segunda-feira, 25 de julho de 2011

DEGUSTAÇÃO AUSTRÁLIA x CHILE

A WINE SPECTATOR, mantém em seu site uma programação de cursos on-line de iniciação a degustação e ao mundo dos vinhos que é muito interessante, o aluno estuda as matérias de acordo com as dicas do site da revista, periodicamente faz testes avaliativos, dessa forma subindo de nível em nível, gradativamente.
De vez em quando, e não podia ser diferente, a revista estabelece uma degustação de determinados vinhos sugeridos por ela (a procedência e o estilo, não a marca), com a relativa ficha especifica a ser preenchida, segundo um roteiro de aprendizagem que é a cara da revista,. privilegiando o Novo Mundo, como não podia deixar de ser. Lembramos que a Wine Spectator é aquela revista que em sua lista dos 100 melhores vinhos do mundo, classifica mais de trinta Californianos!
Um amigo está seguindo essa rotina e formou um grupo de estudo, no qual me incluo, que se reúne de vez em quando para degustar os vinhos de acordo com as indicações da revista.
Na Terça Feira passada foi dia de reunião, presentes George, o "aluno" da WS, seu irmão Eduardo, Carlos e eu, para degustar e palpitar a respeito de três bons vinhos comerciais, nada de medalhões, vinhos honestos e bem abaixo dos R$ 100,00 (os vinhos foram adquiridos no Empório Delitalia, em Fortaleza e a degustação foi realizada lá mesmo, na área da pizzaria).
O primeiro foi um representante da Austrália, um Pinot Noir Bin 99 safra 2009, da Lindeman's, seguido pelo também australiano Diamod Shiraz 2008 da Rosemount Winery e, para finalizar o Gran Reserva Tarapacá Cabernet Sauvignon 2007, do Vale del Maipo - Chile.
O Pinot Noir apresentou de cara a coloração típica, clara, com reflexos levemente granada (a luz era péssima, a avaliação da tonalidade foi feita por comparação entre os três vinhos, por isso é um tanto quanto aproximada), regular, sem defeito.
O aroma de média intensidade (para conseguir forte intensidade de aroma com a Pinot Noir, fora da Cote d'Or, é difícil), frutas vermelhas, cereja, floral, nítido, limpo e característico do varietal, sem toques terciários, o vinho não passa por madeira, de boa qualidade mas, se me permitem, um pouco avarento em personalidade, muito certinho, bem feitinho, de boa tipicidade, mas não empolga.
Na boca boa acidez, taninos leves, de médio corpo, sabor intenso, sem muita complexidade mas bem equilibrado, o álcool não se sobressai, de boa persistência, com aroma de boca a confirmar o varietal e as impressões que tivemos no nariz, um vinho bom, bem equilibrado, não empolgante mas correto e franco.
O Shiraz tinha a missão de defender uma casta que na Austrália produz excelentes vinhos, vamos ver como se saiu.
No visual foi impecável, limpo, de cor rubi bastante intensa, com lágrimas abundantes.
No aroma foi bem menos interessante, estava muito apagado, de intensidade abaixo do esperado, os toques de frutas pretas, ameixa e pimenta estavam apenas perceptíveis, a madeira presente não se sobressaia, mas também não acrescentava a complexidade esperada, ficaram comprometida a nitidez dos aromas e, consequentemente, a harmonia do vinho, nariz decepcionante.
Na boca a história mudou, acidez boa, não agressiva (vinho de clima quente), taninos presentes, macios pelos 10 meses de barrica, vinho de bom corpo, com aroma de boca que remeteu ao estagio em madeira, de tostado e algo de chocolate, toda a complexidade que tinha sido negada ao olfato, apareceu por via retro-nasal, um vinho longo, de boa qualidade, apenas não conseguiu melhor desempenho por causa do aroma apagado demais, uma pena, tinha tudo para ser o melhor da noite.
O último vinho degustado foi um exemplar típico da enologia chilena, da "escola" chilena diria.
O Tarapacá Gran Reserva Cabernet Sauvignon, apresentou cor limpa, intensa e fechada, apesar de ser 2007, tonalidade rubi reflexos granada, lágrimas abundantes.
No nariz a intensidade era impressionante, muito superior a dos demais, a nitidez boa, aromas claramente perceptíveis de frutas vermelhas, toque de pimentão, terra e couro, acompanhado de notas de chocolate e...tostado, madeira, muita madeira, uma serraria inteira.
Na boca não muito ácido, de corpo pleno e taninos marcantes, mas aqui ficou evidente o excesso de madeira, o tostado, a baunilha, o mentolado da barrica americana estavam um pouco excessivos, final de boca longo e bastante complexo; um exemplar como manda a velha "escola" chilena, quem gosta desse tipo de vinho, onde a madeira se sobressai com veemência, com certeza vai adorar, mas, para uma avaliação mais crítica, o vinho perde harmonia em seu conjunto e isso o torna levemente desequilibrado.

Na avaliação geral, pela média dos 4 degustadores, ficou assim:


1º Pinot Noir Bin 99 da Lindeman's


2º Diamond Shiraz da Rosemount Winery


3º Tarapacá Gran Reserva Cabernet Sauvignon 

O Shiraz e o Cabernet Sauvignon ficaram quase empatados, na verdade resolvemos apenas premiar o "defeito" de nariz do australiano e penalizar o "excesso" de madeira do chileno, por considerar um defeito menos invasivo que o outro, possivelmente outros avaliadores possam analisar de forma diferente.

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