quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

CASA VALDUGA PREMIUM SAUVIGNON BLANC 2008

Sempre que degustamos um vinho branco que já tem uma certa idade, precisamos estarmos prontos para esperarmos uma eventual decepção, ou uma grata surpresa, as chances nem sempre estão claramente definidas para uma ou outra opção.

O CASA VALDUGA PREMIUM SAUVIGNON BLANC 2008, é um vinho que já não está mais disponível no comércio, a vinícola retirou do próprio portfólio esse vinho desde o mês de agosto de 2009, a partir daí só comercializaram a safra 2009 e desde 2010 a Casa Valduga, por razões comerciais, abandonou o plantio e a vinificação de Sauvignon Blanc.

Essa premissa me deixa curioso e, de certa forma, livre de eventuais responsabilidades, pois essa avaliação não terá nenhuma repercussão comercial (talvez esse seja um pecado de orgulho, achar que minha avaliação tenha qualquer repercussão).

Então, como diriam os portugueses, vamos a ele, quer dizer, ao vinho; a cor que em origem era de um amarelo bem claro, quem sabe com algum reflexo verde, hoje, depois de mais de três anos, passou para um amarelo dourado intenso (vamos considerar que, se a Casa Valduga ainda plantasse Sauvignon Blanc, estaria colhendo a safra 2011 nesses dias).
Esse vinho passa longe de qualquer influencia da madeira, apenas estagiou um tempo conveniente em aço inox e depois foi ao comercio.

A evolução de um vinho é sempre algo muito interessante, intriga profundamente qualquer enófilo, diria que é uma das principais satisfações que temos ao degustar; assim como todo ser que, depois de uma noite de sono, precisa de um tempo para recuperar toda sua potencialidade intelectual e física, o vinho, depois de um tempo razoavelmente longo, no nosso caso, dentro da garrafa, precisa de um certo tempo para revelar-se.

A revelação dos aromas acontece por assim dizer, em camadas, a princípio é aquele aroma típico do varietal Sauvignon Blanc que alguém, nada engraçado, definiu como xixi de gato, a isso se soma a percepção de alguma nota mineral, de combustão, lembrando gás butano (parafraseando meu amigo Charles do Restaurante Villa Alexandrini) já sintoma de vinho de classe.
Ai parece que a coisa estaciona, porém depois de alguns goles, já quase na metade da garrafa, apareceu um aroma nítido de abacaxi maduro, claro, inegável, tinha ficando escondido até então, além de algumas outras frutas, onde com muito esforço arrisco a identificar melão e talvez mamão.

Na boca o vinho tem uma acidez não elevada, natural conseqüência do longo tempo na garrafa (lembramos que se trata de um Sauvignon Blanc sem madeira, que geralmente consegue longevidade somente em algum terroir extremamente privilegiado, como o Val de Loire na França, a Nova Zelândia, ou o Friuli, e geralmente por um preço muito mais elevado que o nosso), onde o vinho se torna macio e termina com um final de boca não muito longo que lembra mel.


Para voltarmos as considerações iniciais, nesse caso o nosso Sauvignon Blanc foi uma grata surpresa, valeu a pena esperar esse tempo, ainda mais por se tratar de um varietal que, em várias oportunidades, demonstrou não suportar o envelhecimento e ceder rapidamente a oxidação, coisa que não encontramos nem de longe nesse Casa Valduga, um vinho que é vendido em restaurante em torno de R$ 45,00.
Para acompanhar eu achei interessante uma pizza, da qual não posso falar, já que sou eu que a faço, posso porém dizer que meus meninos adoram.     

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