De esquerda: Jardênia, Izakeline e Marco
No último Domingo, na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi, aconteceu um debate sobre os vinhos do Novo Mundo versus os do Velho Mundo, para defender a causa do Novo Mundo, a nossa amiga jornalista Izakeline Ribeiro convidou Jardênia Siqueira, enófila e colaboradora do site Viticultura, para falar do Velho Mundo coube a mim a tarefa.
O tema é muito amplo, sobre esse assunto já se falou de tudo e o contrario de tudo, porém sempre vale acrescentar mais um pouco de informações.
Em minha opinião, mais do que uma questão de procedência, se trata de um estilo diferente de fazer o vinho, é certo que o chamado estilo "novo mundo" é hoje utilizado por vários produtores europeu, por se tratar de uma proposta comercial importante.
Ao mesmo tempo, aquilo que alguns anos atrás os produtores californianos e australianos, sobretudo, esnobavam, a influência do Terroir, é hoje parte importante da agenda desses produtores, além de objeto de estudos e buscas para cada vez mais diferenciar os próprios vinhos, pelo menos os de ponta, dos demais.
Temos então uma situação curiosa, com produtores europeus utilizando barricas novas, mesmo em regiões onde estas não fazem parte da tradição (Piemonte, Toscana, Bairrada, Dão) e produtores de Chile, Argentina e Brasil procurando fazer vinhos fugindo da madeira, buscando preservar a acidez natural, evitando a padronização inevitável que acontece quando se abusa da maceração e concentração, para extrair cor e taninos, sucessivamente "amaciados" com doses elevadas de carvalho.
Uma região que conheço razoavelmente, a de Langhe, no Piemonte, conta de produtores que se identificam tanto no estilo moderno (chamar de Novo Mundo aqui é um pouco ousado, prefiro ficar com a palavra "moderno"), os ditos "modernistas"; como os defensores da mais pura tradição, os "puristas".
Vou dar aqui uma dica que, como todas as dicas, não é infalível, mas pode ser de ajuda, para saber de que escola é adepto determinado produtor, observe as garrafas que utiliza para seus vinhos, se for a característica "Albeisa", provavelmente se tratará de um purista, do contrário, se se trata de uma "Bordalesa", muito provavelmente será um adepto do estilo moderno.
Volto a repetir que hoje essa divisão não é mais tão nítida, mas que no passado foi causa de polemicas acirradas, isso foi.
Vamos dar alguns exemplo do que falei acima: Cavallotto, excelente produtor de Castiglione Falletto, possui en torno de 25 hectares de vinhedos, o mais importante é o Bricco Boschis, aguerrido defensor do estilo tradicional, purista de corpo e alma, garrafa Albeisa.
Barolo de Cavallotto em sua tradicional garrafa Albeisa
Silvio Grasso, 11 hectares em La Morra, garrafa Bordalesa, modernista, menos pelo Barolo Turné (significa retorno em dialeto piemontês), afinado em botte grande, mas com garrafa bordalesa.
Elio Altare, La Morra, a vinícola fica na beira do caminho que, descendo de La Morra, leva para a Strada Provinciale Alba - Barolo, modernista convicto e precursor do estilo, junto com Bruno Giacosa, barrique para todos os vinhos, garrafa bordalesa.
Garrafa Bordalesa para o "modernista" Elio Altare
Barbera d'Asti de Bera
Barbera d'Alba de Albino Rocca
Como disse antes, a minha é apenas uma dica, o que vale é experimentar e perceber a diferença entre as duas escolas e optar por quem mais agrada, o problema é que esses vinhos, que estão disponíveis no Brasil, tenham, em geral, um preço muito elevado
Marco, muito obrigada pela participação. Vamos continuar trocando figurinhas sobre esse mundo tão fascinante.
ResponderExcluirabs e até logo!
Como já disse, estamos aqui, obrigado pelo comentário.
ResponderExcluirMarco