Tive o prazer de visitar, junto com 40 amigos e sommelier brasileiros FISAR, a Vinícola de Ermes Pavese, a Morgex, no fim de março 2012. Emocionado pela acolhida e pelas gratas surpresas, resolvi relatar a experiencia.
Ermes Pavese, seu vinho e Marco Ferrari
Logo acima da cidade de Aosta, seguindo pela Estrada Estatal que leva a fronteira da Itália com a Franca, a pouco mais de 25kms da divisa, a sombra do Monte Bianco, fica localizado o vilarejo de Morgex, onde se pratica uma vitivinicultura de alta montanha, num ambiente tão difícil para a agricultura, quanto bucólico e gratificante para o panorama que oferece ao visitante de passagem.
E' nessa realidade que conhecemos o simpático Ermes Pavese, jovem intérprete de um vinho de sonho, derivado do fruto que o homem retira da Mãe Terra, a custo de muito esforço e trabalhando em condições climáticas e geográficas únicas no mundo.
E' nessa realidade que conhecemos o simpático Ermes Pavese, jovem intérprete de um vinho de sonho, derivado do fruto que o homem retira da Mãe Terra, a custo de muito esforço e trabalhando em condições climáticas e geográficas únicas no mundo.
Vinhedo de Prié Blanc devastado pela neve.
Vinhedos em Morgex, atras das nuvens o Monte Bianco e a fronteira Itália - França
Pérgola baixa valdostana com tipicas colunas de pedra a sustentar a estrutura, antigo artificio para reter o calor nas frias horas noturnas.
Estamos nos vinhedos mais altos da Europa, localizados na vertente leste, a que fica exposta ao sol, das montanhas do Vale D'Aosta, onde as parreiras crescem em altitudes que variam de 900 ate' mais de 1200 metros, em encostas íngremes e pedregosas, varridas pelo frio vento que desce dos picos mais altos da cordilheira dos Alpes.
Valoroso intérprete de um varietal, o único, que se adaptou a essa realidade peculiar; Ermes cultiva o Prie' Blanc, totalmente em pe' franco, conforme o disciplinar da DOC, conduzindo seus 3 hectares de vinhedo de propriedade da família com total devoção ao estilo tradicional da região, sem utilização de agrotóxicos, numa pessoal interpretação da viticultura orgânica.
Num solo em prevalência granítico, coberto por terra negra, nos conta que a melhor maneira de conduzir a videira e' a pérgola baixa, onde a cobertura foliar e a proximidade do chão formam uma proteção natural contra as baixas temperaturas noturnas, quando o frio toma conta do cenário e todo o calor armazenado pelo solo ao longo do dia, precisa ser retido para não comprometer a maturação do precioso fruto da Parreira.
Tanques de fermentação.
O Prie Blanc tem um ciclo vegetativo muito peculiar, brota em primavera já' adiantada, assim de escapar das terríveis geadas noturnas e amadurece com certa rapidez, para antecipar o frio do Outono.
O vinho obtido em Morgex e' um branco de forte presença mineral, aromas discretos de flores brancas, frutado mas com muito equilíbrio e notas minerais envolventes a marcar a personalidade discreta e o caráter firme.
Na boca novamente a mineralidade exaltada pela boa veia sápida, a pedir uma entrada típica valdostana, com queijo Fontina de alta montanha e salames da charcutaria regional, em seguida a acidez refrescante aparece, deixando a salivação molhar nossas papilas e nos convidando a mais um gole, a mais uma garfada, ou melhor mais um petisco, no melhor estilo finger - food, com produtos típicos regionais.
A persistência deste vinho e' médio alta e o aroma de boca confirma as impressões da analise olfativa.Sala de barriques na adega subterrânea cavada na pedra de Ermes Pavese
Sala de degustação ma adega subterrânea da vinícola.
Certamente um vinho que bebido em sua terra de origem nos deixa maravilhados, nao apenas pela sua qualidade, mas pelo contexto difícil no qual veio a luz, isto reforça minha convicção que o vinho para ser apreciado nao pode ser avaliado apenas como uma bebida em uma taça, mas precisa ser vivido como a experiência de uma fiel expressão de um território e dos homens que nele vivem e trabalham e que através de seus aromas e sabores encontram uma maneira de nos contar a história de sua cultura e de suas paixões pela vida.
A matéria em italiano foi publicada na revista eletrônica "Turismo del gusto", veja no link.
http://www.turismodelgusto.com/pages.php?id=497
Olá,
ResponderExcluirEu gostaria de saber onde se compra vinhos do Valle d'Aosta aqui no Brasil. Esta sendo difícil encontrar um comerciante que tenha vinhos desta DOC para vender.
Agredeço por informações,
Luis