segunda-feira, 13 de junho de 2011

CHATEAU DU MUGUET - Bergerac A.O.C.

Outro dia abri um vinho francês de uma região pouco conhecida no Brasil, a região de Bergerac.



Como se pode notar a região de Bergerac fica logo ao leste de Bordeaux e as uvas mais plantadas são as mesmas que se utilizam no vizinho mais nobre. A cidade de Bergerac ficou famosa pela peça de teatro Cyrano de Bergarac, o galanteador de mulheres que tinha vergonha de seu próprio nariz, um tanto quanto grande; é uma cidade bonita de arquitetura medieval, onde fica evidente a importância do vinho na economia local.
Em Bergerac também se faz vinho (em assemblage) com a mítica CÔT, que outra coisa não é senão a Malbec, assim como se chama em seu berço, o Sud-Oeste francês.
Segundo la Guide de Vins de France, a superfície de vinhedos da A.O.C. Bergerac é de 8.000 hectares, produz anualmente em torno de 42 milhões de garrafas, 65% de vinho tinto, 30% de vinho branco e 5% de rosé.


Vamos ao vinho, o Chateau du Muguet, Bergerac A.O.C. da safra de 2005, excelente safra segundo o Guide de Vins de France.

O exame visual revelou de cara uma cor granada intensa, bestante fechada que deixava a impressão que o vinho tinha ainda evolução pela frente, impressão que se desfez assim que levamos ao nariz.

Apareceram logo as frutas vermelhas e pretas típicas do corte bordalês (Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Petit Verdot, Merlot), muito maduras, como se convém num vinho que passou bastante tempo em garrafa; minha impressão particular é que a Merlot seja predominante neste corte, pois as notas vegetais eram quase imperceptíveis; bastante nítido, ao contrario o toque aportado pela barrica onde o vinho foi maturado, bem ao estilo francês, uma barrica pouco invasiva, porém determinante para abrir aromas terciários.
Aqui o vinho mostrou algum limite, os aromas terciários, os que compõem o bouquet, estavam pouco nítidos, carecendo de finesse, um pouco rústico, a harmonia ficou um pouco prejudicada, mas até aí tudo bem, era justamente um Bergerac, o primo pobre do interior, está para Bordeaux como o Chico Bento para o Cebolinha, é natural um pouco de rusticidade.
Na boca um vinho franco, taninos firmes (rusticidade, de novo), encorpado e de boa persistência, o retrogosto voltava a trair as origens de quem viveu a nobreza apenas pela proximidade, o vizinho de cerca do castelo do aristocrata.
Gostei do vinho, recomendo pela relação custo-benefício, aqui no Brasil é importado pela Franco - Suissa, tradicional importadora paulista com muita vivencia de mercado, mais de cinquenta anos.

 

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