quarta-feira, 25 de julho de 2012

DEGUSTAÇÃO CHARDONNAY e CORTE BORDALÊS - Os Tintos

Dando sequencia ao relato da degustação que aconteceu ontem na Escola de Vinho do Empório Delitalia, vamos agora ver o que aconteceu com os três tintos escolhidos, a degustação dos brancos foi conduzidas pelo argentino Carlos Suarez, a dos tintos coube a mim apresentar.


1. BUENO PARALELO 31.
O representante do Brasil foi um corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot, produzido pela Vinícola Miolo nos vinhedos de propriedade do comentarista esportivo Galvão Bueno, na Campanha Gaucha.
Na realidade este vinho eu deveria ter apresentado como segundo, veremos já o motivo.
De cor intensa, rubi, reflexos rubi, sem defeitos com lagrimas de media intensidade a demostrar um teor alcoólico acima de 13%, sem defeito.
No nariz tem um ataque bastante intenso, aparece a fruta vermelha madura em primeiro lugar, em seguida leve vegetal, com notas de pimenta do reino, leve tostado e nuances de couro e café, muito sutil, boa persistência olfativa.
Na boca os taninos aparecem um pouco ásperos, secam a boca de inicio, logo após a acidez aparece e a reação é de leve salivação, a demostrar certo equilíbrio do vinho. Um ponto característico e bastante marcante é representado pela mineralidade, a presença sápida na boca é dada a este vinho pelo solo típico da Campanha Gaucha, rico em mineral.
O vinho termina com um que de leve amargor que não incomoda e acrescenta um caráter gastronômico ao Bueno, trata-se, em minha opinião, de um vinho com boa margem de melhoramento, seus taninos estão ainda um pouco agressivos, levemente rústicos, possivelmente vão melhorar com a maturação, de todo modo representou com honra sua região.


2. LA CHAPELLE D'ESCURAC MEDOC AOC 2009.
Tipico representante da origem do Corte Bordalês, 50% Cabernet Sauvignon e 50% Merlot, este vinho deveria ter sido degustado primeiro.
De cor vermelho rubi, intenso, com o halo a assumir uma tonalidade um pouco mais granada que o Bueno, um pouco menos brilhante, sem defeitos.
No nariz o primeiro ataque é de frutas maduras, cassis sobretudo, em seguida aparecem ameixas e outras frutas vermelhas e pretas, com o passar dos segundos afloram flores vermelhas, especiarias, tostado e notas de bosque, a persistência olfativa é muito boa, o leque aromático bem integrado e bastante amplo.
Na boca é macio, os taninos são muito bem integrados com a acidez, nada se sobressai em nenhum momento, um vinho sem arestas, bastante aveludado, acredito que a Merlot tenha ajudado muito nisso, bastante equilibrado, de persistência boa, na média da categoria, ao final das contas trata-se do segundo vinho do Chateau d'Escurac, um Cru Bourgeois de Civrac-en-Medoc. Pela sua maciez deveria ter sido aberto como o primeiro vinho desta degustação.


3. ERASMO 2007.
Produzido pela Viña La Reserva de Caliboro, no Vale do Maule, este corte de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot,  foi considerado pelo Patrício Tapia, em seu "Guia Descorchados", como o melhor tinto do Chile, bom eu não conheço todos os tintos de lá, mas ao colocar o Erasmo na boca percebe-se de imediato que quem o produziu pertence a escola italiana.
De cor vermelho rubi muito intensa, reflexos rubi, sem defeitos, as lagrimas denunciam o elevado teor alcoólico, acima de 14%.
No nariz as frutas vermelhas e pretas dominam o ataque olfativo, o cassis predomina, absoluto, aqui as notas terciarias são um pouco mais perceptíveis, as especiarias, a fruta e os aromas derivados do afinamento de 18 meses em barricas francesas ficam bem integrados no bouquet deste belo vinho.
Na boca é que o vinho demostra seu caráter italiano, e com razão, o produtor do Erasmo é Francesco Cinzano, proprietário da Col d'Orcia, de Montalcino, enquanto quem faz o vinho é justamente o Maurizio Castelli, enologo da vinicola toscana. Os taninos são potentes, importantes, impõem imediatamente respeito, a persistência do vinho é profunda e marcante, absolutamente impensável beber o Erasmo sem o acompanhamento gastronômico adequado, totalmente diferente dos tintos chilenos mais comuns, de taninos macios e aveludados pelo toque invasivo, e excessivo, do carvalho americano; este é vinho a se comprar de caixa para tomar uma garrafa cada ano, para poder apreciar a evolução que, acredito, será longa e interessante.

CONCLUSÕES: Em post anterior menciono o fato que as coisas ficaram complicadas para mim, explico por que; na verdade o objetivo destas degustações é didático, ninguem pretende demostrar qual é o melhor vinho da noite ou coisa parecida, o intento é apresentar vinhos de qualidade, com tipicidades diferentes mais, neste caso o Erasmo acho que ficou um pouco acima dos outros, sua potencia e sua personalidade o deixaram realmente em um patamar distinto. 
Em defesa dos demais podemos dizer que o Medoc está muito bom e aveludado, versátil e fácil de harmonizar e de agradar pelo seu excelente equilíbrio; já o Bueno, dos três, é aquele que tem melhor margem de melhoramento, por ser produzido numa região que foi descoberta recentemente, onde o homem, a terra e a videira ainda estão se conhecendo, num namoro que, tenho certeza, dará vinhos ainda melhores que os já ótimos produzidos agora, apenas falta os consumidores acreditarem mais nesse aspecto e vestirem esta camisa. 

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