quarta-feira, 20 de junho de 2012

O VINHEDO CHILENO


O VINHEDO CHILENO

A ampelografia chilena é fortemente embasada nas variedades internacionais de origem francesa, trata-se de uma extensão de quase 120.000 hectares de superfície de vinhedos, dos quais 75% de uvas tintas e 25% de brancas; entre destes contamos pouco mais de 15.000 hectares de uva tinta País e manos de 10.000 hectares de brancas comuns, mantidos exclusivamente para a produção de Pisco.

Parreira de Cabernet Sauvignon enxertada em cavalo de Uva País - O. Fournier - Maule

Entre as tintas a mais plantada é a Cabernet Sauvignon, com mais de 50% de superfície ocupada, segue a Merlot, depois Carmenere, Syrah e Pinot Noir; já entre as brancas Sauvignon Blanc e Chardonnay disputam o primeiro lugar do ranking, com cerca de 30% de superfície ocupada, seguem Viognier e Riesling. São produzidos hoje cerca de 10 milhões de hectolitros, levando o Chile ao oitavo lugar do ranking da OIV, pouco acima de outro emergente do vinho de qualidade, a África do Sul.

Tarde ensolarada no vinhedo Max III - Viña Errazuriz - Aconcagua

O Chile é dividido em vales transversais que surgiram ao redor dos rios alimentados pelas águas de degelo da Cordilheira; de Norte a Sul os mais conhecidos são o Vale de Aconcagua, responsável por brancos e tintos refrescantes e gastronômicos, a nos fazer lembrar os vinhos franceses, o Vale de Casablanca, próximo ao Litoral, de clima frio, ideal para brancos e Pinot Noir, seguem os vales que formam a denominação genérica Vale Central, pela ordem, Maipo, Rapel, Curicó e Maule (onde aconteceu o terrível terremoto de 2010), terras de tintos potentes e estruturados, marcados pela fruta exuberante, para concluir os vales de Itata e Bio Bio, localizados na parte mais meridional.


PRODUÇÃO E COMERCIO

A maior parte da produção chilena é concentrada em grandes companhias, que possuem muitos hectares de vinhedos, espalhados entre os vários vales do país; no Chile é normal uma única vinícola produzir desde o vinho mais simples para grande distribuição, a partir de uvas colhidas mecanicamente, até o grande ícone da vitivinicultura de lá, acostumado com avaliações acima dos 90 pontos na critica internacional.

Um exemplo fácil é o da Concha y Toro que, do alto de seus mais de 4.500 hectares de propriedade produz desde o mais simples Reservado, até o Carmin de Peumo, Carmenere, vinho ícone deste varietal e responsável por ter mudado minha concepção a respeito dos vinhos produzidos a partir desta variedade.
Esta maneira de interpretar a vitivinicultura, com ênfase numa escala de produção comercial influenciada pelas corporações, em vez de uma evolução do trabalho do agricultor e pequeno produtor, o artesão do vinho (como aconteceu, por exemplo, na Borgonha ou no Piemonte, para citar exemplos ilustres), tem suas origens na redescoberta do vinho chileno, ocorrida cerca de trinta anos atrás e proporcionada por investimentos estrangeiros, de origem americana (Mondavi, por exemplo), mas também francesa (Chateau Mouton e Lafite possuem vinhedos e contam fortes parcerias com companhias chilenas); estes investimentos se justificam pelo elevado potencial de qualidade do terroir chileno e da necessidade comercial de enfrentar o mercado internacional com vinhos de custo mais acessível quando comparado aos californianos ou franceses.

O lado positivo disso tudo é que atualmente o Chile é reconhecido no mundo como um produtor confiável, com excelente relação qualidade x preço em todas as faixas de mercado e capaz de produzir algum “Top Wine”, de nível internacional, reconhecido pela critica, cuja performance contribui à fama, logo ao desempenho comercial da marca “Chile”. Evidente a vocação para exportação que hoje corresponde a mais de 65% das vendas chilenas, com forte presença no mercado anglo-saxão, onde o principal cliente, a Grã Bretanha, consome 20% do volume de vinho exportado pelo Chile; porcentagem que desce para 15% quando consideramos o valor (pouco mais de US$ 22,00 a cx c/12 gfs, um valor médio – baixo), o mesmo percentual dos Estados Unidos, que preferem vinhos um pouco mais caros, entorno de US$ 30,00 por cx c/12 gfs.

O artigo acima foi publicado na revista italiana "Il Sommelier" na edição de Maio / Junho 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário