Antes de falar das vinícolas e seus produtos, vou expressar algumas opiniões sobre o evento. A recepção foi muito calorosa, bem ao tipo que se espera de uma reunião italiana, amizade, muita fartura, salame, copa prosciutto crudo, parmigiano, antipasti e pastasciutta não faltaram para ninguém e o clima era aquele agradável das "merendas" típicas italianas, esse é o ponto.
Em eventos desse tipo, onde a atenção do convidado se dispersa entre a comida e o bate-papo com os amigos, o vinho, infelizmente, apenas é percebido como o combustível ideal para o ar alegre da noite, como o coadjuvante que acompanha a comida, relegando em segundo plano sua participação.
Nada tenho contra confraternizações entre conterrâneos (eu também sou italiano, com muito orgulho), mas penso que, para o bem do vinho, seria mais interessante um ambiente mais calmo e propicio, com taças adequadas (a que foram utilizadas eram ótimas para serviço de buffet ao ar livre, inúteis para degustação), para poder evidenciar as diferenças e apreciar a riqueza de detalhes entre um vinho e outro. Numa "merenda" como essa, afinal poderia muito bem ser servido um vinho mais simples que os que estavam sendo degustados, o efeito era o mesmo e o desperdício menor...
A vinícola MOSER, pertence a um famoso campeão de ciclismo, FRANCESCO MOSER, grande vencedor de Giro d'Italia e de várias corridas entre a década de '70 e '80, além de ter estabelecido o Record Mundial da Hora em 1984.
A vinícola fica próxima da cidade de Trento, no Nordeste da Itália e produz interessantes vinhos, de vinhedos próprios, conduzidos em Pérgola Trentina, uma espécie de latada tradicionalmente utilizada naquela região.
Vinhedo conduzido em pergola trentina.
Lagrein DEA MATER - Azienda Agricola MOSER
Não tive a oportunidade de provar aquele que provavelmente é o destaque da vinícola, um espumante TRENTO DOC, Champenoise de 24 meses, que leva o nome de MOSER 51.151, em homenagem ao record mundial estabelecido pelo campeão nos tempos da bicicleta.
Sede da vinicola CASTELVECCHIO em SAGRADO - GORIZIA
O Carso foi região de terríveis batalhas ao longo da Primeira Grande Guerra, e de lutas cotidianas para a sobrevivência em uma terra que aparenta hostilidade, mas que com o trabalho e a sabedoria do viticultor se torna generosa e prodiga.
As peculiaridade de um solo composto por uma camada de terra vermelha e rocha calcaria logo abaixo, além do vento "BORA" que traz salubridade, permitem uma produção de elevada qualidade , onde a colheita é realizada tardiamente, com a fruta muito madura.
Nesse ambiente a Castelvecchio produz excelentes vinhos, como um varietal de MALVASIA ISTRIANA, um branco de grande tipicidade, onde para complementar a riqueza floral e frutada do varietal, uma componente mineral muito forte acrescenta complexidade e confere um toque único ao vinho.
Degustamos vários vinhos típicos da região como o CABERNET SAUVIGNON e o REFOSCO DAL PEDUNCOLO ROSSO, típico do Friuli, todos muito bem feitos, complexos e suntuosos, com estagio entre barrica e casco de madeira de aproximadamente dois anos.
Vinho muito interessante foi o SAGRADO ROSSO, corte de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e TERRANO (casta autóctone), uma cuvée selecionada entre vinhos que descansam em barrica e tonneaux, durante três anos, em seguida o vinho é engarrafado e estagia mais alguns meses em garrafa antes de ir para o comercio.
Agora acho que ficou claro o porque da minha critica com relação ao tipo de evento escolhido para apresentar vinhos como os que descrevi acima, certas criações merecem uma atenção um pouco maior; prestigiando e respeitando os grandes produtos de nossa terra, divulgando estas preciosidades da forma apropriada, estaremos prestando um serviço para todos nós; as merendas podem ficar para depois.
Boa noite!
ResponderExcluirSou Stella Maris, sommeliere gostaria de saber qual a importadora dos vinhos de Moser no Brasil ou onde posso compra-los.
Parabéns pelo seu site, muito rico e leve!
Cordiali saluti,
Stella Maris