sexta-feira, 22 de abril de 2011

Pode um vinho ser...gordo?

Por incrível que possa parecer, sim, um vinho pode ser "gordo", ou melhor, pode ser chamado assim, na dificílima tarefa de traduzir em palavras as sensações que provamos ao degustar um vinho.

Precisamos deixar claro, para a tranqüilidade dos adeptos a cozinha "Light", que o termo "gordo" nada tem a ver com calorias ou teor de lipídios do vinho; para explicar melhor, de forma acadêmica, esse aspecto da degustação, vamos ver o que nos diz o famoso enólogo Émile Peynaud, em seu livro O GOSTO DO VINHO:
O adjetivo GORDO significa "que é da natureza da carne gordurosa", mas neste caso os lipídios não estão em questão. Um vinho gordo enche bem a boca, tem volume, é ao mesmo tempo encorpado e macio; diz-se ainda que é "carnudo". É uma qualidade rara, necessária para constituir um grande vinho. É resultado de uma boa maturação das uvas, responsável pela impressaõ que o vinho dá.

Podemos acrescentar que um vinho que se define como gordo apresenta um teor alcoólico bastante elevado, obtido por uma maturação completa de uva de excelente qualidade, onde o vinho que resulta "mascara" o elevado teor alcoólico, com camadas de fruta que o tornam mais saboroso e fácil de gostar.

É bastante comum encontrar vinhos com essas características entre os bons argentinos de Malbec e chilenos de Carmenere, Cabernet Sauvignon e Shiraz, pois o terroir desses países oferece condições ideais de maturação para desenvolver vinhos assim, que são particularmente apreciado mesmo fora da mesa de refeição.

Em contraposição aos vinhos produzido com a super-maturação das uvas, temos os vinhos que se destacam pela percepção maior de acidez, chamados "gastronômicos", com menor teor alcoólico e que acompanham melhor as refeições, nessa categoria conseguimos encaixar muitos vinhos do Velho Mundo, de regiões como Piemonte, Bairrada, Dão, Friuli, Alto Adige e os tintos da Serra Gaúcha.

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