domingo, 22 de maio de 2011

HORIZONTAL SAFRA 99 CHATEAUX DE BORDEAUX VERSUS SUPER ITALIANOS

Na sexta feira 13, (data esquisita para isso) participei, junto com meus colegas alunos do Curso de juiz de vinho da FISAR, de uma degustação ESPETACULAR, comandada pelo sommelier italiano e "Nostro Maestro" Roberto Rabachino.
Nada menos que uma degustação horizontal da safra de 99 (mítica) de vinhos daqueles que os comuns mortais (enofilos) como eu, tomam poucas vezes na vida; a degustação foi uma contraposição entre Bordeaux e Italia, os vinhos eram degustados em dupla, embora não de forma competitiva, harmonizando com o almoço oferecido pelo restaurante da Escola de Gastronomia da Universidade de Caxias do Sul, em Flores da Cunha.

O anfitrião dessa fantástica degustação foi o simpático Wander Weege, dono da Vinícola Perico', de Sao Joaquim (SC), que alem do filho Martin, trouxe, de helicóptero, para prestigiar o evento o jornalista Sergio Inglês de Souza e outros ilustres convidados.
Para abrir o ...apetite foi servido um espumante italiano de primeiro nível, Giulio Ferrari 100% Chardonnay da safra 1997, uma obra de arte, prometia ser o preludio de algo excepcional, mas infelizmente os dois Champagnes que se seguiram estavam oxidados e não conseguiram acompanhar a excelência do grande italiano, para conhecimento os Champagnes eram, pela ordem, uma Krug Clos de Mesnil 90 e uma Dom Perignon 95, e bote pena nisso.
Aí fomos para a peleia dos 99, os dois primeiros a entrarem na arena foram o Chateau Latour (85% Cabernet Sauvignon e 15% Merlot) versus o Sassicaia 99 (80% Cabernet Sauvignon e 20% Sangiovese).
Pelas primeiras impressões de alegria do Maestro Rabachino, percebemos que o italiano tinha largado na frente, mais franco e aberto, assim que foi colocado nas taças já mostrou a que veio, enquanto o francês ainda parecia adormecido,.

Infelizmente para nos enófilos patriotas, foi só questão de pouco tempo, assim que o desavergonhado Chateau começou a dar volta nas taças, começou a crescer, e como crescia, exuberante, nítido, o bouquet complexo, aromas terciarios inesquecíveis com a fruta madura presente e possante; não poderia definí-lo uma criança, mas um atleta no pleno de sua potencialidade com anos de carreira pela frente; logo o Sassicaia, que também era um gigante, ficou em desvantagem e acabou perdendo a disputa aos pontos, foi emocionante mas tivemos que dar "chapeau" para o mais completo Latour.



A segunda "disputa" foi uma covardia, escalado como oponente, o Tignanello (80% Sangiovese, 15% Cabernet Sauvignon e 5% Merlot), infelizmente apenas serviu de "sparring partner" para sua majestade o Chateau Margaux (45% Cabernet Sauvignon, 45% Merlot e 10% Cabernet Franc e/ou Petit Verdot, dependendo da safra); este ultimo francês, após 20 ou 24 meses de barrica e anos a fio de garrafa foi um vinho SECULAR, encorpado, com taninos maduros e sedosos; na boca não teve igual, literalmente acabou com o Tignanello que merecia sorte melhor, e geralmente seu desempenho e' digno de tais desafios, mas desta vez foi a nocaute, o Margaux estava impossível, penso se tratasse de uma garrafa realmente especial, pois o bouquet desse vinho na taça ficou realmente inesquecível.



Para nós italianos a coisa estava ficando feia, ainda mais agora que a terceira, e última, dupla previa nada menos que outro grande do Medoc, o Chateau Haut Brion (45% Cabernet Sauvignon, 45% Merlot e 10% Petit Verdot), aquele da garrafa rebelde, versus o aristocrático, porém muito mais barato, Rei dos Vinhos e Vinho dos Reis, o Barolo Pio Cesare, 100% Nebbiolo da Barolo, 36 meses de Botte Grande, 12 de garrafa, produzido pelo enólogo Donato Lamenti, já ganhador do Oscar do Vinho 2009
Rabachino e eu estávamos já bastante resignados a levar outra surra, quando, para surpresa geral, o Barolo, filho da nossa terra piemontesa, resolveu levar alto seu grito de guerra, apresentando uma cor praticamente marrom (nos Barolos de safras antigas isso não e' defeito, alias e' praxe), um bouquet muito rico de especiarias, couro, tabaco, notas claras de eucalipto e violeta, divinamente complexo, porém nítido, na boca os taninos, outrora duros e agressivos, deslizavam macios, quase doces, um vinho no pleno da força e com futuro estupendo (não muito longo porém); o Haut Brion ate que se esforçou, mas essa garrafa de Barolo estava realmente acima em sua complexidade e evolução.

Como disse no começo, a custa de parecer repetitivo e prolixo, ocasiões como essa poucas vezes acontecem na vida, por isso não posso deixar de expressar o meu obrigado para todos que colaboraram para realização de brincadeira tão prazerosa e marcante, a isso acrescento o prazer de ter conhecido o Wander Weege, simpática figura do cenário enológico nacional e pessoa generosa e jovial.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Realmente uma degustação sensacional,fato marcante que eu não poderia deixar de comentar foi a sua corrida para a degustação do grande Chateaux Latour como um corredor de 100m nas olimpíadas. rsrsrsrs

    grande abraço

    Renato Brasil

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  3. Fazer o que Renato, eu estava em posição de desvantagem, tentei me antecipar mas a marcação chegou primeiro, prazer em saber que voltou na área, boa semana, abraços.
    Marco

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