Ângelo Gaja: traduzindo um mito do vinho.
Na Sexta Feira 23 de Marco de 2012, a viagem de descoberta ao Piemonte enológico, parte do programa didático da FISAR, do qual participaram trinta sommelier do Brasil, nos reservava uma etapa fundamental, a relevância deste compromisso era tal que toda a delegação responsável estava tão engajada com a organização a ponto de checar em detalhe todos os pormenores da viagem, desde a saída de Torino, ate a chegada, com ampla antecedência em relação a hora marcada, no povoado de Barbaresco.
Pensando agora, lembro bem da atmosfera bastante intensa daquelas horas, na iminência do ponto de maior clímax de nossa viagem,
... a cidade de Barbaresco, agarrada ao topo de uma colina, com sua torre medieval a dominar os morros cobertos por preciosas parreiras ao seu redor, nos acolheu envolvida em garoa fina, o frio incomum daquela manha de começo de Primavera, depois de dois dias de sol exuberante, parecia fazer parte de um enredo místico, preparado para acentuar o suspense antes da hora do encontro.
Quando chegamos em frente ao portão onde fica pendurada a placa em três línguas que avisa que não se recebem visitas, compreendi que estávamos prestes a participar de algo incomum, para sommeliers vindos do Brasil, uma oportunidade que dificilmente nos seria concedida de novo.
Fomos recebidos por um funcionário da vinícola que nos levou para uma sala preparada para degustação no castelo situado do outro lado da rua, que foi incorporado à propriedade desde a década de 90.
Começou explicando algum detalhe sobre a produção etc. e nos fez acomodar comunicando que o anfitrião estaria chegando em breve.
E dali a pouco ele chegou, lembro-me de ter pensado que a imagem do homem sorridente que, enquanto escrevo estas linhas, fica me olhando da capa da Wine Spectator de Outubro 2011, não faz justiça a personalidade intensa e ao carisma de Ângelo Gaja, um verdadeiro gentleman que, em mais de uma hora e meia de palestra enalteceu o caráter do povo de Langa e a importância da figura dos artesãos do vinho, pequenos produtores que dedicam sua vida e a de suas famílias na produção de vinhos que trazem em sua alma a fiel expressão desse território.
Feitos a partir de propriedades pequenas, geralmente de 2 a 3 hectares, estes vinhos representam a realização dos sonhos e da filosofia de quem produz, enaltecendo um padrão de qualidade quase inigualável na Itália e no mundo.
Começou explicando algum detalhe sobre a produção etc. e nos fez acomodar comunicando que o anfitrião estaria chegando em breve.
E dali a pouco ele chegou, lembro-me de ter pensado que a imagem do homem sorridente que, enquanto escrevo estas linhas, fica me olhando da capa da Wine Spectator de Outubro 2011, não faz justiça a personalidade intensa e ao carisma de Ângelo Gaja, um verdadeiro gentleman que, em mais de uma hora e meia de palestra enalteceu o caráter do povo de Langa e a importância da figura dos artesãos do vinho, pequenos produtores que dedicam sua vida e a de suas famílias na produção de vinhos que trazem em sua alma a fiel expressão desse território.
Feitos a partir de propriedades pequenas, geralmente de 2 a 3 hectares, estes vinhos representam a realização dos sonhos e da filosofia de quem produz, enaltecendo um padrão de qualidade quase inigualável na Itália e no mundo.
Nosso anfitrião continuou sua palestra evidenciando as similitudes entre o Piemonte e a Bourgogne, com relação ao caráter de seus vinhos e de seus povos, orgulhosos e engajados com a busca da qualidade extrema e da identificação com o produto da terra, desenvolveu o interessante conceito da territorialidade, como a forma piemontesa de interpretar o sentido de terroir.
Sem quase mencionar os inúmeros prêmios e os reconhecimentos que conseguiu ao longo de sua carreira, Gaja nos falou sim das origens de sua propriedade, que hoje, com a esposa e as filhas Gaia e Rossana, esta na quinta geração.
Nos fez sorrir contando as anedotas de quando Mondavi queria desenvolver uma joint - venture com ele e Gaja recusou por ter medo que o americano pressionasse para aumentar a extensão da propriedade e o aumento da produção, coisa que ele nunca quis para não comprometer o nível de qualidade de seus vinhos.
Concluiu deixando em mim, que foi escalado para traduzir simultaneamente para os colegas brasileiros, a impressão que a Wine Spectator está certa ao afirmar que Ângelo Gaja e', de fato, o responsável por guiar o vinho italiano Rumo ao topo da qualidade mundial.
O encontro foi finalizado com a degustação de 3 vinhos produzidos em suas 3 propriedades, o primeiro um corte de Merlot, Syrah e Sangiovese de sua propriedade Ca' Marcanda em Bolgheri, seguiu um Brunello di Montalcino de Pieve Santa Restituta e, para terminar com chave de ouro, um Barbaresco 2004, obviamente os vinhos estavam soberbos e não cabe aqui comenta'-los, vinhos como esses não se comentam, se vivem como parte de uma experiência única e inesquecível.
Sommeliers brasileiros da FISAR com Angelo Gaja.
Ferrari, que maravilha.
ResponderExcluirum espaço como esse é para ser degustado.
vou voltar mais vezes aqui. antonio
Olá Antonio, prazer em ter você aqui, obrigado pelo comentário. Abraços e sucesso para você.
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