sábado, 20 de agosto de 2011

DEGUSTANDO COM O ENÓLOGO - JOÃO VALDUGA


Uma outra etapa na visita de João Valduga em Fortaleza, promovida e organizada por esse blog, aconteceu na degustação no EMPÓRIO DELITALIA, na noite de terça feira 16 de Agosto.

Após uma tarde gratificante, porem exaustiva, debatendo temas ligados ao vinho e a enogastronomia, no SENAC, diante de mais de 90 pessoas, João Valduga comandou uma degustação de alguns de seus vinhos de alta gama, para um publico seleto de convidados.
O jeitão alegre e brincalhão de João deixou as 50 pessoas presentes bem a vontade, para degustar os 4 vinhos da noite.

Começamos com o Espumante 130 Brut, um champenoise ícone dos espumantes nacionais, existe alguma controvérsia, entre os que dizem que o Cave Geisse é melhor que o 130, e os que afirmam o contrário, acho que, de todo modo, trata-se de dois excelentes espumantes, com relação custo-beneficio muito atrativa, que contribuem em modo exemplar a colocar os espumantes brasileiros entre os melhores do mundo.
O 130 da noite, de todo modo foi perfeito, os 36 meses de refermentação em garrafa deixam o perlage fino e muito persistente, notas cítricas com brioche e casca de pão, boa acidez e cremosidade de grande qualidade, um espumante muito bom.


Depois foi a vez do Gran Reserva Chardonnay safra 2010, um branco que estagia 6 meses em barricas novas de carvalho da Romênia, um vinho gastronômico; nesta safra de 2010 apresenta uma acidez bastante interessante, as notas de chocolate branco, típicas desse carvalho, estão bem integradas e o fruto é vivo e firme, boa acidez na boca.
Quem conhece esse vinho sabe que vai evoluir para notas mais amanteigadas e a acidez vai deixar espaço para uma untuosidade e uma boa maciez, nos próximos meses.

O terceiro vinho foi o mais interessante da noite, a meu ver, o Identidade Arinarnoa, resultado de um cruzamento entre a Merlot e a Petit Verdot (é um cruzamento de botânica, ou seja se trata de um varietal), clone de origem francesa, plantado pela Casa Valduga na Serra do Sudeste, município de Encruzilhada do Sul.
É o tipo de vinho que não deixa ninguém indiferente, gera sentimentos contrastantes, do tipo amor ou ódio; de cor vermelho rubi fechado, tem um ataque ao nariz bastante vegetal, mas com muita fruta madura, notas terciarias de chocolate e leve tostado, intrigante e muito peculiar, na boca é vinho encorpado, os taninos são firmes, a pedir comida e a persistência é de vinho longo.

Fui abordado por varias pessoas para comentar a repeito desse vinho, e as opiniões eram as mais disparadas, de quem tinha adorado e de quem simplesmente não conseguiu terminar o que estava na taça, vale dizer que isso é o que se espera de um vinho, exatamente algo que tenha a capacidade de estimular nossa curiosidade, em um mundo vínico de produtos muito parecidos entre si, padronizados, ou parkerizados, eis ai um vinho totalmente diferente, capaz de suscitar o aplauso de uns e a censura de outros, mas sem cair na mesmice de ser mais um igual a muitos, particularmente gostei, embora não recomende para quem tem predileção por vinhos sedosos, frutados e de baixa acidez, para gostar do Arinarnoa, precisa gostar de tanino e acompanhar com uma boa carne, talvez um guisado, aí ele vai ser grande.

O ultimo vinho da noite foi o Gran Reserva Cabernet Sauvignon, safra 2007, um vinho muito bem feito, de nariz equilibrado, com toques vegetais amaciados por camadas de fruta madura, a barrica (francesa de 1º uso) onde esse vinho estagia ao longo de 12 meses, fica muito bem integrada e nada invasiva, enriquece o bouquet do vinho.
Trata-se de um vinho bom, mas que não atiça a nossa curiosidade quanto o Identidade Arinarnoa, cujo preço inclusive não é muito caro, custa em torno de R$ 55,00, vale a pena conhecer, agora...cuidado, corre o risco de não gostar, ou de se apaixonar.


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