terça-feira, 25 de janeiro de 2011

TENDÊNCIA DO VINHO ITALIANO - GUIA "I VINI D'ITALIA 2011"

Recentemente, em Bordeaux, ao famoso enólogo Michel Rolland, foi perguntado qual seria o destino do vinho, ele respondeu, parecido com a Coca-Cola, em tom provocatório, considerando o lugar em que se encontrava.
Os grandes vinhos podem ser produzidos em qualquer lugar do mundo, esta é sua tese e, como o famoso refrigerante adapta suas nuances aromáticas às exigências de mercado, assim será para o vinho, se os indianos gostam de vinho com gosto de curry, nós assim o faremos.

Nada poderia ser mais longe do pensamento da moderna enologia italiana, segundo informa o Guia “I Vini d’Italia 2011” da revista “L’Espresso”; hoje o trabalho das vinícolas é inspirado na busca de uma produção estritamente identificada com o território e sua tipicidade.
Para começar vinhos menos concentrados, menos musculosos respeito ao passado recente,  quando o trend era fazer vinhos mais fáceis e macios, lançando mão do uso, e abuso, em algum caso, da madeira e das notas frutadas.

Hoje o foco está no vinhedo e na obsessiva busca da tipicidade do solo e da vinificação das variedades autóctone, sem aportar mudanças na vinícola, com o enólogo no papel de acompanhante oficial e não mais como ator protagonista do vinho.  
Isso é muito positivo, significa a volta a uma produção coerente com o território, além de tornar inimitável e característico o vinho de cada região; mesmo assim de olho na qualidade, pois um Cabernet bem feito, estilo internacional é preferível a um autóctone de baixa qualidade.

Segundo o guia a região TOP da enologia de qualidade é o Piemonte, segue a Toscana, o Alto Adige confirma a tendência ao melhoramento dos últimos anos, mas quem surpreende é a Sardegna, onde é produzido o único vinho de 20/20 do guia, pontuação que os degustadores conferiram pela emoção e não somente pela perfeição; trata-se da MALVASIA DI BOSA 2006, vinho branco produzido pelo Sr. Battista Columbu, que do alto de seus noventa anos de idade, é uma bandeira da resistência contra a padronização industrial e marqueteira do vinho; este produtor já é conhecido dos enófilos do mundo todo, pois aparece mostrando seus vinhedos e contando sua paixão pelo vinho no filme “Mondovino” de Jonathan Nosser.

O vinho soberano da Italia é ainda o Barolo, que com os outros grandes, Amarone, Barbaresco, Brunello, Chianti Classico e Taurasi, confirma o próprio valor, muito interessantes os vinhos do Etna, algum tinto leve e frizante da região da Emilia Romagna, mas também Aglianico Del Vulture, tintos da Valtellina e o Sagrantino di Montefalco.
Afirmam-se vinhos jovens, frescos e leves; até o vinho italiano sofre as conseqüências das mudanças climáticas, vinhos tintos se destacam em regiões, como a Val d’Aosta, terra de brancos, onde anos atrás não conseguiam amadurecer.
Até Alto Adige e Valtellina, regiões montanhosas e frias, alcançaram pontuações nunca antes alcançadas pelos seus tintos.
Em suma os vinhos que em breve chegarão ao Brasil, importados da Itália, prometem muita tipicidade e a palavra que será recorrente nas degustações já foi revelada, os vinhos italianos primarão por sua mineralidade.
(fonte de pesquisa: I Vini d’Italia 2011 – L’Espresso)

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