quarta-feira, 1 de junho de 2011

CUSPIR OU NÃO CUSPIR?

Quando acontecem eventos onde se degustam quantidades "industriais" de vinho, sempre surge uma dúvida com relação ao momento da degustação, devemos cuspir o vinho ou não?
Na verdade em todos os estandes, em todas as mesas, o objeto que fica em segundo plano, logo após as garrafas e as taças é o horrível balde para cuspir o vinho, feio de se ver, nojento de se usar, e de ver os outros usando, sem contar que lá pelo fim do dia fica cheio do que todo mundo tem cuspido ali.

Mas a dúvida a ser esclarecida é: devemos o não cuspir o vinho depois de degustar? Aqui é que a coisa fica complicada; deixando de lado minha opinião pessoal, que tomo a liberdade de comunicar apenas no fim do post, existem duas distintas correntes de pensamento para auxiliar-nos nessa hora fatídica.
De um lado a comunidade dos "não cuspidores", contam com um reforço de peso, o sommelier italiano campeão do mundo, Luca Gardini, que NUNCA foi visto cuspir numa degustação, diz "O vinho não é um antisséptico bucal, para avaliá-lo corretamente precisa engolir, para apreciar as sensações retro-olfativas, (aroma de boca) um pequeno gole vamos ter que beber sim" (sacrifício?).

Por outro lado muitos outros degustadores experientes, embora não defendam o uso sistemático da cuspideira (que horror), chegam a admití-lo sobretudo quando a seqüencia de vinhos a serem degustados são muitos, mais de 50.

Para dar um depoimento de cunho acadêmico quero citar aqui o livro que eu considero a (ou uma das) Bíblia do degustador, a obra "O GOSTO DO VINHO", de Emile Peynaud e Jaques Blouin , que reza assim..."Geralmentye o degustador, ao longo dos exercícios profissionais, cospe o mais completamente possível o trago de vinho. Não é que a degustação seja melhor quando o vinho é expelido, ao contrário, aliás. Mas, evidentemente, seria impossível para o provador beber sem prejuízo, alguns tragos dos dez ou trinta vinhos que freqüentemente ele degusta numa mesma sessão. O apreciador, quando prova um número restrito de amostras, não tem a mesma obrigação de prudência, é claro. É normal que ele engula ao saborear, pelo menos os vinhos de que gosta".

Para concluir cito o pensamento de outro importante sommelier italiano, Alessandro Scorzone, sommelier e maestro de cerimônia de Palazzo Chigi (sede do governo italiano, em Roma), "um bom degustador não deveria nunca cuspir, profissionalmente buscamos a elegância no serviço e depois vamos a cuspir de forma deselegante?? (ou alguém conhece formas elegantes de fazer isso?), basta um pequeno gole, não vai afetar e, se alguém que escolheu essa profissão não consegue aguentar uns poucos goles de vinho bem...é melhor que mude de emprego".


Agora, como prometido, vou dar a minha opinião sobre o assunto, para mim existe apenas um motivo pelo qual cuspir um vinho, quando ele não é bom.

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