quarta-feira, 25 de julho de 2012

DEGUSTAÇÃO CHARDONNAY e CORTE BORDALÊS - Os Brancos

Na noite de ontem aconteceu a degustação guiada de alguns vinhos bastante emblemáticos, a temática da degustação foi as similitudes e as diferenças entre alguns Chardonnay de diferentes regiões produtoras e entre tintos feitos a partir do corte Bordalês.


Começamos com os brancos, foram degustados três vinhos na seguinte ordem:


1. CHABLIS AOC 2010 CHATEAU DE MALIGNY. 
Um exemplo clássico do branco francês, o estilo típico dos Chardonnay daquela região foi muito bem representado, pois Jean Durup elabora seus vinhos a partir de 100 hectares de vinhedos próprios, seguindo à risca o estilo tradicional, sem carvalho e bastante mineral.
No exame visual o vinho apareceu amarelo claro com reflexos esverdeados, típico, límpido e sem defeitos.
No nariz as notas cítricas de maçã verde tinham menos força que o esperado, deixando a cena para a fruta a polpa branca, tipo pera e melão, as nuances de flores brancas deixaram o vinho atraente e extremamente delicado no nariz, justamente intenso, com notas minerais de giz marcantes, um aroma típico e muito limpo; Chablis de manual.
Na boca o vinho se apresentou seco, de boa acidez, refrescante, a sapidez muito boa; o terroir de Chablis deixa o vinho muito mineral, o toque salino na boca é realmente algo difícil a ser confundido, verdadeira impressão digital daquela região; um vinho leve, característico, excelente para acompanhar entradas, mariscos, ostras e peixes.


2. CASA VALDUGA GRAN RESERVA CHARDONNAY 2010.
O representante do Brasil, Vale dos Vinhedos, neste páreo mostrou uma cor amarelo ouro, a testemunha de uma fermentação em barrica, seguida de um estagio sobre as borra de seis meses; como era de se esperar mais intensidade de cor e tonalidade mais dourada. Límpido e sem defeitos, pelas lagrimas mais preguiçosas percebeu-se um teor alcoólico um pouco mais elevado.
No nariz um amplo leque de aromas, abacaxi maduro, uma leve casca de limão, além de notas secundárias e terciarias, oriundas das fermentações alcoólica e malo-latica (ambas em madeira nova da França e Romênia), como a banana, o tostado, um leve defumado e sutis toques de chocolate branco completam o rico quadro olfativo deste belo vinho.
Na boca a acidez mantem o Casa Valduga bem vivo embora, pelo tempo de envelhecimento, este Chardonnay se apresente redondo, macio e envolvente, sedoso no paladar, a testemunha da boa evolução pelo qual passou, os aromas de boca, percebidos pela via retro-nasal, confirmam as impressões do nariz; vinho elegante, de excelente persistência gustativa; a meu ver em seu pleno apogeu; um interessante contraponto ao primeiro que nós degustamos.


3. CALYPTRA GRAN RESERVA CHARDONNAY 2007.
Este vinho foi uma agradável surpresa, vindo da região do Alto Cachapoal, no Vale Central chileno, passa por 24 meses de barrica! Um vinho incomum, de cor amarelo quase âmbar, intenso, porém bastante brilhante, a testemunha de um vinho vivo, apesar da idade.
No olfato as notas oxidativas de caramelo e mel aparecem e dominam o nariz; assim que nos acostumamos começamos a perceber as frutas em calda, como o abacaxi, a casca de tangerina e laranja, o amanteigado e o tostado deixados pelo longo estagio em madeira; um leque amplo de aromas se desenvolveram neste Chardonnay, ao longo de seus 5 anos de vida, realmente impressionante.
Na boca a acidez ainda é perceptível, embora a característica do Calyptra não seja esta, a longa maturação o deixaram macio e envolvente. O vinho apresenta um corpo notável, com os traços de oxidação a torná-lo diferente e peculiar, porém muito interessante; a pouca percepção do álcool e a longa persistência completam o quadro. Um Chardonnay que todo degustador deveria provar, empolgante, embora um pouco complexo de ser apreciado, com certeza incomum.

CONCLUSÕES: A degustação atingiu em cheio, em minha opinião, seus objetivos, ou seja apresentar três diferentes interpretações do mesmo varietal, de acordo com o terroir e o estilo de cada região / produtor, de forma a propor diferentes opções de escolha para o enófilo interessado em novas experiencias.
No próximo post falaremos dos tintos e de como a coisa ficou complicada para mim.


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