremamente propicio à maturação lenta que favorece as castas brancas. Neste vale é possível observar, no verão, a influencia crucial da corrente de Humboldt sobre o clima dos vinhedos chilenos.

Vinhedo em Casablanca

O sol levanta entre as “Camanchacas”, nuvens macias e alvas feito algodão provocadas pela umidade do Oceano e que se debruçam sobre os vinhedos perto da costa; estas nuvens são frias e úmidas, mas não trazem chuva; com o passar das horas o forte calor do sol aos poucos as desmancha e assim começa mais uma longa e quente jornada.
Na parte da tarde, com o sol descendo, as brisas oceânicas começam a soprar trazendo alivio refrescante às parreiras, mas, à medida que o astro vai se pondo no Zenith, estas brisas transformam um preguiçoso entardecer de fim de verão numa fria noite com temperaturas invernais que, nas primeiras horas do amanhecer, podem provocar geadas fatais para as uvas quase maduras.


Esta é a sequencia de um dia do começo do outono no Vale de Casablanca, onde as castas brancas e o Pinot Noir traem grandes benefícios da excursão térmica quotidiana; o frio noturno provoca uma maturação mais demorada, levando a uma maior concentração dos aromas, enquanto as tardes quentes e ensolaradas enriquecem a fruta de açucares, levando as uvas, sobretudo Chardonnay e Sauvignon Blanc a um elevado potencial de qualidade.
No Vale de Casablanca as precipitações são escassas, tornando necessárias, às vezes, a irrigação por gotejamento; no Chile viti-vinícolo, de modo geral, chove pouco entre a Primavera, o Verão e o inicio do Outono; as precipitações são mais frequentes no Inverno.
A pesar de serem regiões áridas, graças ao fenômeno das “Camanchacas”, as áreas expostas a influencia oceânica são mais frescas e úmidas, mesmo assim, ao longo da costa chilena, raramente se tem vinhedos expostos abertamente para o Pacifico, em Casablanca os mais próximos ficam a uns 30 km. Ninguém por aqui nunca se animou em procurar um contato mais próximo entre a fria umidade do Pacifico Sul e a videira.

SAN ANTONIO E LEYDA


É sabido que a vitivinicultura no mundo se alimenta de desafios e de superação e no Chile não podia ser diferente; assim, no vácuo do sucesso dos vinhos de Casablanca, os enólogos chilenos resolveram ir além, chegando a vinificar a menos de 10 km do Oceano; os Vales, próximos entre si, de San Antonio e Leyda, atiraram a atenção de vários especialistas engajados na busca de terroir com identidade própria.


Importantes produtores se instalaram nesta região e começaram a vinificar com excelentes resultados, vinhos parecidos aos de Casablanca, mas com um toque mais gastronômico e exclusivo, talvez por se tratar de regiões muito menores.
Aqui já estamos bem próximos da grande metrópole, menos de 100 km. em direção Leste nos separam da Capital do Chile, a cidade de ”Santiago de Nueva Extremadura”, como foi batizada em 1541, pelo conquistador espanhol Pedro de Valdivia que quis homenagear o patrono de Espanha; a partir dela, em direção ao Sul, se abre o vale principal da vitivinicultura chilena, o Vale Central, com seus grandes tintos e ícones de grande sucesso internacional.

Matéria publicada na revista italiana "Il Sommelier" edição de Setembro / Outubro 2012.
Agradecemos pelas fotos: Viña Errazuriz e O.Fournier.

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