quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O TERROIR

Entre os vários conceitos com que nos deparamos ao falar de vinho, talvez o mais hermético seja o de Terroir, uma palavra francesa de quase impossível tradução, algo como tentar traduzir Saudade, por exemplo.
Antes de tentar traduzir, é melhor decifrarmos esse conceito que é de fundamental importância seja na apreciação seja na análise sensorial profissional de um vinho.
Basicamente o Terroir é um espaço geográfico delimitado onde uma comunidade construiu, no curso da historia, uma relação com o território e um saber coletivo de produção.
Explicamos melhor,  é um conjunto de fatores como solo, clima, cepas originárias daquela região, conhecimento de gerações de produtores, técnicas agronômicas e enológicas que, através de um processo evolutivo ao longo do tempo, torna o produto daquela terra único e irreproduzível.
A maioria dos produtores do mundo hoje vinifica a partir das chamadas variedades internacionais, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Pinot Noir, Syrah e Malbec para os tintos e Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling, Semillon, Gewurztraminer e Chenin Blanc para os brancos.
Essas variedades são plantadas com excelentes resultados, ao redor do globo, porém graças a mística do Terroir em cada região o vinho que elas produzem é peculiar e as diferenças são claramente perceptíveis mesmo para quem não é nenhum expert.
No passado recente a questão do Terroir foi inclusive fonte de discórdia, os produtores do Novo Mundo, sobretudo Australianos e Californianos consideravam o conceito de Terroir como uma jogada de marketing dos produtores do Velho Mundo, ao qual eles opunham uma linha de trabalho baseada na exploração das características de cada variedade, negando, ou pelo menos colocando em plano inferior, a influência do solo no vinho.
Mais recentemente essa discórdia caiu, ao que parece os Australianos e os Californianos descobriram a riqueza do Terroir deles e resolveram dar a polemica por encerrada.
Está aí a grande riqueza que o vinho tem a nos oferecer, mesmo que a gente conheça, por exemplo, o Cabernet Sauvignon produzido no Chile, será, acreditem e provem, bem diferente de um Bordeaux do Medoc, na França, onde a Cabernet Sauvignon predomina, pois as diferenças entre esses dois vinhos serão determinadas justamente pelo Terroir de cada um.
Sejamos pois bebedores de vinhos, não de uvas.

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